sexta-feira, 3 de junho de 2011

BCE defende união fiscal na Eurozona

Para enfrentar a atual crise das dívidas públicas de países da periferia da Zona do Euro é preciso aprofundar a integração europeia, dando poder às autoridades monetárias para intervir nos países que desrespeitarem as regras de sustentação da moeda comum como os limites para déficit e dívida. A proposta do presidente do Banco Central da Europa, Jean-Claude Trichet, imporia uma união fiscal não aprovada até hoje pelos líderes políticos da União Europeia.

Ao receber ontem o Prêmio Carlos Magno pela Unidade Europeia, Trichet declarou que a "união de amanhã" pode dar poder de veto às instituições europeias sobre os orçamentos nacionais, passando por cima dos parlamentos, o que é politicamente difícil. Também defendeu a ideia de um ministro pan-europeu das Finanças para coordenar as políticas econômicas.

Trichet foi presidente do Banco da França, país que sempre defendeu a criação de uma espécie de conselho de governo econômico, um órgão político para supervisionar a união monetária europeia. Foi vencida pela posição tecnocrática da Alemanha, que entregou o euro a um Banco Central da Europa criado no modelo do Bundesbank, o banco central alemão.

O tema está em discussão no momento em que a UE e o Fundo Monetário Internacional preparam nova ajuda de emergência à Grécia de 60 a 70 bilhões de euros que pode ser anunciada ainda hoje. O país já fez um acordo para receber 110 bilhões de euros, cerca de R$ 250 bilhões, o que mostra a necessidade de uma solução permanente.

A Grécia está sendo pressionada a aceitar um programa de privatizações que seria feito por autoridades internacionais, com os recursos sendo destinados diretamente ao pagamento da dívida. Se o FMI tentasse fazer isso num país em desenvolvimento, seria politicamente inaceitável. Na Europa, em nome da união, talvez seja possível.

Afinal, um colapso da moeda única seria um golpe muito forte no projeto de integração do continente, sem o qual os países da Europa correm o risco de se tornar irrelevantes no século 21, com as exceções da Alemanha e da Rússia.

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