quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Coréia do Norte trava última batalha da Guerra Fria

A Coréia do Norte aumentou as apostas em sua chantagem atômica, ameaçando explodir uma bomba nuclear experimentalmente na terça-feira, 3 de outubro. Pode ser apenas mais um blefe do regime comunista de Pionguiangue, talvez a última ditadura stalinista do planeta, um resquício da Guerra Fria. Mas a sociedade internacional leva cada vez mais a sério a ameaça.

Os Estados Unidos reagiram com dureza, considerando um teste “uma provocação irresponsável” e “uma ameaça à paz e à segurança internacionais”. No Japão, o novo primeiro-ministro, Shinzo Abe, defendeu a adoção de medidas duras contra a Coréia do Norte, se o teste nuclear for mesmo realizado. A Coréia do Sul fez um apelo para que o teste não seja realizado.

Já a China pediu calma. A China e a França se opõem à imposição imediata de sanções pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, alegando que seriam contraproducentes. Alguns observadores sugeriram que o próximo secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, ministro do Exterior sul-coreano vá a Pionguiangue para desarmar a crise.

Afinal, a Coréia do Sul arcaria com os maiores prejuízos em caso de guerra. Sua capital, Seul, fica perto da fronteira e poderia ser arrasada pelas forças convencionais norte-coreanas, sem a necessidade de armas atômicas. Seu extraordinário desenvolvimento econômico sofreria o golpe.

Se a guerra levasse ao colapso do regime comunista do Norte, o Sul teria que bancar a reunificação acelerada com um país cheio de problemas, a começar pela fome.

Tendo em vista o que aconteceu na reunificação da Alemanha, em que a Alemanha Ocidental era muito maior do que a Oriental, os sul-coreanos não têm pressa. Preferem que a Coréia do Norte passe por reformas econômicas no estilo chinês para se recuperar um pouco antes da reunificação, hoje considera inevitável.

Em julho, a Coréia do Norte fez uma série de testes com sete mísseis, inclusive de longo alcance. Estes não funcionaram mas deixaram a ameaça no ar.

Shinzo Abe quer mudar o Artigo 9 da Constituição do país, imposta em 1947, durante a ocupação americana, depois da Segunda Guerra Mundial, que declara que o Japão é um país pacífico, proibindo-o de realizar operações militares ofensivas e de ter armas nucleares.

Um teste nuclear da Coréia do Norte, que já testou um míssil de médio alcance fazendo-o sobrevoar o Japão, pode levar o Japão a mudar sua política de defesa. Com seu desenvolvimento tecnológico, em menos de um ano o Japão – único país que sofreu ataques atômicos, em Hiroxima e Nagasaque, no fim da Segunda Guerra Mundial – teria sua bomba. Isto inquieta a China e os EUA.

A bomba norte-coreana alteraria o equilíbrio de forças no Leste da Ásia. O regime stalinista de Pionguiangue já declarou anteriormente ter a bomba atômica. Mas no mundo real um país entra para o clube atômico quando detona uma bomba.

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