domingo, 6 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 6 de Outubro

 PAPA JULGADO APÓS A MORTE

    Em 891, Formoso é eleito papa. Ele seria julgado depois da morte no Sínodo do Cadáver, um dos atos mais bizarros da história da Igreja Católica.

O papa Nicolau I (858-867) o nomeia bispo e cardeal em 864 e o manda converter a Bulgária. Os papas Adriano II (867-872) e João VIII (872-882) o enviam em missões na França, mas Formoso cai em desgraça em 876, provavelmente por causa de um desentendimento em torno da coroação de Carlos II, do Sacro Império Romano-Germânico.

Formoso é reabilitado pelo papa Marinho I (882-884). Nos pontificados de Adriano III (884-885) e Estêvão V (885-891), a influência de Formoso cresce e é eleito sucessor. Para se livrar dos co-imperadores romano-germânicos Guido II de Spoleto e seu filho Lamberto II, Formoso convida Arnulfo da Caríntia, rei dos francos orientais, para invadir Roma.

Em 896, Formoso coroa Arnulfo como imperador do Sacro Império, mas ele tem uma paralisia quando se preparava para atacar Spoleto e volta para a Alemanha. Formoso morre em 4 de abril de 896 deixando o conflito em aberto.

Nove meses após sua morte, o cadáver de Formoso é exumado da cripta papal para ser colocado num trono e julgado no chamado Sínodo do Cadáver, convocado pelo papa Estêvão VI (896-897), com um diácono fazendo sua voz. 

Formoso é condenado por violar a lei canônica ao ser papa (bispo de Roma) já sendo bispo de Porto e perjúrio (mentir sob juramento). entre outros crimes contra a lei da Igreja. Sua eleição para papa é anulada e todos os seus atos como sumo pontífice são revogados. Seu corpo é enterrado e depois jogado no Rio Tibre.

O processo forjado causa uma revolta popular. Estêvão VI é preso e estrangulado, O papa Teodoro II (897), em seu pontificado de apenas 20 dias, restaura todas as ordenações de Formoso. E o papa João IX (898-900) condena o Sínodo do Cadáver e anula todas as suas atos.

MÁRTIRES DE ARAD

    Em 1849, a Áustria executa 13 generais (cinco húngaros, quatro alemães, dois armênios, um sérvio e um croata), os Mártires de Arad, por sua ação na Revolução Húngara (1848-49) contra o império dos Habsburgo, que domina a Hungria desde 1526. Cinco são fuzilados e oito morrem na forca.

Sob a inspiração da Revolução de 1848 na França e do nacionalismo húngaro, em 15 de março daquele ano, uma revolta popular pacífica liderada por poetas e intelectuais defende a independência da Hungria do governo imperial de Viena. Eles abolem a censura em Peste e fazem várias exigências.

Sob a liderança de Lajos Kossuth, líder da oposição nacionalista, o Parlamento aprova as Leis de Março, também chamadas de Leis de Abril, com medidas importantes como a generalização da cobrança de impostos, uma reforma agrária, a reformulação da câmara baixa do Parlamento em bases representativas e a restauração da integridade territorial da Hungria.

É o terceiro país da Europa a adotar eleições democráticas para o Parlamento, depois da França (1791) e da Bélgica (1831)

Mas o novo governo tem inimigos: conservadores contrários à reforma agrária, a elite educada em Viena favorável ao império e sérvios, romênios e croatas que não reconhecem a autoridade de Buda e Peste.

Em setembro de 1848, as forças leais a Viena invadem a Hungria, mas um exército improvisado consegue expulsar o invasor. Quando o imperador Francisco José ascende ao trono da Áustria, em 2 de dezembro 1848, renova a ofensiva para subjugar a Revolução Húngara e pede ajuda ao czar Nicolau I, da Rússia, para finalmente derrotar os nacionalistas.

A execução dos Mártires de Arad (na época parte do Reino da Hungria, hoje parte da Romênia) é um marco da derrota final da guerra pela independência e consolida o domínio do Império Austríaco sobre a Hungria. 

Duas décadas depois, diante da derrota para a Prússia em 1866, sob pressão da aristocracia húngara, surge a monarquia dual, o Império Austro-Húngaro para acomodar os interesses da Hungria. No fim da Primeira Guerra Mundial, os impérios Alemão, Austro-Húngaro, Russo e Otomano são dissolvidos.

ÁUSTRIA-HUNGRIA ANEXA BÓSNIA-HERZEGOVINA

    Em 1908, o Império Austro-Húngaro anuncia a anexação da Bósnia-Herzegovina, que formalmente estava sob o controle do Império Otomano.

Desde o Congresso de Berlim, em 1878, a Áustria-Hungria controla a região. Uma revolta dos Jovens Turcos contra o Império Otomano cria a oportunidade para a Áustria-Hungria reafirmar seu controle sobre a região dos Bálcãs, sob protesto dos sérvios e do movimento pan-eslavista na Europa.

O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, em 28 de junho de 1914, pelo estudante radical sérvio Gavrilo Princip é a causa imediata da Primeira Guerra Mundial (1914-18), que começa um mês depois.

GUERRA DO YOM KIPPUR

    Em 1973, durante o feriado religioso judaico do Dia do Perdão (Yom Kippur), mais de 100 mil soldados do Egito atravessem o Canal de Suez e invadem a Península do Sinai enquanto a Síria ataca em outra frente na maior empreitada militar árabe da era moderna. É o início da Guerra do Yom Kippur, uma tentativa de recuperar os territórios árabes ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias (1967).

Os Estados Unidos fazem então a maior ponte aérea militar da história, a Operação Nickel Grass. Durante 32 dias, entregam 22.325 toneladas de equipamentos, tanques, peças de artilharia, munição e peças de reposição para aviões a Israel diretamente no campo de batalha, a ponto do então ditador do Egito, Anuar Sadat, reclamar que podia enfrentar Israel, mas não os EUA.

A confrontação entre as superpotências quase deflagra uma guerra nuclear. Quando Israel domina o espaço aéreo, cerca e ameaça destruir o 3º Exército do Egito no Sinai, a União Soviética entra em alerta nuclear e ameaça ir à guerra. É o único alerta nuclear da URSS durante a Guerra Fria.

Diante da impotência no campo de batalha, os países árabes, liderados pelo rei Faiçal, da Arábia Saudita, iniciam um embargo à venda de petróleo aos aliados de Israel, provocando a primeira crise do petróleo. Os preços do petróleo bruto quadruplicam. Nos países ocidentais, os motoristas fazem fila em postos de gasolina. Acaba a era dos carrões.

Quatro anos depois, Sadat rompe a aliança com a URSS, aproxima-se dos EUA, visita Israel e negocia a paz nos Acordos de Camp David como única maneira de recuperar o Sinai. Israel aceita porque o Egito tem o maior exército do mundo árabe e há um adágio no Oriente Médio que diz: "Não há guerra sem o Egito nem paz sem a Síria."

Nunca mais os países árabes realizaram um ataque conjunto contra Israel. Sadat e o primeiro-ministro israelense, Menachem Begin, ganham o Prêmio Nobel da Paz, mas o ditador egípcio paga com a vida.

A crise do petróleo acaba com o modelo econômico da ditadura militar brasileira, baseado em energia e mão de obra baratas. É o fim do milagre econômico e a origem da hiperinflação, herança maldita da ditadura militar que só seria debelada pelo Plano Real em 1994.

GANGUE DOS QUATRO PRESA

    Em 1976, depois da morte de Mao Tsé-tung, a Gangue ou Camarilha dos Quatro, da qual sua terceira mulher, Jiang Qing (pronuncia-se Chin), faz parte, cai em desgraça e é presa. É o fim da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76) na China.

Zhang, Wang, Jiang e Yao
Dentro da luta interna pelo poder dentro do regime com líderes como Liu Shaoqi, Deng Xiaoping e Peng Zhen, Mao lança a Revolução Cultural em 16 de maio de 1966. Sob pressão da intervenção militar dos Estados Unidos no vizinho Vietnã e da perseguição e massacre de comunistas na Indonésia, o Grande Timoneiro denuncia a infiltração de elementos burgueses no partido e na sociedade para restaurar o capitalismo.

Mao convoca a juventude a "bombardear os quartéis-generais" porque "se revoltar é justificado". Armados com o Livro Vermelho de Mao, os guardas vermelhos  Eles percorrem o país impondo as ideias do livro. Professores, intelectuais e líderes do partido, inclusive o líder das reformas capitalista, Deng Xiaoping, e o pai do atual ditador, Xi Jinping, são enviados para reeducação pelos camponeses em fazendas coletivas.

Há uma total inversão de valores. Obras de artes plásticas e arquitetura são destruídas como símbolos do período imperial. O trânsito anda no sinal vermelho e pare no sinal verde. Jiang Qing cuida do setor cultural, decide o que os chineses podem ler, ver e ouvir.

Lin Biao, um marechal do Exército Popular de Libertação que comandara a guerra revolucionária no Nordeste da China e a intervenção chinesa na Guerra da Coreia (1950-53), é nomeado vice-presidente e sucessor de Mao. Mas também cai em desgraça, sob a acusação de tramar um golpe fracassado contra Mao e morre numa queda de avião suspeita em 13 de setembro de 1971, quando tenta fugir da China. 

A Revolução Cultural perde o ímpeto. Desde os incidentes de fronteira com a União Soviética, em 1969, quase uma guerra entre as duas grandes potências comunistas, os militares pedem ao partido o fim da anarquia interna. 

O risco de conflito com a URSS leva a uma aproximação com os EUA, com as visitas do assessor de segurança nacional Henry Kissinger e do presidente Richard Nixon à China.

Em 1972, a Gangue dos Quatro ascende ao poder e toma conta dos principais órgãos do partido a um nível que não se sabe se cumprem as ordens de Mao ou agem por conta própria. Alem de Madame Mao, fazem parte Zhang Chunqiao, Yao Wenyuan e Wang Hongwen. Todos se descataram em Xangai no início da Revolução Cultural.

Em 1973, o primeiro-ministro Chu Enlai, que aceitou a Revolução Cultural mas nunca apoiou totalmente, é nomeado vice-presidente do Partido Comunista e reabilita Deng Xiaoping. A morte de Chu provoca o Incidente da Praça da Paz Celestial, dois dias de protestos, em 4 e 5 de abril de 1976, com 2 milhões de uma população que queria honrar um líder respeitado.

O Comitê Central do PC, dominado pela Gangue dos Quatro, considera as manifestações antirrevolucionárias, Sob a alegação de organizar os protestos, o vice-primeiro-ministro Deng é destituído e posto em prisão domiciliar. 

A morte de Mao, em 9 de setembro, é o golpe final na Gangue dos Quatro. No fim do mês, o novo líder, Hua Guofeng, critica o radicalismo dos meios de comunicação uma reunião do Politburo, o Birô Político do Comitê Central. Madame Mao reage indignada e exige ser nomeada presidente do partido.

Em 4 de outubro, o grupo extremista adverte num jornal que qualquer reformista que interfira nos principios estabelecidos [por Mao] "não vai terminar bem". A Gangue dos Quatro conta com um apoio militar que não tem.

Uma reunião de emergência do Politburo é convocada para 6 de outubro no Grande Salão do Povo com presença obrigatória. Quando entram pelas portas giratórias no vestíbulo do prédio, os membros da Gangue dos Quatro são presos um a um. Uma unidade especial vai à casa de Madame Mao para prendê-la.

Naquele noite, os propagandistas da Gangue dos Quatro na mídia e na universidade são presos. Os aliados da gangue em Xangai são convocados para uma reunião em Beijim e são presos. A tentativa de chegar ao poder absoluto chega ao fim. Wang Hongwen resiste e mata dois guardas que tentam prendê-lo.

No julgamento da Gangue dos Quatro, realizado em 1980 e 1981, Jiang Qing e Zhang Chunqiao são condenados à morte. Yao Wenyuan e Wang Hongwen pegam 20 anos de prisão.

Com o partido e a sociedade dilacerados pela Revolução Cultural, Deng percebe que a única ideia capaz de unir o partido e a sociedade é modernização. Ele lança o programa das quatro modernizações: agricultura, defesa, indústria, e ciência e tecnologia. Em discurso em 13 de dezembro de 1978, lança as reformas e a abertura econômica que tornam a China na segunda maior economia e na maior potência industrial do mundo.

ASSASSINATO DE SADAT

    Em 1981, durante uma festividade militar para comemorar o aniversário do início da Guerra do Yom Kippur, extremistas muçulmanos do grupo Jihad Islâmica metralham o palanque das autoridades e matam o ditador do Egito, Anuar Sadat, numa vingança porque ele fez a paz com Israel.

Os terroristas, liderados por Khaled el-Islambouli, tenente do Exército do Egito, param em frente ao palanque, dão tiros e jogam granadas contra o ditador e outras autoridades. Sadat leva quatro tiros e morre duas horas depois. Outras 10 pessoas morrem no atentado.

Em novembro, 25 pessoas vão a julgamento. Todos, inclusive o futuro líder da rede terrorista Al Caeda Ayman al-Zawahiri, admitem com orgulho sua participação. Islambouli e outros quatro são condenados à morte e executados. Os outros pegam diferentes penas de prisão.

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