terça-feira, 5 de outubro de 2021

Nobel da Física vai para estudos que explicam aquecimento global

 O americano Syukuro Manabe, o alemão Klaus Hasselman e o italiano Giorgio Parisi ganharam hoje o Prêmio Nobel de Física de 2021 por suas "contribuições inovadoras" para ajudar a entender fenômenos físicos complexos como o clima da Terra e a influência humana no aquecimento global, anunciou hoje em Estocolmo a Academia de Ciências da Suécia. É a primeira vez que cientistas do clima recebem o prêmio.

"Os descobrimentos reconhecidos neste ano demonstram que nosso conhecimento sobre o clima repousam sobre uma base científica sólida e uma análise rigorosa das observações. Todos os premiados deste ano contribuíram para que conheçamos melhor as propriedades e a evolução de sistemas físicos complexos", declarou o presidente do Comitê do Prêmio Nobel de Física.

Manabe, professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, formulou em 1967 um modelo que confirma que o aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera causa um aumento da temperatura na superfície da Terra. 

Foi o primeiro a investigar a interação entre a radiação e o movimento de massas de ar, fundamentais para o estudo dos modelos climáticos atuais, e relacionou o degelo do Oceano Ártico com as correntes marítimas o Atlântico Norte.

Dez anos depois, Hasselmann, pesquisador do Instituto Max Planck para Meteorologia, de Hamburgo, na Alemanha, criou um sistema para entender e prever o clima. Seu modelo relaciona fenômenos clmáticos de curto prazo como uma chuva ou seca às correntes atmosféricas e oceânicas. Isto permitiu comprovar a importância decisiva das emissões humanas de dióxido de carbono no aumento da temperatura do planeta.

Em 1980, Parisi, da Universidade Sapienza, de Roma, descobriu padrões ocultos de interação de desordens e flutuações em sistemas físicos, de uma pequena quantidade de átomos a toda a atmosfera da Terra, que ajudam a compreender e descrever fenômenos sumamente complexos. Seu trabalho teve impacto em outras ciências como matemática, biologia e computação.

As descobertas dos três foram fundamentas para o trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, do inglês). Em agosto, este painel de cientistas reunido pelas Nações Unidas previu que a temperatura média do planeta vai subir 2,7 graus centígrados até o fim do século mesmo se todos os países cumprirem as promessas feitas com base no Acordo de Paris sobre Mudança do Clima. 

A consequência será a ocorrência de fenômenos climáticos mas radicais, como temperaturas extremas, secas, enchentes, incêndios espontâneos, ciclones e tornados com efeitos graves como quebra de safras, desertificação, alagamento de zonas costeiras, miséria, fome, migrações e conflitos.

Parisi advertiu os governos para a necessidade de medidas "urgentes". A questão será discutida de 31 de outubro a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia, na 26ª Conferência das Partes do Acordo do Clima (CoP-26). 

Os doutores Manabe e Hasselmann dividirão a metade do prêmio de 10 milhões de coroas suecas, cerca de US$ 1,15 milhões ou R$ 6,3 milhões pelo câmbio de hoje. Parisi vai receber a outra metade.

Amanhã, sai o resultado do Prêmio Nobel de Química; na quinta-feira, de literatura; na sexta-feira, da paz; e na próxima segunda-feira, de economia.

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