sábado, 6 de maio de 2006

Reforma ministerial indica que Blair quer ficar

Apesar da derrota do Partido Trabalhista nas eleições municipais britânicas de 4 de maio, o primeiro-ministro Tony Blair, desgastado pela guerra do Iraque e por uma sucessão de escândalos políticos domésticos, dá sinais de que não pretende deixar a chefia do governo e do partido tão cedo. Os trabalhistas ficaram em terceiro lugar, com 26% dos votos, bem atrás dos conservadores com 40% e até do Partido Liberal-Democrata, que teve 27%.

A primeira vítima foi o ministro do Interior, Charles Clarke, abalado pela libertação de mais de mil imigrantes acusados de crimes, que deveriam ter sido deportados. Será substituído por John Reid, ex-ministro para a Irlanda do Norte.

Outra vítima foi o vice-primeiro-ministro John Prescott, uma das poucas faces operárias do primeiro escalão do governo trabalhista britânico. Depois de admitir um caso com a secretária, perdeu os ministérios do Planejamento e da Habitação.

Já o medíocre ministro do Exterior, Jack Straw, o Homem de Palha (straw em inglês significa palha), será substituído pela ainda mais medíocre ministra do Meio Ambiente, da Alimentação e dos Assuntos Rurais, Margaret Beckett, uma antiga sindicalista mais conhecida por sua lealdade. Foi uma surpresa para o próprio partido e um sinal de que Blair pretende manter um controle estrito sobre a política externa.

É a mais ampla reforma ministerial desde que os trabalhistas voltaram ao poder sob a liderança de Blair em 1997, após 18 anos de governos conservadores. Mas "se isto for vendido pelos blairistas como uma maneira de reforçar o primeiro-ministro para que ele fique mais dois anos no poder, haverá problemas dentro do partido", adverte o professor Patrick Dunleavy, especialista em política britânica da London School of Economics.

A esquerda trabalhista quer a substituição de Blair pelo ministro das Finanças, Gordon Brown, responsável pelo maior período de expansão da economia britânica na história recente.

Mas o grande vencedor das eleições foi o novo líder do Partido Conservador, David Cameron. Com estas porcentagens, pelo sistema eleitoral britânico, de voto distrital com turno único, os conservadores reconquistariam a maioria na Câmara dos Comuns e o poder em eleições nacionais.

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