segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Britânicos pedem negociação com Irã

Um grupo de sindicatos, organizações não-governamentais e instituições beneficentes britânicas divulgou ontem documento pedindo a abertura de dialogo com o Irã. Em ‘Hora de Conversar: a defesa de uma solução diplomática para o Irã’, os analistas argumentam que uma guerra seria devastadora:
- aumentaria ainda mais o terrorismo,
- reforçaria a determinação do regime iraniano de ter a bomba atômica,
- desestabilizaria ainda mais o Oriente Médio e
- provocaria uma forte alta nos preços do petróleo, com impacto sobre toda a economia mundial.

“O recurso à ação militar, a não ser em legítima defesa”, observa Sir Richard Dalton, ex-embaixador britânico no Irã, “é não somente improvável que funcione mas seria desastroso para o Irã, para a região e possivelmente para o mundo”.

Tanto o presidente Bush quanto o porta-voz conservador britânico para Defesa, Liam Fox, insistem em que é preciso deixar todas as opções na mesa, inclusive a ação militar, para aumentar a pressão sobre o Irã.

O IRÃ É CONFIÁVEL?
Se o presidente radical Mahmoud Ahmadinejad se mostra irredutível na questão nuclear, negando-se a suspender o programa de enriquecimento de urânio, que deve atingir escala industrial com a instalação de mais 3 mil centrífugas, a liderança khomeinista, inclusive o Supremo Líder Espiritual, aiatolá Ali Khamenei, estariam preparando a opinião pública para um recuo.

Diante do reforço da presença naval americana no Golfo Pérsico, da nova ofensiva contra os agentes iranianos no Iraque, do fracasso do Hesbolá (Partido de Deus) de derrubar o governo pró-ocidental do Líbano e da queda nos preços do petróleo, a república dos aiatolás recua.

Em artigo no The Wall Street Journal, o orientalista Amir Taheri prevê que o Irã proponha algum acordo, suspendendo o enriquecimento de urânio, como exige o Conselho de Segurança das Nações Unidas, em troca do fim das sanções. Ao mesmo tempo, haveria sinais de cooperação com a estabilização do Iraque.

Isto reforçaria a posição dos que defendem o diálogo com o Irã, inclusive o Grupo de Estudos sobre o Iraque e seus presidentes, James Baker e Lee Hamilton. Taheri pergunta o que a república dos mulas tem a oferecer, além da dissimulação. Um acordo com um regime fanático e radical poderia ser apenas uma manobra para ganhar tempo.

Afinal, a suspensão do enriquecimento de urânio não teria custo nenhum para a república islâmica, que não usa energia nuclear para produzir eletricidade porque tem petróleo em abundância. O programa nuclear poderia ser retomado assim que a pressão internacional fosse aliviada.

“O problema do regime”, sustenta Taheri, “está em sua natureza, suas ambições totalitárias e suas pretensões messiânicas. Ser inimigo dos EUA, e de todas as democracias, está em seu DNA político. Um escorpião pica porque está programado pela natureza para agir assim. Um regime que é inimigo do seu próprio povo não pode ser amigo de outros.

“A ameaça do khomeinismo à estabilidade do Oriente Médio e, além dele, à paz internacional, não será removida até que o Irã volte a ser um Estado Nacional normal com as ambições e os interesses de um país normal.”

Assim, o autor adverte que um recuo tático ou uma mudança temporária de comportamento do regime dos aiatolás não resolverá a questão. O problema só acaba quando o Irã deixar de ser um Estado revolucionário e se tornar um país normal, uma potência regional herdeira do nacionalismo persa.

Um comentário:

angelo cuissi disse...

E talvez a intervenção militar americana não seja apenas um instrumento de pressão nem um blefe. A utilização do Iraque como base caso uma guerra seja declarada pode justificar o orçamento bilionário proposto por Bush. E o sequestro de Jalal Sharafi, segundo secretário da embaixada iraniana no Iraque, por homens que usavam o uniforme de um regimento iraquiano que recebe ordens diretas do exército americano talvez esteja aí para azedar as tentativas de diálogo entre Irã e os EUA. A resposta - da parte de ambos - não agradou.