terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Manifestantes tentam se imolar no Norte da África

O exemplo do jovem Mohamed Bouaziz, que se imolou em 17 de dezembro de 2010 na Tunísia, deflagrando a revolta popular que derrubou em 14 de janeiro de 2011 o ditador Zine al-Abidine Ben Ali, se reproduz entre os países árabes do Norte de África.

Nos últimos dias, houve pelo menos quatro tentativas de atear fogo às próprias roupas na Argélia e outra na Mauritânia. Hoje, no Cairo, um homem na faixa dos 50 anos fez o mesmo.

As ditaduras árabes estão em estado de alerta máximo. Mas como observa hoje o correspondente de Oriente Médio do Independent, de Londres, o premiado jornalista Robert Fisk, seus dias não estarão contados enquanto os sultões, emires e autocratas árabes tiverem bom amigos na Europa e nos Estados Unidos.

Acabou o modelo tunisiano, objeto de uma boa reportagem da Folha de S. Paulo no último sábado. A Tunísia é um país de classe média, sem petróleo, relativamente próspero.

Ao longo de seu governo ditatorial, Ben Ali foi apoiado por todos os presidentes da França, François Mitterrand, Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy. Laurent Gbagbo, que luta para não deixar o cargo depois de perder a eleição na Costa do Marfim, também tinha até há pouco bons amigos em Paris.

Cai também, em Túnis, observa o jornal francês Libération o mito do choque de civilizações e do excepcionalismo árabe-muçulmano, que seria avesso à democracia e ao universalismo dos direitos humanos. As massas árabes politizadas estão prontas para tomar as ruas e cobrar seus direitos.

O ditador da Líbia, Muamar Kadafy, no poder desde 1969, declarou temer uma invasão de refugiados da vizinha Tunísia. Deve estar com mais medo do seu próprio povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário