A Assembléia Nacional da Venezuela reconheceu oficialmente os dois grandes grupos guerrilheiros de esquerda da vizinha Colômbia, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), como organizações políticas, tirando-lhes a tarja de terroristas.
O projeto aprovado repudia "as listas unilaterais impostas pelo governo dos Estados Unidos" que qualificam como "terroristas" esses grupos colombianos que seriam "movimentos de libertação não-subordinados à dominação".
Para o parlamento venezuelano, amplamente dominado por partidários do presidente Hugo Chávez, a medida é positiva para as negociações de paz na Colômbia. Na realidade, aprofunda o fosso entre os dois governos.
Cada vez mais, Chávez parece mais próximo dos rebeldes, com quem tem um canal de comunicação direta, do que com o governo Álvaro Uribe, com o qual está formalmente rompido.
Na quinta-feira, 17 de janeiro, horas depois de Chávez dizer que fazem planos em Bogotá para assassiná-lo, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela atacou: "O governo colombiano não está comprometido com a paz e, sim, com a obsessão de derrotar a guerrilha militarmente".
Uma semana antes, no dia seguinte à libertação das reféns Clara Rojas e Consuelo González, Chávez declarou que as FARC não são terroristas mas, sim, "um grupo rebelde com um projeto bolivarista".
A reação colombiana foi dura, tanto do governo como da oposição e até da própria Igreja. O ex-presidente Andrés Pastrana, que foi refém, lamentou a declaração afirmando ter passado todo o seu governo tentando convencer a União Européia de que as FARC não eram Robin Hood.
Uribe foi direto: “As FARC são terroristas porque seqüestram”. Se soltarem as centenas de reféns seqüestrados e negociarem a paz, deixam de ser terroristas.
Um dos problemas é o terrorismo de direita, dos grupos paramilitares acobertados pelo governo. Mais de mil militantes da União Patriótica, criada para abrigar ex-guerrilheiros que abandonaram as armas, foram assassinados nos anos 80 e 90.
O bolivarismo é a peça central da ideologia chavista. Baseia-na nas idéias de Simón Bolívar, libertador de cinco países da América do Sul (Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia).
Bolívar era a favor da integração hispano-americana para contrabalançar o poderio dos Estados Unidos, que na verdade admirava. O bolivarismo de Chávez é antes de mais nada uma aliança antiamericana.
Além do nacionalismo, o bolivarismo de Chávez defende uma integração latino-americana nos seus termos. Ou seja: tem um projeto para toda a região. Este projeto começa na Colômbia. Bolívar era a favor da Grã-Colômbia, recriando o Vice-Reino de Nova Granada do tempo da dominação espanhola.
O primeiro passo seria então recriar a Grã-Colômbia. Quando Chávez apóia grupos rebeldes com a visível intenção de que cheguem pelo menos a dividir o poder em Bogotá, está advogando em causa própria, projetando seu sonho imperial pelo país vizinho, suspeito de suas reais intenções.
Diplomaticamente, Uribe está sob grande pressão internacional para negociar a paz. Com sua evidente intenção de tirar proveito político disso, fincando a bandeira de seu movimento no país vizinho, Chávez interfere mais uma vez nos assuntos internos de outro país.
Texto altamente tendencioso, você escreve pra VEJA também?
ResponderExcluirAh sim, está na globo desde a época da ditadura né?
Tá explicado.
Se você usar argumentos, a gente pode discutir.
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