Os países fundadores do Mercado Comum do Sul (Mercosul), Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, decidiram ontem que a Venezuela não vai assumir a presidência rotativa do bloco comercial sem cumprir os compromissos assumidos há quatro anos de adotar todas as regras comuns até 12 de agosto deste ano. A Venezuela tem até 1º de dezembro de 2016 para se adaptar.
Até lá, o Mercosul terá uma presidência colegiada formada por seus membros fundadores. O Uruguai, que havia transferido a presidência à Venezuela no fim de seu mandato, no fim de junho, se absteve. É o único dos fundadores com governo de esquerda hoje.
A oposição à Venezuela não foi apenas por causa das normas técnicas da zona de livre comércio do Mercosul, observou Cloris Rossi hoje na Folha de São Paulo. O Brasil, a Argentina e o Paraguai acusam o regime chavista de desrespeitar a democracia e violar os direitos humanos.
Além de manter presos políticos, o governo Nicolás Maduro tenta bloquear e adiar a convocação de um referendo proposto pela oposição para revogar o mandato do presidente, como prevê a Constituição Bolivarista da Venezuela, que não prevê o julgamento político num processo de impeachment.
Se o referendo for realizado até 10 de janeiro de 2017 e Maduro perder, haverá nova eleição presidencial. Depois desta data, assumiria o vice-presidente, nomeado por Maduro.
Em meio à pior crise econômica de sua história recente, com queda acumulada de 18% do produto interno bruto, desabastecimento generalizado e inflação prevista em 720% neste ano, a Venezuela não vai adotar as regras de abertura comercial de uma zona de livre comércio com pretensões a união aduaneira. Tende a ser cada vez mais marginalizada dentro do Mercosul.
O Mercosul sonha com um acordo de liberalização comercial com a União Europeia que enfrenta forte oposição dos produtores agrícolas europeus. A Venezuela seria um entrave a mais nas negociações.
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