sábado, 10 de novembro de 2018

Mais de 80% dos solos europeus têm resíduos de agrotóxicos

Uma análise de 317 amostras de solos onde são cultivados milho, trigo, legumes e uvas em 11 países da União Europeia constatou a presença de resíduos de pesticidas em mais de 80% dos casos, revelou uma pesquisa da Universidade de Wageningen, na Holanda, publicada na revista científica Science of the Total Environment.

A presença de pesticidas é a norma, não a exceção, concluiu o estudo. Foi testada a existência de 76 substâncias de combate a pragas da lavoura. Cerca de 58% das amostras tinham múltiplos resíduos de pesticidas até um máximo de 13 produtos químicos diferentes, enquanto 25% tinham um pesticida.

Entre os produtos químicos potencialmente perigosos encontrados, estão o glifosato, resíduos de DDT, proibido na Europa há décadas, e fungicidas como boscalida, epoxiconazol e tebuconazol. A maior concentração foi de 2,87 miligramas de pesticida por quilo de solo.

"Até agora, não existe uma legislação impondo limites ou padrões de qualidade para a presença de pesticidas aprovados no solo, ameaçando micro-organismos essenciais", declarou a professora Violette Geissen, do Grupo de Manejo da Terra e do Solo.

A professora advertiu: "É urgente adequar as políticas de proteção do solo a nível da UE. Além disso, os procedimentos atuais de aprovação de pesticidas devem ser reavaliados para cobrir os efeitos potenciais de misturas de resíduos de pesticidas sobre os organismos do solo."

Esta aí uma discussão importante no Brasil, o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, no momento em que um projeto de lei de autoria do ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi tenta facilitar o licenciamento temporário e a aprovação definitiva de defensivos agrícolas, com amplo apoio dos fazendeiros e da bancada ruralista, uma das bases de apoio do futuro governo federal.

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