sexta-feira, 3 de outubro de 2014

China adverte para risco de "caos" em Hong Kong

Em editorial, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista da China, acusou ontem o movimento pela democracia em Hong Kong de "blasfêmia" contra o Estado de Direito e advetiu para o risco de "caos" no território, que tem o status de região autônoma.

O texto, observa no jornal The New York Times o ex-correspondente Chris Buckley, expulso pelo regime comunista chinês no ano passado, manifesta claramente a posição irredutível do governo e do partido, que não admitem fazer qualquer concessão democrática.

Quando venceu o ultimato dado pela Federação dos Estudantes de Hong Kong e seu líder Joshua Wong, de apenas 17 anos, para a renúncia do governador Leung Chun-ying, este anunciou a abertura de um diálogo sobre questões constitucionais. Para os sinólogos, é uma tentativa de ganhar tempo na esperança de que o movimento se esvazie por fadiga.

A Lei Básica, uma espécie de Constituição de Hong Kong, prevê a realização de eleições diretas para governador em 2017. Em agosto, o regime comunista indicou que vetaria os candidatos contrários a seus interesses, deflagrando os protestos, os maiores na China desde o massacre na Praça da Paz Celestial, em Beijim, em junho de 1989.

Para o Diário do Povo, o movimento pela democracia é "ilegal" e está "fomentando um levante", "atacando a tradição do Estado de Direito em Hong Kong, rompendo a ordem social e perturbando a vida da população. Como restaurar a ordem em Hong Kong e trazê-la de volta a um curso normal tornou-se uma grande preocupação para todos."

Sob o argumento de que "democracia e Estado de Direito são inseparáveis", o PC chinês nega legitimidade ao movimento dos estudantes pela democracia, liberdade e direitos individuais. O próximo passo, se os protestos não cederem, pode ser o uso da força.

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