domingo, 30 de junho de 2024

Extrema direita vence primeiro turno na França

 A Reunião Nacional (RN), de extrema direita, conquistou 33,15% dos votos no primeiro turno da eleição para a Assembleia Nacional da França, superando a Nova Frente Popular (NFP), de esquerda, com 28% e aliança governista, que teve 20%. A abstenção foi de 33,3%.

O presidente Emmanuel Macron pediu a "união dos democratas" tentando atrair Os Republicanos (LR), conservadoras gaullistas, o Partido Socialista (PS), o Partido Comunista Francês (PCF) e os ecologistas, mas não a França Insumissa (LFI), de esquerda radical, que faz parte da NFP com socialistas e verdes.

"Em face da RN, a hora é de uma reunião claramente democrática e republicana para o segundo turno", convocou Macron. O novo líder socialista, Raphael Glucksmann, já lançou o #votedemocrate propondo uma grande aliança antifascista.

Para facilitar a união contra o neofascismo em ascensão, o primeiro-ministro Gabriel Attal e o líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, anunciaram a retirada dos candidatos que ficaram em terceiro lugar no primeiro turno. "Nenhuma cadeira a mais para a RN", conclamou Mélenchon. "Nossa diretriz é clara. Nossa diretriz é simples."

Eleita em primeiro turno em Pas-de-Calais, a líder da RN, Marine Le Pen, pediu um esforço para que a extrema direita conquiste a maioria absoluta. "A democracia falou", disse Le Pen, acrescentando que, "num voto sem ambiguidade", os eleitores deram "testemunho de sua vontade de virar a página depois de sete anos de um poder arrogante e corrosivo" com Macron.

"Nada está decidido e o segundo turno será determinante para evitar que o país caia nas mãos de uma extrema esquerda com tendência à violência", exortou a líder neofascista. O candidato da RN a primeiro-ministro, Jordan Badella, só aceita chefiar o governo se tiver maioria absoluta na Assembleia Nacional.

Se as outras correntes políticas não chegarem a um acordo, a França pode ter uma Assembleia Nacional tripartite e uma crise institucional até o fim da presidência de Macron, em 2027. Se a aliança governista chegar a um acordo com a frente de esquerda, não há garantia de que esse governo funcione. Seu fracasso pode abrir caminho para a vitória de Le Pen na eleição presidencial de 2027.

Eleição presidencial vai ao segundo turno no Irã

 O deputado reformista Massoud Pezeshkian vai disputar o segundo turno da eleição presidencial do Irã com o linha-dura Said Jalili em 5 de julho. Nenhum dos candidatos conseguiu a maioria absoluta dos votos válidos no primeiro turno, em 28 de junho, na eleição antecipada por causa da morte do presidente Ebrahim Raïssi numa queda de helicóptero em 19 de maio.

Pezeshkian, ex-ministro da Saúde e Educação Médica (2001-5) no governo Mohamed Khatami (1997-2005) e ex-vice-presidente do Parlamento do Irã (2016-21), conquistou 42,5% dos votos contra 38,6% de Jalili, ex-negociador da questão nuclear, ex-secretário do Supremo Conselho de Segurança Nacional (2007-13), ex-candidato a presidente (2013) e atual membro do Conselho de Discernimento. É um órgão de assessoria do Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei, o ditador do país.

A abstenção de 40% foi a maior desde a fundação da República Islâmica do Irã, em 1979.

Se Pezeshkian for eleito, deve priorizar a recuperação da economia e tentar melhorar as relações com o Ocidente, mas o poder do presidente tem limites. Quem manda de fato, dá a orientação política para o regime e já advertiu que é ilusão se aproximar dos Estados Unidos é Khamenei.

Jalili deve manter a política de confrontação com os EUA e com Israel e possivelmente acelerar o desenvolvimento da bomba atômica iraniana. Ao que tudo indica, o país deve estar perto de adquirir a capacidade nuclear, o que mudaria o equilíbrio de forças no Oriente Médio, podendo deflagrar uma corrida armamentista nuclear na região. Se o Irã tiver a bomba, Israel já tem, outros países como a Arábia Saudita e a Turquia também vão querer.

Hoje na História do Mundo: 30 de Junho

 CORTEZ SE RETIRA

     Em 1520, diante de uma revolta dos astecas, as forças do conquistador espanhol Hernán Cortez se retiram de Tecnochtitlán, a capital do Império Asteca, hoje Cidade do México, e fogem para Tlaxcala.

Na Noite Triste, há uma batalha em que os astecas derrotam os espanhóis, que fogem. Muitos soldados morrem afogados quando um navio que leva os espanhóis e os tesouros recebidos e roubados naufraga no Lago Texcoco. O imperador Montezuma II também morre na revolta.

Cortez volta a atacar a capital do Império Asteca em maio de 1521. Depois de três meses de cerco, com a ajuda de uma epidemia de varíola, toma Tenochtitlán para a coroa espanhola, que rebatizaria o país como Vice-Reino da Nova Espanha.

HITLER EXPURGA NAZISTAS

    Em 1934, na Noite das Facas LongasAdolf Hitler promove um expurgo dentro do Partido Nacional-Socialista Trabalhista da Alemanha.


 Centenas de nazistas que o Führer teme que possam virar inimigos são assassinados. Entre os principais alvos, estão as tropas de choque do Partido Nazista, a SA (Sturmabeitlung), a Divisão de Assalto, os camisas-marrons que o ajudaram a chegar ao poder em 1933.

Sob a alegação de que o comandante da SA, Ernst Röhm, planeja um golpe de Estado, Hitler ordena o massacre. A SS (Schutzstaffeln), Esquadrão de Proteção, sob o comando de Heinrich Himmler, mata Röhm e outros chefes da SA.

Outros inimigos de Hitler são mortos, inclusive o último chanceler (primeiro-ministro) da República de Weimar, Kurt von Schleicher; Gregor Strasser, que até 1932 era o vice-líder do Partido Nazista; o ex-separatista da Baviera Gustav von Kahr; Edgar Jung, um conservador crítico do nazismo; e o professor católico Erich Klausener. O vice-chanceler Franz von Papen escapa do massacre, mas é demitido três dias depois.

LUMUMBA PROCLAMA INDEPENDÊNCIA DO CONGO

    Em 1960, depois de 75 anos de um colonialismo brutal, o Congo declara independência da Bélgica sob a liderança do primeiro-ministro Patrice Lumumba.

Líder do Movimento Nacional Congolês, Lumumba é um pan-africanista que defende a luta pacífica pela independência e a solidariedade dos povos da África contra o imperialismo.

Logo depois da independência, começa uma guerra civil com a tentativa de separação das províncias de Catanga e Cassai do Sul. Lumumba pede ajuda aos Estados Unidos e às Nações Unidas. Diante da recusa, recorre à URSS. É deposto em 14 de setembro de 1960 por um golpe liderado por Joseph-Desiré Mobutu, um medíocre ex-sargento do exército colonial belga, e executado por um pelotão de fuzilamento em Lubumbashi em 17 de janeiro de 1961.

A ONU manda sua primeira grande missão de paz ao país, com cerca de 20 mil soldados. Pela primeira vez, soldados da ONU entram em combate e o sueco Dag Hammarskjöld torna-se o único secretário-geral a morrer no exercício do cargo, num acidente de avião durante visita para tratar da crise da guerra civil, em 18 de setembro de 1961.

Riquíssimo em minerais, o Congo tem uma das histórias mais trágicas da África. A Primeira Guerra Civil do Congo vai até 1965 e termina com a ascensão ao poder de Mobutu, que muda o nome do país para Zaire em 1971 governa até 16 de maio de 1997, quando é derrubado por Laurent Kabila, que luta ao lado de Ernesto Che Guevara, quando o guerrilheiro argentino tenta levar a revolução à África.

Em 1996, depois do genocídio de Ruanda, em 1994, e da fuga de ruandeses para o Leste do então Zaire, Kabila deixa seu refúgio nas Montanhas da Luta e marcha até Kinshasa para depor Mobutu. Um dia depois, em 17 de maio de 1997, muda o nome do país para República Democrática do Congo.

A queda de Mobutu deflagra a Primeira Guerra Mundial Africana, com a participação de nove exércitos nacionais e cerca de 300 grupos armados irregulares. Até 2002, estima-se que mais de 5 milhões de africanos tenham morrido em combate, de fome e de doenças causadas pela guerra.

BARYSHNIKOV FOGE PARA A LIBERDADE

    Em 1964, aos 26 anos, o bailarino soviético Mikhail Baryshnikov pede asilo ao Canadá durante uma turnê do Balé Kirov, de Leningrado.

Depois de uma articulação com amigos, no fim de uma apresentação em Toronto, antes de entrar no ônibus, o bailarino para para dar autógrafos a um grupo de fãs e sai correndo. O carro de resgate está a quadras de distância. Os fãs saem atrás, ajudando-o a escapar da polícia política da União Soviética, o Comitê de Defesa do Estado (KGB).

sábado, 29 de junho de 2024

Hoje na História do Mundo: 29 de Junho

 ALEMANHA TOMA RIGA E CERCA MINSK

     Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), a Alemanha Nazista invade a União Soviética em três frentes, toma Riga, a capital da Letônia, no Norte, e cerca o exército inimigo em Minsk, a capital da Bielorrússia.

Apesar do Pacto Germano-Soviético, um tratado de não agressão assinado em 23 de agosto de 1939 para adiar um confronto direto, dividir a Polônia e deixar a URSS tomar as repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia), o ditador Josef Stalin considera inevitável a guerra contra a Alemanha por causa da incompatibilidade ideológica entre comunismo e nazismo. Mas acredita que Adolf Hitler não ordenaria a invasão antes de conquistar o Reino Unido. É surpreendido.

Depois de perder a Batalha da Inglaterra, uma batalha aérea travada de 10 de julho a 31 de outubro de 1940, com o resto da Europa Ocidental sob seu controle, Hitler se volta para a frente oriental. Ao invadir a URSS, comete seu maior erro, que custa a derrota e a vida. Como Napoleão Bonaparte em 1812, subestima a capacidade de resistência e luta do povo russo.

Em 22 de junho de 1941, 150 divisões alemãs entram na pátria do comunismo com a cobertura da Luftwaffe, a Força Aérea nazista, que tinha superioridade aérea, e avançam em três frentes: ao norte, rumo a Leningrado, hoje São Petersburgo; no centro, em direção a Moscou; ao sul, para Kiev, a capital da Ucrânia.

Com a ajuda de seus aliados finlandeses e romenos, a blitzkrieg, a guerra-relâmpago baseada na aviação e em tanques de alta velocidade, logo conquista uma grande área do território soviético. Em 29 de junho, caem Riga e Ventspils, na Letônia, 200 aviões soviéticos são abatidos e os alemães fecham o cerco a três exércitos inimigos.

É um duelo entre os maiores ditadores da história. De um lado, os generais alemães advertem Hitler de que não têm condições de cuidar de prisioneiros durante a invasão da URSS. Os inimigos presos seriam sumariamente executados. Por outro lado, Stalin não aceita a rendição nem o recuo. Quem recuasse seria executado.

Em meados de outubro, Moscou e Leningrado estão sitiadas. O Cerco de Leningrado foi uma das grandes batalhas da Segunda Guerra Mundial. Durou quase 900 dias, de 8 de Setembro de 1941 a 27 de Janeiro de 1944. A cidade passa fome. Os pais não deixam os filhos saírem de casa porque há um mercado negro de carne humana. 

A perda da Batalha de Moscou, travada de 30 de setembro de 1941 a 20 de abril de 1942, é a primeira derrota alemã na guerra, .

A ofensiva nazista é contida na frente sul, na Batalha de Stalingrado, talvez a mais importante da história, travada de 23 de agosto de 1942 a 2 de fevereiro de 1943, com cerca de 2 milhões de mortes. A partir daí, o Exército Vermelho lança a contraofensiva que termina em Berlim em 8 de maio de 1945, fim da guerra na Europa.

BRASIL CAMPEÃO DO MUNDO

    Em 1958, a seleção brasileira conquista sua primeira Copa do Mundo ao vencer a Suécia em Estocolmo por 5-2, com craques como Pelé, de apenas 17 anos, Garrincha, Didi, eleito o melhor da Copa, e Nílton Santos. Com 6 gols, Pelé é a revelação.

Na estreia, em 8 de junho, o Brasil vence a Áustria por 3-0, com dois gols de Mazzola e um de Nílton Santos. O segundo jogo, em 11 de junho, é um empate de 0-0 com a Inglaterra. O terceiro adversário é a União Soviética, com seu "futebol científico".

Em conversa com Didi no hotel o técnico Vicente Feola aparenta tranquilidade. Didi não tem a mesma segurança e adverte: "Está todo o mundo com medo. Se o senhor não botar o Mané e o Pelé, será muito difícil." O Brasil precisa da vitória.

Ao dar as instruções no hotel, Garrincha disse sua frase mais famosa: "O senhor combinou com os russos?" Não precisa. O jogo, disputado em 15 de junho, revela Pelé e Garrincha ao mundo. Garrincha acaba com seu marcador, Kusnetsov e é chamado de "melhor reserva do mundo.

Com três minutos, talvez os mais eletrizantes da história do futebol, o Brasil chuta duas bolas na trave e abre o placar. No final, ganha por 2-0.

Contra o País de Gales, em 19 de junho, Pelé marca o gol mais importante de sua carreira, furando uma retranca obstinada.

No Dia de São João, 24 de junho, o Brasil vence a semifinal contra a favorita França por 5-2, com dois gols anulados, de Zagalo e Garrincha, pelo juiz Benjamin Griffiths, do País de Gales, muito criticado pela imprensa brasileira. É o jogo do melhor ataque contra a melhor defesa. O Brasil leva seus primeiros gols. Vavá, Didi e Pelé (3) marcam para o Brasil. Just Fontaine, o maior artilheiro de uma Copa do Mundo, com 13 gols, e Roger Piantoni, descontam para a França.

A final é disputada no Dia de São Pedro, 29 de junho. A Suécia sai na frente aos 4 minutos, com gol de Nils Liedholm, de 35 anos, o jogador mais velho a marcar numa final de Copa do Mundo. Didi, o líder da equipe pega a bola no fundo da rede e caminha até o centro do campo com uma ideia na cabeça: passar a bola para o Mané.

Com dois gols de Vavá em cruzamentos de Garrincha, o Brasil vira no primeiro tempo. Aos 10 minutos do segundo tempo, Pelé dá um chapéu num zagueiro se torna o jogador mais jovem a marcar numa final de Copa. Zagallo aumenta para 4-1. Simonsen desconta para a Suécia e Pelé fecha o placar de cabeça no último lance do jogo. Brasil 5-2.  

MICK E KEITH NO BANCO DOS RÉUS

    Em 1967, Mick Jagger e Keith Richards, os líderes dos Rolling Stones, são levados a julgamento por uso de drogas depois de uma batida policial numa casa de Richards.


A promotora atribuiu o fato de Marianne Faithful, namorada de Jagger, vestir apenas uma pele de urso ao uso de maconha. Keith considera normal e responde: "Não somos velhos. Não estamos preocupados com um moralismo mesquinho." Vira um dos porta-vozes da geração rebelde dos anos 1960.

Mick é preso com quatro comprimidos de anfetamina que havia comprado na Itália. É condenado a três meses de cadeia com direito a recorrer em liberdade. 

O caso de Keith é mais grave. Ele é acusado de deixar usarem sua casa para consumo de drogas, condenado e sentenciado a um ano de prisão. 

No dia da sentença, sai direto do tribunal para a prisão de Wormwood Scrubs. É recebido pelos outros presos como um astro do rock. E só fica uma noite. No dia seguinte, consegue liberdade mediante pagamento de fiança.

Mais tarde, o caso é anulado porque a tentativa de associar a seminudez de Marianne Faithful ao consumo de drogas é considerada preconceituosa.

Anos depois, ao falar sobre o consumo de substâncias ilícitas, Keith declara: "Nunca tive problemas com drogas. Tive problemas com a polícia."

PUNIÇÃO CRUEL E INCOMUM

    Em 1972, por 5 a 4, a Suprema Corte considera inconstitucional a pena de morte do jeito em que é aplicada, por violar a Emenda nº 8 à Constituição dos Estados Unidos como "punição cruel e incomum".

Não é uma vitória dos defensores da abolição da pena capital. O supremo tribunal federal norte-americano sugere que pode aceitá-la se houver padrões uniformes para júris e juízes decidirem e métodos menos cruéis de execução.

Com 66% dos americanos a favor da pena de morte na época, em 1976, a Suprema Corte restabelece a pena morte. O primeiro executado, no ano seguinte, é Gary Gilmore, condenado no ultraconservador estado de Utah por matar um casal de idosos que se nega a lhe emprestar um carro.

ISABELITA ASSUME A PRESIDÊNCIA

    Em 1974, a vice-presidente María Estela Martínez de Perón, a Isabelita, assume a Presidência da Argentina diante do estado terminal do marido Juan Domingo Perón, o líder populista que até hoje, 49 anos depois de sua morte, em 1º de julho daquele ano, domina a política do país.

O coronel Perón participa de um golpe militar em 1943. Vira ministro do Trabalho e depois vice-presidente e ministro da Guerra. Afastado em 9 de outubro de 1945 num golpe dentro do golpe, volta nos braços do povo (sonho de todo populista) sob pressão dos sindicatos e de sua carismática amante, a atriz María Eva Duarte, a Evita. 

Em 17 de outubro, a data magna do peronismo, Perón é solto e faz seu primeiro discurso do balcão da Casa Rosada para uma multidão estimada em 300 mil pessoas. Quatro dias depois, Perón, que é viúvo, casa com Evita, formando o casal que até hoje domina a política argentina.

Com a promessa de um salariaço aos trabalhadores, Perón é eleito presidente com 52,4% dos votos em 1946. O aumento no salário salarial deflagra uma grande alta no consumo: as vendas de fogões aumentam 106%, de geladeiras 218%, de calçados 133%, de discos fonográficos 200% e de rádios 600%, incentivadas por programas de redistribuição da renda e de crédito barato. Entre 1945 e 1948, a economia cresce a um recorde de 8,5% ao ano, enquanto os salários reais aumentam 46%.

Perón é reeleito com 62% votos em 1951. Evita chega a ser cotada para vice. Sob pressão conservadora, não é indicada. Ela morre aos 33 anos, em 26 de julho de 1952, de câncer de útero, como a primeira mulher de Perón, Aurelia Tizón.

A terceira mulher de Perón, Isabelita, 35 anos mais moça do que ele, é bailarina no Panamá quando conhece o general, no Natal de 1955. Perón está exilado depois do golpe militar de 16 de setembro daquele ano, que os golpistas chamam de Revolução Libertadora.

Atraído por sua beleza, o general vê nela a companheira de que sente falta desde a morte da segunda mulher, sua grande paixão. Perón volta à Argentina em 1973 e ganha a eleição para um terceiro governo de menos de nove meses em meio a uma crise econômica e política, com uma guerra civil entre grupos guerrilheiros de esquerda e grupos paramilitares de extrema direita.

A tentativa de transformar Isabelita numa segunda Evita, dando-lhe a vice-presidência e o governo quando Perón morre, leva a uma tragédia, ao golpe militar de 24 de março de 1976 e à ditadura sanguinária que matou 30 mil argentinos até ser derrotada e humilhada pelos britânicos na Guerra das Malvinas (1982). A democracia volta à Argentina com a eleição de Raúl Alfonsín, empossado em 10 de dezembro de 1963.

ATLANTIS SE ACOPLA À ESTAÇÃO MIR

    Em 1995, a nave espacial americana Atlantis se acopla à estação espacial russa Mir para formar o maior satélite artificial da Terra. É um momento histórico de cooperação entre os antigos inimigos da Guerra Fria.


 
São seis da manhã pelo horário da costa leste dos Estados Unidos quando a nave com seis tripulantes se aproxima da estação espacial a cerca de 392 quilômetros da Terra, na altura da fronteira entre a Rússia e a Mongólia. Os três cosmonautas russos transmitem canções folclóricas da Rússia como um gesto de boas-vindas.

O comandante da Atlantis, Robert Gibson, manobra durante duas horas para realizar o acoplamento. Tem de aproximar a nave de 100 toneladas até uma distância de menos de três polegadas (7,62 centímetros) a uma velocidade de não mais do que 3 cm/seg.

Na época, o diretor da NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA), Daniel Goldin saúda o encontro no espaço como marco do "início de uma nova era de cooperação e amizade" entre a Rússia e os EUA. O projeto tem mais 11 missões. É decisivo para a construção da Estação Espacial Internacional que está em órbita hoje.

CALIFADO UNIVERSAL

    Em 2014, o líder da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Abu Baker al-Baghdadi, proclama na Grande Mesquita de Mossul, no Iraque, a fundação de um califado com jurisdição universal baseado inicialmente nos territórios conquistados pelo grupo na Síria e no Iraque, mas destinado a converter o mundo inteiro ao fundamentalismo islâmico sunita, ao salafismo. Muda o nome do grupo terrorista para Estado Islâmico.

O Estado Islâmico é filho da rede Al Caeda no Iraque, fruto da infiltração do grupo terrorista de Ossama ben Laden no país depois da invasão norte-americana de março de 2003. Em 15 de outubro de 2006, vira Estado Islâmico do Iraque. Com a guerra civil iniciada em março de 2011 na Síria e a expansão de sua área de atuação, em 8 de abril de 2013, torna-se Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

A conquista de Mossul, a terceira maior cidade do Iraque e origem da palavra muçulmano, em 10 de junho de 2014, leva o califado a sua maior expansão, com controle de uma área com pelo menos 8 milhões de pessoas na Síria e no Iraque, onde implanta um reino do terror, com escravização de mulheres, execução sumária de homossexuais e soldados inimigos.

Em agosto de 2014, quando o Estado Islâmico comete genocídio contra o povo yazidi no Iraque e degola o norte-americano James Foley, o presidente Barack Obama declara guerra ao grupo terrorista. Sob pressão de bombardeios dos Estados Unidos, da Rússia, da França e do Reino Unido, em 13 de novembro de 2015, os jihadistas aterrorizam Paris e matam 130 pessoas.

O último bastião do Estado Islâmico é derrotado em 23 de março de 2019 na Batalha de Baghuz Fauqani. Al-Baghdadi é morto em 27 de outubro de 2019 numa operação militar de forças especiais dos EUA. Mas o Estado Islâmico sobrevive nas prisões, na clandestinidade e em outros países como o Afeganistão, na Rússia e na África.

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Hoje na História do Mundo: 28 de Junho

MONARQUIA UNIVERSAL

     Em 1519, o rei Carlos I, da Espanha, é eleito imperador do Sacro Império Romano-Germânico como Carlos V.

Carlos, neto dos reis católicos Fernando II e Isabel, suborna príncipes germânicos para que votam nele. Assim, vence Henrique VIII, da Inglaterra, e Francisco I, da França, e Frederico, o Sábio, Duque da Saxônia. Seu sonho é criar uma "monarquia universal".

TIRO MUDA A HISTÓRIA

    Em 1914, o estudante radical sérvio Gavrilo Princip mata o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, e sua mulher, Sophia, durante uma visita a Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina. É um tiro que muda a história.

Um mês depois, a Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia, aliada do Reino Unido, da França e da Rússia, que formam a Triplice Entente. 

Por outro lado, a Alemanha apoia a Áustria. A Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália eram a Tríplice Aliança. Começa a Primeira Guerra Mundial (1914-18), o conflito que forja o século 20. A Itália não entra, sob a alegação de que a aliança é defensiva. Mais tarde, a partir de 1915, luta ao lado da Entente.

PAZ PARA ACABAR COM TODAS AS PAZES

    Em 1919, o economista britânico John Maynard Keynes adverte que o Tratado de Versalhes, assinado neste dia pela Alemanha, causaria o caos econômico.

Keynes abandona a conferência de paz, realizada no Palácio de Versalhes, perto de Paris, em protesto contra as cláusulas punitivas do acordo.

Se o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, convence os norte-americanos a entrar na Primeira Guerra Mundial (1914-18) afirmando que é "a guerra para acabar com todas as guerras", o Tratado de Versalhes é descrito como a paz para acabar com todas as guerras.

A humilhação imposta à Alemanha leva à ascensão do nazismo e ao revanchismo de Adolf Hitler, que inicia a Segunda Guerra Mundial (1939-45) ao invadir a Polônia em 1º de setembro de 1939. Quando a França se rende, em junho de 1940, Hitler faz questão que a capitulação seja assinada no mesmo vagão em que a Alemanha se rendeu no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

OFENSIVA NO VIETNÃ

    Em 1965, os Estados Unidos lançam sua primeira grande ofensiva na Guerra do Vietnã (1955-75). 

Três mil soldados americanos da 173ª Brigada Aerotransportada, 800 soldados da Austrália e uma unidade aerotransportada do Vietnã do Sul participam do ataque a guerrilheiros do Vietcongue numa floresta a pouco mais de 30 quilômetros de Saigon, a capital sul-vietnamita. 

A operação é suspensa três dias depois por não ter encontrado uma quantidade significativa de inimigos.

GRANDE REVOLTA GAY

  Em 1969, começa a Rebelião de Stonewall, em reação a uma invasão violenta da polícia ao bar gay Stonewall Inn, no Greenwich Village, em Nova York.

A revolta dura cinco dias. É o marco do início da luta pelos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos, hoje celebrado como Dia do Orgulho Gay.

As primeiras paradas do orgulho gay são realizadas um ano depois, em Nova York, São Francisco, Los Angeles e Chicago.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Biden mostra fraqueza e levanta dúvida sobre candidatura

 O fraco desempenho do presidente Joe Biden no primeiro debate antes da eleição presidencial de 5 de novembro nos Estados Unidos acendeu uma luz vermelha no Partido Democrata. Altos líderes do partido cogitam ir à Casa Branca para convencer Biden a abandonar a disputa.

O ex-presidente Donald Trump (2017-21) mentiu pelo menos 30 vezes, mas olhou para a câmera e insistiu nas mentiras para dar aparência de verdade, de acordo com o manual de propaganda nazista. Biden foi inseguro, incompetente e mentiu nove vezes. Hesitou e gaguejou, falou mecanicamente sem olhar para a câmera.

A economia foi o tema inicial. É o grande argumento de concorrência de Trump, que compara seu governo antes da pandemia com o governo Biden. Os indicadores econômicos são bons. A inflação caiu e o desemprego é baixo, mas o custo de vida não voltou ao período pré-pandemia.

Outra questão importante foi a imigração ilegal. Trump mentiu que entraram 18 milhões de pessoas no país e Biden não contestou, disse que havia um projeto bipartidário no Congresso que Trump matou para usar o tema na campanha.

O ex-presidente afirmou que "o mundo inteiro está explodindo sob Biden", que a guerra da Ucrânia não teria começado e que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) não teria atacado Israel se ele estivesse na Casa Branca. Prometeu acabar com a guerra na Ucrânia antes de tomar posse.

Como Trump é aliado de Putin, a Ucrânia teme que corte a ajuda financeira para forçar o país a aceitar um acordo nos termos impostos pela Rússia. Biden perdeu a oportunidade de lembrar que os encontros de cúpula com Kim Jong Un legitimaram o ditador da Coreia do Norte sem trazer qualquer progresso às relações bilaterais e ao desarmamento nuclear.

Trump negou qualquer responsabilidade pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Atribuiu a culpa à então presidente da Câmara, deputada democrata Nancy Pelosi, que teria rejeitado uma ajuda de 10 mil soldados da Guarda Nacional que só Trump poderia ter convocado.

Além de contar vantagem, o ex-presidente não nenhuma resposta decisiva sobre os temas em debate. Praticamente não houve discussão de propostas políticas. Mas Trump ganhou a batalha da comunicação. E Biden mostrou debilidade física e mental para ocupar um cargo de tamanha responsabilidade. Se o debate era para dirimir as dúvidas sobre a saúde de Biden, que tem 81 anos, o resultado foi o contrário.

Na história recente, o único presidente que não concorreu à reeleição foi Lyndon Johnson (1993-69), impopular por causa da Guerra do Vietnã. 

Hoje na História do Mundo: 27 de Junho

MÓRMONS  

   Em 1844, uma multidão invade uma prisão em Cartago, no estado de Illinois, nos Estados Unidos, e mata Joseph Smith, fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmon), e seu irmão Hyrum.

Smith nasce em Vermont em 1805. Aos 18 anos, conta ter recebido a visita de um anjo chamado Moroni que lhe revela um texto sagrado desaparecido que teria sido escrito e gravado em placas de ouro por nativos americanos no século 4, com relato sobre uma colônia israelita que teria existido na América em tempos ancestrais.

Durante anos, Smith dita o texto para sua mulher e outros escribas. Em 1830, é publicado o Livro de Mórmon. No mesmo ano, ele funda a Igreja de Cristo, que depois muda de nome para Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

A religião logo atrai devotos, mas provoca críticas por adotar práticas como a poligamia. Em 1844, Smith anuncia sua candidatura à Presidência dos EUA, o que aumenta a reação contra a seita. Depois de destruir a gráfica de um jornal crítico de sua religião, Smith convoca uma milícia para defendê-lo na cidade de Nauvu, em Illinois.

Acusados de traição e conspiração, ele e o irmão são presos e mortos pela malta que invade a prisão. Dois anos depois, seu sucessor, Brigham Young, lidera uma fuga para o Oeste para escapar da perseguição. Em julho de 1847, 148 pioneiros chegam ao Lago Salgado de Utah, refundam a religião e se preparam para receber dezenas de milhares de migrantes atraídos pela fé.

MOEDA NACIONAL DO JAPÃO

    Em 1871, o iene, que circula desde 1869, se torna a moeda oficial do Japão, substituindo as notas emitidas pelos senhores feudais, que circulavam desde o século 16, no tempo de uma guerra civil em que não havia um governo que controlasse todo ou quase todo o território japonês.

No início do Xogunato Tokugawa (1603-1868), o Japão se fecha para o mundo exterior, só faz comércio em dois portos até o almirante norte-americano Matthew Parry ameaça bombardear o porto de Tóquio em 1853 e 1854 para abrir o país ao comércio internacional.

Para não ser colonizado pelas potências ocidentais, o Japão percebe que precisa se modernizar. Em 1868, acaba o xogunato. Começa a era da Restauração Meiji, a restauração do poder do imperador.

Entre as reformas para a modernização do país, o iene é adotado como moeda nacional.

ENIGMA

    Em 1940, a Alemanha Nazista usa pela primeira vez a máquina de codificação Enigma para proteger as comunicações por rádio com a França ocupada.


Os alemães instalam estações de rádio em Brest e no porto de Cherbourg para melhorar a comunicação com seus aviões de combate durante a Batalha da Inglaterra, vencida pela Força Aérea Real.

A máquina Enigma havia sido criada em 1919 pelo holandês Hugo Koch para uso em negócios. Os alemães a adaptam para a guerra e consideram seus códigos secretos indecifráveis. Mas os britânicos descobrem os códigos e decifram todas as mensagens alemãs.

EUA ENTRAM NA GUERRA DA COREIA

    Em 1950, o presidente Harry Truman manda as forças dos Estados Unidos na Coreia do Sul entrar na guerra contra a Coreia do Norte, que invadira o Sul dois dias antes, no início da Guerra da Coreia (1950-53).

No fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), os EUA e a União Soviética ocupam a Coreia, que era dominada pelo Japão desde 1910. Em 1948, a divisão é oficializada com a fundação da Coreia do Norte e da Coreia do Sul.

A guerra começa quando 90 mil soldados norte-coreanos cruzam o paralelo 38º Norte e invadem o Sul com o objetivo de reunificar a Península Coreana sob o regime comunista. Como estava boicotando o Conselho de Segurança das Nações Unidas por causa de exclusão da República Popular da China (comunista), a URSS não veta a resolução que autoriza o uso da força, em 28 de junho. Até hoje, os EUA tem um mandato da ONU para reunificar a Coreia.

Em 30 de junho, Truman anuncia o envio de mais soldados para a Coreia do Sul. Uma semana depois, o Conselho de Segurança da ONU coloca a força internacional sob o comando dos EUA.

Quando a aliança liderada pelos EUA invade o Norte, o 4º Exército da China cruza o Rio Yalu, em outubro de 1950. Houve uma guerra entre os EUA e a China dentro da Guerra da Coreia - e a China venceu ao forçar os americanos e aliados a recuar para o sul do do paralelo 38º N e restaurar a situação anterior à guerra, evitando a presença de um aliado dos EUA junto a sua fronteira.

Depois de anos de impasse de cerca de 5 milhões de mortes, um cessar-fogo acabou com a Guerra da Coreia em 27 de julho de 1953. Até hoje, não foi assinado um cessar-fogo. O desenvolvimento de armas nucleares pelo Norte voltou a tornar a última fronteira da Guerra Fria num dos lugares mais perigosos do mundo.

BANDEIRA DA CONFEDERAÇÃO

    Em 2015, a ativista negra Brittany Bree Newsome escala o mastro e retira a bandeira da Confederação que tremulava diante do palácio do governo do estado da Geórgia.

Até 2001, a bandeira dos Estados Confederados da América (Sul), que queriam se separar da União por não aceitar o abolição da escravatura, é a bandeira do estado da Geórgia. A tentativa de separação causa a Guerra da Secessão (1861-65), a pior da história dos EUA.

Bree é presa ao descer. O jogador de basquete Dwayne Wade e o cineasta Michael Moore pagam a fiança. O gesto de desobediência civil – um protesto contra o massacre de nove negros numa igreja em Charleston, na Carolina do Sul, dez dias antes – provoca uma discussão sobre a manutenção dos símbolos da Confederação. Em 9 de julho, a Assembleia Legislativa aprova lei para remover definitivamente a bandeira.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Ex-comandante do Exército tenta dar golpe na Bolívia

O general Juan José Zúñiga, ex-comandante do Exército da Bolívia, foi preso hoje depois de tentar derrubar o governo numa tentativa de golpe fracassada. Zúñiga havia sido demitido ontem por ameaçar prender o ex-presidente Evo Morales se ele se candidatar a presidente.

Um dos países mais pobres da América do Sul, sem saída para o mar, que perdeu para o Chlle na Guerra do Pacífico (1879-83), a Bolívia tem uma longa história de instabilidade política. Foi palco de 194 tentativas de golpe de Estado até hoje. 

Desta vez, os militares rebeldes ocuparam a Praça Murillo, no Centro de La Paz, e invadiram o Palácio Queimado, que tem este nome porque foi incendiado numa revolta popular em 1875. O presidente Luis Arce, do partido Movimento ao Socialismo (MAS), não estava lá. Estava no novo palácio presidencial, a Casa Grande de Governo.

Arce peitou o general golpista, xingado por populares, e ordenou, como seu chefe supremo, que retirasse suas tropas e tanques das ruas. Foi um golpe rápido. Durou cerca de três horas.

Zúñiga exigia que Evo não seja mais candidato a presidente e a libertação da ex-presidente interina Jeanine Áñez e do governador do Departamento de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho. Os dois repudiaram o golpe. 

Na segunda-feira, Zúñiga declarou que prenderia Evo se o ex-presidente se candidatasse de novo. O general também queria um novo ministério e declarou que reconhecia Arce como comandante em chefe em chefe "por enquanto". É investigado por corrupção.

Em seguida, o presidente empossou os novos comandantes das Forças Armadas. Ao ser preso, o general golpista alegou que combinara o golpe com o presidente para melhorar a popularidade de Arce, abalada por uma crise econômica. 

O ex-vice-almirante Juan Arnez Salvador também foi detido por participar da conspiração golpista. A Marinha boliviana, alvo de ironia porque o país não tem saída para o mar, também participa de goles.

A inflação em alta, a falta de dólares, o aumento do desemprego e problemas na distribuição de combustíveis abalam a popularidade do governo esquerdista, que ainda enfrenta um conflito interno entre Evo Morales, que quer voltar ao poder, e o presidente Arce, que foi ministro de Economia e Finanças de Evo. Ambos querem se candidatar à Presidência em 2025.

Arce é considerado o arquiteto do crescimento de 344% e na queda da pobreza extrema de 38% para 15% da população nos governos de Morales. 

A Argentina, o Brasil, o Chile, a Colômbia, a Guatemala, Honduras, o México, o Uruguai, a Venezuela e a União Europeia condenaram o golpe. O bilionário Elon Musk já declarou que apoiaria um golpe na Bolívia porque o governo socialista não permite a exploração das grandes reservas de lítio, metal estratégico para fabricação de baterias e carros elétricos.

Hoje na História do Mundo: 26 de Junho

RICARDO III USURPA O TRONO

    Em 1483, durante a Guerra das Duas Rosas (1455-87), Ricardo Plantageneta, Duque de Gloucester, da Dinastia de York, começa seu reino na Inglaterra como Ricardo III depois de usurpar o trono de seu sobrinho Eduardo V, um dos principezinhos provavelmente assassinados na Torre de Londres.

A Guerra das Duas Rosas é uma disputa dos descendentes de Eduardo III, divididos nas dinastias de Lancaster e de York, pela coroa da Inglaterra

Ricardo nasce em 2 de outubro de 1452 no Castelo Fotheringhay, no Condado de Northampton, na Inglaterra, quarto filho do 3º Duque de York, o nobre mais poderoso do país na época. Chega a ser nomeado sucessor de Henrique V e a Lorde Protetor de Henrique VI, da Dinastia de Lancaster. Morre ao tentar implementar um acordo para acabar com a guerra.

Eduardo, o filho mais velho do 3º Duque de York, derrota Henrique VI e as forças de Lancaster e ascende ao trono em fevereiro de 1461 como Eduardo IV. Ricardo é leal a Eduardo IV.

Em 1478, Ricardo aceita acusações de traição contra seu irmão George, que é executado. Nas graças do rei, ele comando o Exército Real na Guerra Escocesa (1481-83), o que lhe dá uma base de poder.

Eduardo IV morre de repente em 9 de abril de 1483. Seu herdeiro legítimo é o filho ma s velho, Eduardo V, então com 12 anos. 

Ricardo dá o primeiro golpe em 1º de maio ao assumir o controle sobre Eduardo V, levando-o até Londres onde Ricardo é nomeado Lorde Protetor, o que o torna chefe do governo provisório até a maioridade do rei.

O segundo golpe é a execução, em 13 de junho de William Hastings, 1º Barão de Hastings, alto funcionário que cuidava dos palácios de Eduardo IV, condenado por traição.

No terceiro golpe, em 16 de junho, Ricardo Plantageneta pega o principezinho Ricardo sob o pretexto de prepará-lo para a coração do irmão, Eduardo V.

Em 26 de junho, Ricardo apresentou sua reivindicação ao trono, com o apoio do Exército do Norte. Em 6 de julho, Ricardo III e a rainha-consorte Ana são coroados na Abadia de Westminster.

Seu reino é curto. Acaba com a morte de Ricardo III na Batalha de Bosworth, em 22 de agosto de 1485, a batalha decisiva da Guerra das Duas Rosas, vencida por Henrique Tudor, marco do fim da Idade Média na Inglaterra. Henrique VII funda a Dinastia Tudor, que reina até a morte de Elizabeth I, em 1603.

APROVADA A CARTA DA ONU

     Em 1945, 50 países, inclusive o Brasil, assinam em São Francisco da Califórnia, nos Estados Unidos, a Carta da Organização das Nações Unidas "para livrar as futuras gerações do flagelo da guerra".

Eles criam a segunda organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial, depois do fracasso da Liga das Nações, fundada depois da Primeira Guerra Mundial (1914-18), pela Conferência de Paz de Versalhes, em evitar a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

A Carta da ONU é ratificada em 24 de outubro por 51 países, com a adesão da Polônia, que recupera sua independência depois de ser invadida pela Alemanha nazista em 1º de setembro de 1939, no começo da guerra. A primeira reunião da Assembleia Geral acontece em Londres, em 10 de janeiro de 1946.

Desde 1941, líderes aliados defendem a criação de uma nova organização internacional para garantir a paz. Em agosto daquele ano, antes que os EUA entrem na guerra, o presidente Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, assinam a Carta do Atlântico.

Depois do ataque japonês a Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, que leva os EUA à guerra, em 1º de janeiro de 1942, 26 países assinam em Washington a Declaração das Nações Unidas.

A partir de outubro de 1943, os três grandes líderes dos aliados – Churchill, Roosevelt e o ditador soviético Josef Stalin – se reúnem numa série de conferências para discutir a questão. Em fevereiro de 1945, em Ialta, na Crimeia, na União Soviética, chegam a um acordo para criar a ONU.

PONTE AÉREA PARA BERLIM

     Em 1948, durante a Guerra Friaos Estados Unidos e o Reino Unido começam uma ponte aérea para levar suprimentos (água, comida, roupas, remédios e combustíveis) a Berlim Ocidental, rompendo o bloqueio imposto pela União Soviética de Josef Stalin, que domina a Alemanha Oriental.

No fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), a Alemanha ocupada é divida em zonas sob o controle dos EUA, do Reino Unido, da França e da URSS. Em 1948, os aliados ocidentais anunciam a integração econômica de suas zonas de ocupação para criar a Alemanha Ocidental e a parte soviética vira Alemanha Oriental. 

Berlim, a capital alemã, que também é dividida, fica no Leste. Berlim Ocidental é um enclave dentro da Alemanha Oriental. Em 24 de junho de 1948, por ordem do ditador Josef Stalin, a URSS bloqueia o acesso por terra para tentar assumir o controle total da cidade, que está na linha de frente da Guerra Fria. 

A linha dura pressiona o presidente norte-americano, Harry Truman, a dar uma resposta militar a Stalin, mas Truman teme deflagrar uma nova guerra mundial. Dois dias depois, os aliados ocidentais lançam a Ponte Aérea de Berlim.

No início, os aviões aliados carregam 5 mil toneladas de suprimentos por dia; no fim, 8 mil toneladas por dia. Ao todo, são 2,3 milhões de toneladas de carga levadas em mais de 278 mil voos para romper o Bloqueio de Berlim Ocidental, numa das grandes batalhas da Guerra Fria. 

Em 12 de maio de 1949, a URSS suspende o bloqueio. Um mês antes, em 4 de abril, os aliados ocidentais criam a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA. A ponte aérea é mantida até setembro, a um custo de US$ 224 milhões.

Para evitar a fuga em massa de alemães-orientais, na noite de 12 para 13 de agosto de 1961, o regime comunista da Alemanha Oriental começa a construir um muro ao redor de Berlim Ocidental. 

O Muro de Berlim é a cicatriz viva da Guerra Fria. Sua abertura, em 9 de novembro de 1989, é marco do fim da confrontação estratégica entre os EUA e a URSS que dominadd a política internacional na segunda metade do século 20.

EUA ATACAM BAGDÁ

    Em 1993, o presidente Bill Clinton (1993-2001) autoriza um ataque de mísseis contra o quartel-general do serviço secreto do Iraque, em Bagdá, em retaliação por uma suposta conspiração para matar o ex-presidente George Bush (1989-93) durante uma visita ao Kuwait em abril daquele ano.

Um dia antes da chegada de Bush, 14 suspeitos, na maioria iraquianos, são presos na Cidade do Kuwait e, no dia seguinte, é encontrado o carro-bomba a ser usado no atentado.

Em resposta, 23 mísseis de cruzeiro Tomahawk são disparados de navios de guerra dos EUA no Golfo Pérsico contra a central de inteligência de Saddam Hussein, que seria derrubado e morto pela invasão americana de março de 2003, durante o governo George W. Bush (2001-9), filho do presidente que seria alvo do atentado.

EUA LEGALIZAM O CASAMENTO GAY

    Em 2015, a Suprema Corte decide que o casamento de pessoas do mesmo sexo não pode ser proibido e deve ser reconhecido em todos os Estados Unidos, dando finalmente aos casais homossexuais os mesmos direitos dos heterossexuais.

O marco do início do movimento pelos direitos dos homossexuais nos EUA é a Rebelião de Stonewall, iniciada quando a polícia invade o bar gay Stonewall Inn, no Greenwich Village, em Nova York, em 28 de junho de 1969. 

Quando a homossexualidade torna-se aceitável pela sociedade americana, há uma reação conservadora. Em 1996, o presidente Bill Clinton é forçado a assinar a Lei de Defesa do Casamento, que proíbe o reconhecimento do casamento gay pelas leis federais do país. 

No ano 2000, Vermont é o primeiro estado a reconhecer a união civil de casais homossexuais. O primeiro a legalizar o casamento gay é Massachusetts, em 2003. A questão vira um dos focos centrais da guerra cultural entre conservadores e liberais no governo George W. Bush (2001-9). 

Sob pressão dos conservadores, o presidente liberal Barack Obama (2009-17) orienta o Departamento da Justiça em 2011 a não defender o casamento. Mas, em 2013, a Suprema Corte declara ilegal a Lei de Defesa do Casamento e legaliza, na prática, o casamento gay na Califórnia. 

A ação Obergefell x Hodges é iniciada por Jim Obergefell. Ele casa com John Arthur em Maryland, mas o casamento não é reconhecido no estado de Ohio. Por 5-4, a Suprema Corte decide em favor do casal.

Há dois anos, no voto para acabar com o direito constitucional ao aborto, o ministro Clarence Thomas, considerado o mais conservador da Suprema Corte, defende a revisão das decisões que autorizaram o uso de métodos anticoncepcionais, as relações sexuais consensuais entre adultos, inclusive do mesmo sexo, e o casamento gay. 

terça-feira, 25 de junho de 2024

Assange faz acordo e recupera liberdade

 O anarquista e ciberpirata australiano Julian Assange fez um acordo com a Justiça dos Estados Unidos para confessar a culpa em uma das acusações que pesavam contra ele em troca da retirada de todas as outras acusações e de sua libertação. É o fim de uma longa batalha judicial para evitar a extradição para os EUA.

Assange é o fundador do WikiLeaks, um site que divulgou em 2010 centenas de milhares de documentos secretos do Departamento da Defesa e do Departamento de Estado norte-americanos, revelando crimes cometidos nas invasões do Afeganistão e do Iraque dentro da guerra do governo George W. Bush contra o terrorismo dos extremistas muçulmanos.

Em novembro de 2010, a Suécia emitiu uma ordem de prisão internacional contra Assange por supostos crimes sexuais. Ele nega as acusações e acredita ser alvo de uma conspiração internacional para levá-lo para os EUA, sob ameaça de pegar prisão perpétua.

Um mês depois, Assange se entrega às autoridades do Reino Unido, que examinam um pedido de extradição feito pelos EUA. Dez dias depois, consegue liberdade mediante pagamento de fiança. 

Depois de perder um recurso contra a extradição, em agosto de 2012, Assange pede asilo à Embaixada do Equador em Londres, onde fica até ter o asilo suspenso e ser preso pela polícia britânica em 11 de abril de 2019. 

Durante a eleição presidencial de 2016 nos EUA o WikiLeaks ajudou a campanha de Donald Trump divulgando e-mails do Partido Democrata e do servidor privado da ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, candidata do partido. Em 2017, a Suécia encerra o caso sobre crimes sexuais e cancela o mandado de prisão europeu.

Um movimento internacional se articulou para lutar por sua liberdade em nome da defesa da liberdade de expressão. Assange poderia ser condenado por roubar documentos secretos, não por divulgá-los, já que a Emenda nº 1 à Constituição dos EUA garante plena liberdade de imprensa. E o presidente Barack Obama, no último dia de governo, deu indulto ao ex-soldado Bradley Manning, depois Chelsea Manning, que roubou os documentos quando estava no Exército dos EUA.

Na manhã desta segunda-feira, Assange deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh, perto de Londres, e foi levado até o aeroporto de Stanstead, onde foi libertado. Ele foi para Saipan, nas Ilhas Marianas, onde vai assinar o acordo fechado com o Departamento da Justiça, confessando a culpa por obter e divulgar ilegalmente segredos da segurança nacional dos EUA. Deve ser condenado a 5 anos de prisão, período que cumpriu na Inglaterra, e libertado para seguir para a Austrália.

Hoje na História do Mundo: 25 de Junho

MAIOR VITÓRIA INDÍGENA 

    Em 1876, as tribos Sioux lideradas por Touro Sentado e Cavalo Doido vencem o 7º Regimento de Cavalaria do Exército dos Estados Unidos, comandado pelo coronel George Custer, perto do Rio Little Big Horn, no Sul do estado de Montana.

Depois da descoberta de ouro em Dakota do Sul, o Exército dos EUA entra na região, ignorando os tratados vigentes. Muitos sioux e cheyennes abandonam as reservas e se juntam a Touro Sentado e Cavalo Doido em Montana.

Na primavera de 1876, havia 10 mil índios acampados junto ao Rio Little Big Horn, desafiando ordens do governo norte-americano de voltar para suas reservas. Três colunas do Exército são enviadas para atacar os indígenas. Em 17 de junho, 1,2 mil nativos rechaçam a primeira ofensiva do Exército.

Cinco dias depois, o general Alfred Terry manda o coronel Custer e o 7º Regimento da Cavalaria. Na manhã de 25 de junho, Custer chega perto do acampamento e decide atacar, sem esperar os reforços que estão a caminho. Ao meio-dia, Custer entra no Vale de Little Big Horn com 600 homens. Os índios logo percebem o ataque.

Enquanto Touro Sentado, mais velho, organiza a retaguarda para proteger mulheres e crianças, Cavalo Doido parte para um contra-ataque frontal. Custer e um batalhão de 200 homens enfrentam 3 mil indígenas. Em um hora, o coronel e todos os seus soldados morrem.

A Batalha de Little Big Horn é a maior vitória dos índios e a maior derrota do Exército nas guerras indígenas dos EUA. A morte de Custer e seus homens reforça a imagem de "selvagens" dos nativos.

Cinco anos depois, quase todos os cheyennes e sioux estão confinados em reservas. Em 29 de dezembro de 1890, eles são massacrados num acampamento junto ao Riacho de Wounded Knee, no estado de Dakota do Sul. Pelo menos 150 homens, mulheres e crianças indígenas morrem.

ZEBRA NA COPA DE 1950

    Em 1950, um time de amadores dos Estados Unidos derrota a Inglaterra por 1-0 em Belo Horizonte na primeira Copa do Mundo no Brasil, numa das maiores zebras da história do futebol. Os ingleses se consideram os reis do futebol e disputam sua primeira Copa do Mundo.

O gol é marcado por Joe Gaetjens, nascido no Haiti. Mais tarde, ele volta à sua terra natal e desaparece durante a ditadura de François Duvalier, o Papa Doc (1957-71).

INÍCIO DA GUERRA DA COREIA

     Em 1950, a Coreia do Norte invade a Coreia do Sul no começo da Guerra da Coreia.


 Os Estados Unidos e aliados reagem e entram na guerra com um mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas para reunificar a Península Coreana. A União Soviética, que criara a Coreia do Norte, não veta. Está boicotando a ONU por causa da não admissão da República Popular a China.

Os EUA repelem a invasão norte-coreana e invadem a Coreia do Norte, levando o 4º Exército da China, comandado por Lin Piao, a entrar na guerra, em outubro de 1950, e a empurrar as forças americanas e aliadas de volta para o Sul, restaurando a situação anterior ao conflito armado. A partir daí, há um equilíbrio de forças, um impasse, até o fim dos combates, em 27 de julho de 1953.

Dentro da Guerra da Coreia, há uma guerra entre EUA e China. A China ganha, ao atingir seu objetivo político de restaurar o status quo pré-guerra, evitando a presença de um aliado dos EUA junto à sua fronteira. Os dois países nunca mais entram em guerra. 

Agora que a China também se torna uma superpotência e disputa a supremacia mundial, o risco de conflito aumenta. O maior desafio das relações internacionais nos próximos anos e décadas será acomodar a ascensão da China e o declínio relativo dos EUA. 

Cerca de 5 milhões de pessoas morrem na Guerra da Coreia. Até hoje, não há um acordo de paz definitivo. Os EUA mantêm 28,5 mil soldados na Coreia do Sul e, desde 2006, a Coreia do Norte possui armas nucleares. O presidente Donald Trump tenta um diálogo direto com o ditador Kim Jong Un, sem sucesso. O atual ditador é neto do Grande Líder Kim Il Sung, que começou a guerra.

TERROR NA ARÁBIA SAUDITA

    Em 1996, um atentado terrorista com um caminhão-bomba carregado com 11 toneladas de explosivos atingiu as Torres Khobar, um complexo habitacional de soldados da Força Aérea dos Estados Unidos em Darã, na Arábia Saudita, matando 19 militares e ferindo outros 498.


É a pior ação terrorista contra militares norte-americanos desde o ataque com caminhão-bomba contra o quartel-general dos fuzileiros navais em Beirute, no Líbano, que matou 241 soldados em 23 de outubro de 1983.

Os EUA acusam a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá, apoiada pelo Irã, pelo ataque às Torres Khobar. Em julho de 2020, a Justiça norte-americana condena o Irã a pagar US$ 879 milhões, R$ 4,2 bilhões pelo câmbio atual sem correção monetária, de indenização aos sobreviventes.

SENTENCIADO ASSASSINO DE FLOYD

    Em 2021, a Justiça dos Estados Unidos sentencia o ex-policial branco Derek Chauvin a 22 anos e meio de prisão pelo assassinato do segurança negro George Floyd, em Mineápolis, em 25 de maio de 2020.


Durante 9 minutos e 25 segundos, o policial pressiona o pescoço de Floyd, algemado e caído de bruços no chão, enquanto a vítima reclama: "Eu não consigo respirar."

As imagens feita por uma menor de idade correm o mundo e causam uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial em dezenas de países do mundo inteiro. Ao proferir a sentença, o juiz Peter Cahill considera agravantes a "grande crueldade" de Chauvin e a presença de menores assistindo a tudo.