quinta-feira, 2 de julho de 2015

Justiça da França anula suspensão de Jean-Marie Le Pen

Na guerra entre pai e filha pela liderança da extrema direita, a Justiça de França anulou hoje a suspensão de Jean-Marie Le Pen. Ele volta a ser presidente de honra da Frente Nacional, partido que fundou e chefiou de 1972 a 2011 até ser substituído pela filha Marine Le Pen, que o afastou.

O Tribunal de Justiça de Nanterre revogou a punição imposta pela cúpula do partido em 4 de maio de 2015. A FN declarou que "a suspensão era provisória", até uma assembleia geral extraordinária do partido a ser realizada daqui a uma semana para suprimir a presidência de honra, e ainda prometeu recorrer.

"Sou presidente de honra perpétuo", afirmou Jean-Marie Le Pen.

Em 21 de abril de 2002, Jean-Marie surpreendeu o mundo ao bater o primeiro-ministro Lionel Jospin no primeiro turno da eleição presidencial francesa. Pela primeira vez, a ultradireita chegava ao segundo, quando o então presidente conservador Jacques Chirac obteve uma ampla vitória, inesperada antes do primeiro turno.

Marine herdou o controle da FN em plena crise econômica da Zona do Euro determinada a torná-la o maior partido da França e conquistar a Presidência da República. Ela obteve 18% dos votos na eleição presidencial de 2012, mas o presidente François Hollande e o então presidente Nicolas Sarkozy foram para o segundo turno.

A FN foi o partido mais votado nas eleições para o Parlamento Europeu em 2015, com 25% dos votos, mas não repetiu o desempenho nas eleições departamentais deste ano. A União por um Movimento Popular (UMP), rebatizada por Sarkozy como Os Republicanos para isolar a FN como antirrepublicana, é o maior partido da França.

Uma das guinadas ideológicas para tornar a ultradireita neofascista aceitável pelo eleitor sem partido foi erradicar o discurso antissemita e a negação do Holocausto, um dos temas preferidos de seu pai, que descreveu as câmaras de gás nazistas como "um detalhe menor da história". Afinal, os alvos de Marine são os imigrantes em geral e os muçulmanos.

Quando Jean-Marie não se conteve, em entrevista a uma revista de extrema direita, foi punido com a suspensão.

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