A Liga Árabe decidiu hoje suspender a Síria por causa da repressão que matou mais de 4 mil pessoas desde o início da revolta popular contra a ditadura de Bachar Assad, em 15 de março de 2011, ameaçando impor sanções se a violência não parar. O regime sírio protestou, considerando a medida uma violação da Carta da Liga Árabe, que enfatiza a soberania nacional.
Há duas semanas, a ditadura síria aceitou um plano de paz da organização internacional dos países árabes que previa o fim imediato da violência; a retirada dos tanques das ruas; a libertação de todos os presos por causa da revolta; e um diálogo nacional.
Apesar da promessa, nada mudou. A ditadura estava apenas ganhando tempo para prosseguir massacrando seu próprio povo diante da omissão da sociedade internacional, que não conseguiu chegar a um consenso para condenar o regime. Uma proposta de resolução apresentada por quatro países europeus foi vetada pela China e a Rússia.
Mais uma vez, como no caso da revolta contra Kadafi na Líbia, o Brasil se omite.
Ao debater nesta semana no Conselho de Segurança das Nações a proteção de civis, base da intervenção militar na Líbia, o representante brasileiro invocou o discurso da presidente Dilma Rousseff na Assembleia Geral e falou que "toda morte de civil é uma morte demais". Era uma crítica à atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Aparentemente, a mesma lógica não se aplica à Síria, tratada com silêncio e cumplicidade pelo governo brasileiro, apesar da Constituição citar os direitos humanos como um princípio básico da política externa brasileira.
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