domingo, 3 de outubro de 2010

Alemanha quita dívida da Primeira Guerra Mundial

Hoje, quando festeja 20 anos da reunificação do país, no fim da Guerra Fria, a Alemanha vai pagar a última parcela da dívida que lhe foi imposta depois da Primeira Guerra Mundial (1914-18). Essa dívida impagável contribuiu para a hiperinflação de 1923, a ascensão do nazismo e a Segunda Guerra Mundial.

A Primeira Guerra Mundial durou quatro anos e matou mais de 10 milhões de pessoas, 20 milhões se levarmos em conta a gripe espanhola que se espalhou com o fim da guerra. Era a "guerra para acabar com todas as guerras".

Em 1919, a Conferência de Versalhes lançaria as bases de um novo mundo. O programa de 14 pontos do presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson propunha a criação da Liga das Nações, a primeira organização de caráter universal dedicada à paz mundial.

Mas o Tratado de Versalhes acabou sendo chamado de a "paz para acabar com todas as pazes". Uma de suas maiores injustiças foi impor uma dívida de guerra de 6,6 bilhões de libras esterlinas na época.

Neste domingo, 3 de outubro de 2010, quase um século depois do início das hostilidades, a Alemanha vai pagar 70 milhões de euros, mais de R$ 160 milhões.

Com a ascensão do nazismo, o revanchismo alemão tornou-se a maior causa da Segunda Guerra Mundial, que arrasou e dividiu o país, condenando-o a uma divisão entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental durante à Guerra Fria.

Depois da queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial finalmente abriram mão de seu direito de ocupação e a Alemanha se reunificou, em 3 de outubro de 1990.

Um comentário:

  1. Não poderia deixar de fazer uma reflexão comparativa entre a realidade da dívida alemã durante o pós-guerra com a realidade brasileira em um momento histórico em particular. Ao contrário do que a tradição histórica sempre alinhavou, o Brasil talvez tenha sido a única Nação no mundo que, após sair vencedora de uma guerra, tenha pago uma vultosa “indenização”.

    Refiro-me ao Pós-Guerra pela Independência quando, no ano subseqüente, o Tratado de 29 de agosto de 1825, intermediado pelos ingleses, oficializou o reconhecimento de nossa independência pela Coroa Portuguesa mediante o pagamento pelo Brasil de assombrosos 2 milhões de libras esterlinas, abrindo o caminho para que as demais monarquias européias também se sucedessem no reconhecimento.

    No entanto, a infalível tradição histórica predatória volta a funcionar contra o Brasil quando, na condição de nação recém-formada, fica sem condições de pagar a pesada indenização estabelecida pelo tratado de 1825, inclusa em cláusula secreta. Nesse momento, os ingleses emprestaram os recursos que asseguraram o pagamento deste valor. Na verdade, o dinheiro nem chegou a sair da própria Inglaterra, já que os portugueses tinham que pagar uma dívida equivalente aos mesmos credores. Dava-se, assim, o início de nossa massacrante dívida externa, uma conta de origem lusitana onde o vencedor reparou o vencido.

    O tempo foi passando, o mundo girando, se transformando, e a dívida externa aumentando e se auto-alimentando através da aplicação imoral de taxas de juros exorbitantes. Antes e depois do presidente Prudente de Morais, todos os demais presidentes se submeteram ao serviço da dívida, que continuou a crescer. Como foi dito, apenas o presidente Prudente de Moraes, em 1896, se negou a reconhecer tal dívida. Não reconhecia a dívida, portanto não havia o que renegociar. Para se ter uma dimensão do quanto a conta pesou no nosso bolso, comprometendo o bem estar de gerações futuras, em 40 anos, analisando um passado recente compreendido entre 1960 a 2000, a dívida passou de 1 bilhão de dólares, para 240 bilhões, mesmo depois do pagamento de mais de 600 bilhões de juros. Assalto em cima de assalto.

    É certo que a dívida foi paga e não estamos mas ao seu serviço. Mas não esqueçamos que nos livramos da ditadura da dívida graças a um pesado sacrifício social imposto ao povo brasileiro por mais de um século. Hoje, a Nação começa a conquistar um lugar ao sol frente a um mundo extremamente competitivo, perverso e assimétrico. De olho no passado e com os pés no futuro, devemos daí apreender muitas lições para que não nos esqueçamos dos sacrifícios de nossos antepassados!

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