terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Ministra do Comércio Exterior da França defende globalização mais humana e energia nuclear

RIO DE JANEIRO - É preciso colocar a globalização a serviço do homem envolvendo todos os atores responsáveis, criando um comércio mais justo e um modelo de desenvolvimento sustentável, afirmou ontem a ministra do Comércio Exterior da França, Cristine Lagarde, em palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Durante sua visita ao Brasil, que também incluiu Brasília e São Paulo, ela defendeu o uso da energia nuclear para gerar eletricidade como forma de reduzir a emissão dos gases que provocam o aquecimento da Terra. A França é o país que mais usa energia nuclear percentualmente, e uma empresa estava na delegação da ministra. Cristine Lagarde visitou as obras da usina Angra 3 e lamentou que os componentes estão jogados, sem utilização.

Ela não está otimista quanto às negociações de liberalização comercial da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio, retomadas depois do Fórum Econômico Mundial de Davos. O Brasil e outros países em desenvolvimento, reunidos no Grupo dos Vinte (G-20) exigem a eliminação dos subsídios agrícolas dos países ricos, e a França é um dos países mais protecionistas do mundo.

No momento, nenhuma das partes está disposta a fazer concessões que viabilizem um acordo. A Rodada Doha, lançada em novembro de 2001 no Catar, pode se arrastar por anos, como sua antecessora, a Rodada Uruguai, que levou sete anos.

A ministra não quis se arriscar a prever quantos anos serão necessários. Fugiu da pergunta, alegando que há questões técnicas a resolver.

Mas seu tema no Rio era uma globalização mais humana. Quando se toca na questão do humanismo, no discurso, os franceses são generosos, solidários e defensores dos países pobres. Mas há uma enorme distância entre discurso e prática.

Cristine Lagarde reconheceu que "a mundialização é ambivalente: mais de 350 milhões de pessoas saíram da pobreza mas há efeitos negativos. Mais da metade dos franceses acha que ela é negativa. A mundialização é ambivalente, complexa e mal aceita. Há um desenvolvimento incompleto dos mecanismos de governança global".

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