segunda-feira, 4 de junho de 2007

Guerra do Iraque divide candidatos democratas

No debate dos oito aspirantes à candidatura do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos em 2008 realizado hoje, o terceiro colocado nas pesquisas, o ex-senador John Edwards, acusou os favoritos, os senadores Hillary Clinton e Barack Obama, de terem posições cautelosas demais sobre a guerra no Iraque.

A ex-primeira-dama Hillary Clinton, que votou a favor da guerra, tentou colocar-se por cima da discussão em busca de uma unidade do partido: "Esta é uma guerra de George W. Bush. Ele é o responsável por esta guerra. Ele a começou, ele a administrou mal, ele escalou a guerra e recusa-se a acabar com ela". Esqueceu-se de dizer que o próximo presidente dos EUA vai herdá-la, ainda que a contragosto.

Pelas pesquisas, Hillary é a favorita hoje entre os eleitores democratas com 42% das preferências, seguida por Obama com 27% e Edwards com 11%. Nenhum dos outros pré-candidatos - o governador do Novo México, Bill Richardson; o senador Joe Biden; deputado Dennis Kucinich; o senador Christopher Dodd e o ex-governador do Alasca Michael Gravel - obteve mais de 2%. O ex-vice-presidente Al Gore, que não participou por não ser candidato, percorre o mundo fazendo campanha contra o aquecimento global. Tem chances.

Quando a pergunta foi se os EUA estavam mais seguros com a guerra contra o terrorismo de Bush, Edwards, candidato a vice-presidente na chapa democrata de John Kerry em 2004, desqualificou a expressão: "É um slogan político, uma expressão de pára-choque", bradou, em seu estilo populista, no debate realizado pela rede de TV CNN em Manchester, no estado de Nova Hampshire, segundo a realizar eleições primárias, no início de 2008.

Mas Hillary, senadora por Nova Iorque, principal alvo em 11 de setembro de 2001, declarou que o assunto é sério: "Fui testemunha em primeira mão do terrível dano que pode infligir a nosso país um pequeno grupo de terroristas. Creio que estamos mais seguros".

Obama diferenciou-se de Hillary dizendo que o mundo piorou por causa dos erros do governo Bush: "Vivemos num mundo mais perigoso em parte devido às conseqüências dos atos deste presidente".

O senador de origem queniana que pode ser o primeiro negro a governar os EUA lembrou que Edwards votou a favor da guerra em 2002 e agora se arrepende: "John, estás atrasado quatro anos e meio nesta questão". Obama não estava no Senado na época e era contra a guerra.

"Tem razão. Eu me equivoquei", admitiu Edwards, lembrando em seguida que Hillary nega-se reconhecer o erro. "Foi um voto sincero", retrucou a senadora, que em ocasiões anteriores alegou ter sido enganada pelos argumentos do governo Bush em torno das supostas armas de destruição em massa de Saddam Hussein.

Nesse ponto, Hillary Clinton e John Edwards concordaram: a culpa foi dos relatórios de inteligência preparados pelo governo Bush.

Já o senador Joe Biden, que também votou a favor da guerra, insistiu em que não deixaria de votar a favor do financiamento da guerra por causa dos soldados que estão no Iraque e no Afeganistão. E defendeu com veemência uma intervenção no Sudão para acabar com o genocídio na província de Darfur.

No debate sobre migração, Richardson, que foi secretário de Energia no governo Clinton, afirmou ser a favor de um projeto que aumente o patrulhamento da fronteira, legalize os imigrantes clandestinos e crise um programa de trabalhadores estrangeiros convidados temporariamente que dê lhes direitos e não crie uma subclasse social. Ele é totalmente contra a construção de um muro ao longo da fronteira dos EUA com o México.

Os oito candidatos defenderam a idéia de fazer do inglês a "língua nacional" mas só Gravel acrescentou o adjetivo oficial. Também apoiaram o fim de qualquer discriminação de homossexuais nas Forças Armadas. Atualmente funciona uma política de "don't ask, don't tell" (não pergunto e você não diz). O homossexualismo é dissimulado e camuflado.

"Se alguém arrisca sua vida, não devemos lhe dar um sermão sobre orientação sexual", alegou Richardson.

Todos os pré-candidatos democratas à Casa Branca prometeram negociar com o Irã seu programa nuclear mantendo "todas as opções sobre a mesa". Ou seja: não descartam o uso da força.

Os aspirantes republicanos à Casa Branca se enfrentam nesta terça-feira.

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