quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Morre homem que jogou primeira bomba nuclear

Paul Tibbets, o piloto do avião bombardeiro dos Estados Unidos que jogou a primera bomba atômica, em Hiroxima, no Japão, em 6 de agosto de 1945, morreu hoje aos 92 anos em sua casa em Columbus, Ohio. Ele sofria do coração e teve dois acidentes vasculares.

Aos 30 anos, o coronel-aviador Tibbets era um piloto experiente. Participara das primeiras missões de ataque contra a Alemanha de Hitler, quando os americanos entraram na Segunda Guerra Mundial, depois do ataque japonês à 7ª Frota dos EUA, em Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941.

Foram seis horas de vôo até Hiroxima, escolhida porque ainda não havia sido bombardeada. Assim os americanos poderiam avaliar melhor o impacto da nova arma desenvolvida numa corrida armamentista com os nazistas.

Albert Einstein e outros cientistas importantes tinham advertido o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt: a Alemanha estava desenvolvendo uma bomba para aproveitar a energia do átomo.

Antes mesmo que os EUA entrassem na guerra, em 1940, Roosevelt criou o ultra-secreto Projeto Manhattan, no qual participaram grandes cientistas como o dinamarquês Niels Bohr, um dos pais da teoria atômica, o italiano Enrico Fermi, sob a direção do americano John Robert Oppenheimer, que carregou o estigma de Pai da Bomba Atômica.

Hitler imaginava que um dia haveria uma arma capaz de incendiar a face da Terra. Mas acreditava que só seria inventada muito depois de sua morte. Faltou vontade política da cúpula nazista.

O diretor do projeto alemão, o físico Werner von Heisenberg era um teórico brilhante. Em 1926, formulou o Princípio de Incerteza, que complementou a Teoria da Relatividade de Einstein e tornou-se uma das bases da ciência no século 20. Mas, na prática, felizmente Heisenberg fracassou.

A Alemanha não chegou ao conceito de massa crítica, a concentração de urânio enriquecido, com mais de 90% de urânio-235, necessária para a reação em cadeia que produz a explosão nuclear.

O ditador alemão morreu em 30 de abril, poucos dias antes do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 8 de maio de 1945.

A primeira explosão atômica foi em realizada 16 de julho, em Alamogordo, no Novo México. Mas é a bomba de Hiroxima que é considerada o marco inicial da era nuclear.

O bombardeiro B-29, conhecido como a superfortaleza voadora, era o mais avançado da época. Tibbets o batizou de Enola Gay, em homenagem à sua mãe. Às 8h15 de 6 de agosto, sua tripulação do jogou a bomba de cinco toneladas, apelidada de Garotinho (Little Boy).

Instantaneamente, a primeira bomba atômica matou quase 80 mil pessoas. Seu impacto foi equivalente ao de uma explosão de 11 mil toneladas de dinamite (11 quilotons); hoje há bombas de muitos megatons (milhões de toneladas de dinamite). Até o final de 1945, o total de mortos em Hiroxima chegou a 140 mil.

"Se Dante estivesse conosco dentro do avião, teria ficado aterrorizado", disse Tibbets, referindo-se ao escritor Dante Alighieri, autor de A Divina Comédia (Inferno, Purgatório e Paraíso), maior clássico da literatura italiana.

"A cidade que tínhamos visto claramente à luz do sol alguns minutos antes era agora uma mancha horrorosa. Tinha desaparecido completamente sob um horrível manto de fumaça e fogo", contou o piloto.

Mais tarde, em entrevistas, quando a bomba atômica passou a ser condenada como arma desumana e cruel que mata indiscriminadamente, o que contraria as leis da guerra, ele declarou que não se arrependia porque a bomba atômica ajudara a abreviar a guerra. Uma invasão do Japão mataria muito mais gente, especialmente americanos.

Tibbets foi promovido a general-brigadeiro. Deixou a Força Áerea dos EUA em 1966 e dirigia uma empresa de táxi-aéreo na sua cidade.

Três dias depois do ataque a Hiroxima, em 9 de agosto, os EUA jogaram a segunda bomba nuclear, Homem Gordo, em Nagasaque, no Japão, matando imediatamente 60 mil pessoas. O total de mortos em conseqüência das duas bombas já passa de 300 mil e continua subindo. A maioria dos sobreviventes teve câncer ou outras doenças causadas pela radioatividade.

Sob o impacto da devastação nuclear, o Japão se rendeu incondicionalmente em 15 de agosto de 1945.

O mundo mudou completamente. Desde 1945, não houve guerra entre as grandes potência porque seria uma guerra nuclear.

A arma capaz de provocar a guerra total acabou por tornar a guerra parcialmente obsoleta. Os grandes Exércitos, as Marinhas com seus grupos navais comandados por porta-aviões e mesmo as Forças Aéreas ainda têm tanques, aviões e navios como na Segunda Guerra Mundial. Mas a era das grandes batalhas acabou. As armas nucleares e a tecnologia de mísseis acabaram com a guerra como vimos até 1945.

A guerra hoje é a chamada guerra assimétrica onde grupos irregulares enfrentam Estados Nacionais, guerras de guerrilha em que os combatentes se misturam entre a população civil e fazem muitas vezes das cidades o cenário ideal para sua luta pela dificuldade do inimigo de identificar os combatentes e o 'escudo humano' que a população oferece. Nesse altamente imprevisível, a guerra é mais uma operação de inteligência do que de grandes combates em campo aberto.

Se o equilíbrio do terror nuclear, a certeza de que EUA e União Soviética se destruiriam mutuamente, conseguiu evitar uma guerra mundial depois de 1945, a proliferação nuclear cria novos problemas. Desde que a Índia e o Paquistão fizeram testes nucleares, em maio de 1998, houve um novo estímulo ao desenvolvimento de armas atômicas nos países em desenvolvimento.

O programa nuclear do Irã, que está no centro das preocupações dos EUA hoje, é anterior. Teria sido iniciado por ordem do aiatolá Khomeini em 1987. Israel bombardeou em 6 de setembro o que seria um reator nuclear em construção na Síria com tecnologia da Coréia do Norte. O Egito anunciou a intenção de começar pesquisas nucleares para fins pacíficos, mas há claramente um objetivo de neutralizar a superioridade militar de um Irã com armas atômicas.

A proliferação aumenta o risco de que armas nucleares voltem a ser usadas e de que possam cair nas mãos dos terroristas que não teriam escrúpulo em usá-las contra grandes populações. Este é o mundo que Paul Tibbets legou.

2 comentários:

Unknown disse...

Desculpa meu amigo mais seu comentário diz que os alemães estavam desenvolvendo a bomba atômica, o que está completamente errado ficou provado que a alemanha nunca desenvolveu a bomba e pode até parecer um parodoxo mais a alemanha de rittler queria evitar o desenvolvimento da bomba.

Atenciosamente

Nelson Franco Jobim disse...

Werner Heisenberg, físico alemão, criador do Princípio de Incerteza, uma das revoluções da ciência no século 20, foi encarregado de fazer a bomba atômica alemã, mas Hitler não acreditava no projeto.

Os alemães não chegaram ao conceito de "massa crítica", a concentração de urânio necessária para a reação em cadeia da bomba atômica.

Em mais de 2,2 mil encontros com Hitler, Albert Speer contou que o ditador alemão só falou na bomba atômica uma vez. Hitler achava que um dia haveria uma bomba arrasadora, mas isso só aconteceria muito depois de sua morte.

A primeira explosão experimental foi feito um mês e meio depois de sua morte.