segunda-feira, 17 de junho de 2019

Morre na prisão o único presidente eleito da história do Egito

O ex-presidente do Egito Mohamed Mursi, derrubado por um golpe militar em 3 de julho de 2013, morreu aos 67 hoje num tribunal do Cairo. Mursi, da Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista islâmico, foi eleito em 2012, depois da queda do ditador Hosni Mubarak na Primavera Árabe, em 11 de fevereiro de 2011. Sua morte deve provocar protestos dos islamistas.

Mursi sofria de diabetes e teve um colapso cardíaco depois de uma audiência no tribunal, onde respondia a processos. Sua deposição pelo atual ditador, marechal Abdel Fattah al-Sissi, marcou o fim da breve experiência democrática do Egito.

Depois da queda, o ex-presidente foi condenado a 45 anos de prisão, a 20 anos por incitar as forças de segurança a atacar manifestantes em 2012 e a 25 anos por espionagem a favor do Catar, aliado da Irmandade Muçulmana, declarada grupo terrorista pelo novo governo egípcio.

Um de seus maiores aliados, o ditador da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o chamou de mártir: "Que Alá dê a nosso mártir, nosso irmão Mursi, sua misericórdia. Outro aliado importante, o emir do Catar, xeque Tamin ben Hamad al-Thani, manifestou "profunda tristeza".

Com o golpe, mais de 1,4 mil manifestantes da Irmandade Muçulmana foram mortos e 15 mil presos. Centenas de islamistas foram condenados nos últimos anos sob acusação de terrorismo. Os mesmos ativistas que derrubaram Mubarak na esperança de democratizar o país saíram às ruas para denunciar o autoritarismo de Mursi e da Irmandade Muçulmana, convidando os militares a dar o golpe de 2013.

O regime hoje é ainda mais repressivo do que no tempo de Mubarak. A Primavera Árabe só democratizou a Tunísia. A Líbia, a Síria e o Iêmen estão até hoje em guerra civil.

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