sexta-feira, 6 de abril de 2012

Escândalo derruba Umberto Bossi na Itália

O líder da Liga Norte, Umberto Bossi, que ficou famoso por tentar dividir a Itália para criar um novo país chamado Padânia, pediu demissão ontem por causa de um escândalo de financiamento eleitoral.

Ao lado dos neofascistas, Bossi foi um importante aliado do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, quando o homem mais rico da Itália resolveu entrar na política no vácuo criado pela dissolução da Democracia Cristã sob o peso de uma série de escândalos de corrupção revelados pela Operação Mãos Limpas no início dos anos 90.

"É o fim de uma era. Depois do fim de Berlusconi, agora sai Bossi", observou o cientista político Roberto D'Alimonte, professor da Universidade Luis Guido Carli, em Roma. "É realmente o fim de um ciclo", acrescentou, referindo-se ao período iniciado com o fim da dominação da política italiana pelos democratas-cristãos.

A Liga Norte faz oposição ao governo tecnocrático do primeiro-ministro Mario Monti, encarregado de resolver a crise da dívida pública italiana, uma das maiores do mundo, estimada em 1,9 trilhão de euros ou 120% de toda a riqueza que o país produz num ano.

Uma declaração divulgada pela Liga Norte declara que a demissão de Bossi é "irrevogável". Seu objetivo seria "defender e proteger melhor o movimento e sua família neste momento delicado".

Bossi, de 70 anos, não é acusado diretamente, mas nesta semana o tesoureiro Francesco Belsito e outros funcionários da Liga começaram a ser investigados por fraude e financiamento ilegal do partido. Belsito deixou o cargo na terça-feira diante de acusações de dinheiro do fundo partidário foi usado em benefício da família Bossi.

Com o terremoto político causado pela Operação Mãos Limpas, a Liga Norte, fundada em 1987, é hoje o mais antigo partido da Itália. O movimento nasceu como protesto contra a corrupção, a imigração ilegal e a criminalidade do Sul da Itália. Sua proposta central era tornar o Norte independente.

Depois do colapso da ordem política criada por democratas-cristãos, socialistas e comunistas, no início dos anos 90, a Liga passou a receber apoio e votos da classe operária na região mais rica do país, lembra o jornal The New York Times.

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