segunda-feira, 2 de março de 2015

Ex-ministro da Cultura da França compara Estado Islâmico a nazistas

Diante das imagens da destruição de estátuas de grandes civilizações da Antiguidade no Museu de Mossul e nas ruínas de Nínive, no Norte do Iraque, o ex-ministro da Cultura da França Jack Lang, atual presidente do Instituto do Mundo Árabe, declarou que "os métodos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante são iguais aos dos nazistas".

Em entrevista ao jornal francês Le Monde, Jack Lang, um dos expoentes do Partido Socialista, descreveu o Daech (nome árabe do grupo) como obscurantista e totalitário: "Esses fanáticos têm a ambição de instaurar uma ordem ditatorial e totalitária: um só chefe, uma só filosofia. Todo o resto é ímpio, deve ser massacrado, dilapidado, destruído."

É uma guerra contra a civilização, acredita Lang: "Eles estão descartando a humanidade ao adotar uma ideologia de destruição do que é humano. Seus métodos são os mesmos dos nazistas, atacam tanto o pensamento quanto os seres humanos em si mesmos, com seus autos da fé e seus campos de concentração."

A campanha terrorista do EI também lembra a Santa Inquisição, a perseguição dos hereges pela Igreja Católica no fim da Idade Média e início da Idade Moderna, acrescentou o ex-ministro: "Eles se vestem com os ornamentos do Islã, que traem. Isso lembra a Inquisição, quando a fanática rainha Isabel, a Católica, expulsa da Espanha os judeus e muçulmanos que não quiseram se converter. Todo o sinal de religião que não fosse cristã foi destruído."

Na opinião de Jack Lang, a origem deste mal absoluto está na invasão americana para derrubar o ditador Saddam Hussein, em 2003: "Não podemos esquecer que George W. Bush deflagrou a desestabilização do Iraque: a destruição foi seguida pela instalação de um governo intolerante, de uma grande crueldade, que marginalizou os sunitas. Daech é o fruto amargo de George W. Bush e Bachar Assad."

O Estado Islâmico tem a vantagem de ser formado aparentemente por jovens idealistas, em contraste com as burocracias impenetráveis do mundo árabe e do Oriente Médio, a região menos democrática do planeta: "Esta empresa criminosa, totalitária, lucrativa e cínica utiliza o terrorismo como já vimos em diferentes períodos da história - notadamente, sob o regime stalinista - para mostrar na Internet a destruição de obras de arte e divulgar essas imagens mundialmente usando a ciência da comunicação. Este é um fenômeno completamente novo."

A situação é "tão monstruosa" que o ex-ministro da Cultura da França está certo de que a participação dos países árabes na coalizão contra o Estado Islâmico só tende a se ampliar. Afinal, serão as populações locais que terão de se livrar dos terroristas com o apoio do resto do mundo.

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