domingo, 27 de outubro de 2024

Governo do Japão perde maioria absoluta no Parlamento

 Depois de chegar à liderança do Partido Liberal-Democrata (PLD) e à chefia do governo do Japão na quinta tentativa um mês atrás, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba levou o partido que domina a política do país no pós-guerra à pior derrota em 15 anos. O PLD e seu aliado Komeito (Partido do Governo Limpo) perderam neste domingo a maioria na Dieta, a câmara baixa do Parlamento japonês, jogando o país na incerteza. Sua liderança está ameaçada.

De acordo com a televisão estatal NHK, com 41,1% dos votos, o PLD terá 191 deputados e o Komeito , com 5,2%, 24. Assim, a bancada governista fica com 215 cadeiras, 18 a menos do que as 223 necessárias para ter maioria. O Partido Democrático Constitucional do Japão (PDCJ) recebeu 31,8% dos votos e elegeu 148 deputados. Outros partidos tiveram 19,4% e elegeram 92 deputados.

Este resultado reflete o descontentamento da população com décadas de baixo crescimento econômico, combinado nos últimos anos com aumento no custo de vida e a corrupção crônica do sistema político japonês. 

Em dezembro do ano passado, estourou um escândalo. Duas facções do PLD deixaram de declarar 600 milhões de ienes (R$ 22,34 milhões) em contas de campanhas e depositaram o dinheiro em fundos secretos. Isso provocou a queda do primeiro-ministro Fumio Kishida, substituído por Ishiba, que decidiu convocar eleições para se legitimar.

Um parlamento fragmentado vai emperrar as reformas necessárias para resgatar um pouco do dinamismo da economia japonesa, considerada um exemplo para o mundo nos anos 1980, em crise desde 1991.

Para ter maioria, o PLD terá de atrair partidos que até agora não mostraram interesse em se aliar ao governo. O PLD tem um virtual monopólio do poder no Japão. Desde que foi criado, em 1955, numa fusão de governos conservadores, o PLD só deixou de governar o país por dois breves períodos, quando o primeiro-ministro foi o socialista Tomiichi Murayama (1994-96), e de 2009 a 2012, quando o PDCJ esteve no poder com os primeiros-ministros Yukio Hatoyama, Naoto Kan e Yoshihiko Noda, que ainda é o líder do partido e da oposição.

Desde 2012, quando voltou ao poder com Shinzo Abe, o PLD venceu todas as eleições nacionais no Japão. Esta derrota marca o fim da era Abe, morto em 16 de setembro de 2020, num raríssimo assassinato político no país.

Único país do mundo bombardeado até hoje com armas nucleares, o Japão é agora o principal aliado dos Estados Unidos, que ainda tem forças militares no país, no Leste da Ásia, uma peça fundamental na estratégia de Washington para conter a China, que inclui Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Índia e Vietnã. Estes dois últimos mantêm uma posição de independência entre EUA e China.

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