quarta-feira, 1 de julho de 2015

Tsipras promete ceder aos credores mas pede não a eleitores

Horas depois de enviar uma carta aos credores fazendo concessões e pedindo a liberação de 29,1 bilhões de euros nos próximos meses, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, voltou à televisão para pedir ao eleitorado que vote contra o acordo para fortalecer sua posição nas negociações.

A chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, e os ministros das Finanças do Grupo do Euro deixaram claro que não haverá negociações antes do referendo convocado por Tsipras para domingo, 5 de julho de 2015.

Em seu estilo agressivo de líder da Coligação de Esquerda Radical (Syriza), Tsipras denunciou na TV uma "chantagem" contra o eleitorado grego, pressionado a votar sim pelos líderes da União Europeia, de parte de "forças conservadoras extremistas" que teriam forçado o fechamento dos bancos "porque o governo decidiu dar a palavra ao povo".

Para evitar um colapso financeiro, os bancos da Grécia e a Bolsa de Valores de Atenas estão fechados até 7 de julho, depois do resultado do referendo. Os saques estão limitados a 60 euros por dia. Hoje o Banco Central Europeu decidiu manter congelada em 89 bilhões de euros a linha de crédito de emergência para os bancos gregos enfrentarem a corrida bancária. Em algum momento, o dinheiro vai acabar.

"As sereias da destruição estão chantageando vocês a dizerem sim a tudo sem qualquer prospecto de sair da crise", argumentou o primeiro-ministro grego, numa referência ao poema épico Odisseia, de Homero. Só conseguiu enfurecer ainda mais os sócios da Zona do Euro, que rejeitaram todas as propostas da Grécia para resolver a crise de sua dívida pública.

Ao não pagar ontem uma parcela de 1,55 bilhão de euros, a Grécia se tornou o primeiro país desenvolvido a dar calote no Fundo Monetário Internacional, criado depois da Segunda Guerra Mundial para evitar que países em crise não pagassem suas dívidas e reduzissem o comércio internacional.

Tsipras se elegeu em janeiro de 2015 depois de seis anos de crise, sob uma depressão econômica de 25% do produto interno bruto, com 27% de desemprego, prometendo acabar com o rigoroso plano de ajuste fiscal imposto pelos sócios europeus. A ruptura com a Europa será muito pior.

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