sábado, 3 de junho de 2006

Russo compra correspondência de Voltaire e Catarina, a Grande

Um milionário russo não-identificado arrematou por US$ 740 mil dólares num leilão da Sotheby's, em Paris, a correspondência entre o filósofo francês Jean-Baptiste Voltaire e a imperatriz Catarina II, a Grande, que governou a Rússia de 1762 a 1796. As 26 cartas atingiram o dobro do preço esperado por causa de uma feroz disputa entre um empresário russo que vive nos Estados Unidos e o misterioso comprador, que teria pago tanto "pelo bem do país".

Sua extravagância está sendo comparada à do oligarca Viktor Vekselberg, que em 2004 pagou o equivalente a mais de US$ 110 milhões por uma coleção de ovos Fabergé para levar de volta para a Rússia este tesouro considerado uma herança cultural do país.

"Ovos, cartas, qual é a próxima compra?", perguntou o jornal Nezavisimaya Gazeta, comentando a tendência de repatriar as jóias da cultura nacional. O jornal sugere que o Kremlin pode ter incentivado a compra mas não diz se foi com dinheiro público ou privado.

Quem fez o negócio foi o marchand russo Alexander Kochinsky. Ele disse que o fez pela Rússia mas não por nenhum oligarca, palavra usada para designar os novos milionários que surgiram no país depois do fim do comunismo, muitas vezes acusados de práticas mafiosas e de sonegação de impostos.

As 26 cartas eram de propriedade da família Rothschild e são um quarto da correspondência entre Voltaire e Catarina, a Grande. Nunca foram publicadas e qualquer grande museu do mundo se interessaria por elas. O resto da correspondência entre o filósofo e a imperatriz está no Arquivo Público da Rússia, em Moscou, e na Biblioteca Nacional da França, em Paris.

Nas cartas, escritas entre 1768 e 1777, Voltaire às vezes assina como o "grande eremita" ou simplesmente V. Elas discutem a política externa de Catarina, a Grande, com destaque para a divisão da Polônia e a primeira guerra da Rússia contra o Império Otomano (turco), de 1768-74. O filósofo revela seu sarcasmo ao descrever o imperador otomano Mustafá III como "gordo e ignorante".

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