sexta-feira, 13 de abril de 2018

Trump perdoa ex-assessor de Cheney que revelou identidade de agente da CIA

Em mais um desafio à Justiça, o presidente Donald Trump indultou Lewis Scooter Libby, chefe de pessoal do vice-presidente Dick Cheney, no governo George W. Bush (2001-9), condenado a dois anos e meio de prisão e multa de US$ 250 mil por mentir ao júri e aos investigadores do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos Estados Unidos, e obstrução de justiça no processo sobre a revelação identidade de uma agente secreta da Agência Central de Inteligência (CIA), em 2007.

"Não conheço o Sr. Libby, mas há anos ouço dizer que foi tratado injustamente", declarou Trump. "Espero que este perdão completo vai ajudar a retificar um período muito triste de sua vida." A Casa Branca alegou que desde a condenação ele teve uma conduta "imaculada e continua a ser visto em alta estima por seus pares e colegas".

Valery Plame Wilson é casada o embaixador Joseph Wilson, que fez um relatório negando uma suposta compra de urânio no Níger, um país africano, pelo então ditador do Iraque, Saddam Hussein. A alegação partiu do serviço secreto da Itália, na época governada pelo arquicorrupto primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

A compra inexistente de urânio nigerino pelo Iraque foi usada por Bush como argumento para afirmar que Saddam estava desenvolvendo a bomba atômica, entre outras armas de destruição em massa. Wilson denunciou a farsa na imprensa na época da invasão do Iraque, em 2003.

Bush comutou a pena de Libby, que nunca chegou a ser preso, mas se negou a dar o perdão total como queria Cheney. Trump, um presidente sem quaisquer escrúpulos, perdoou Libby no momento em que volta à guerra contra o ex-diretor-geral do FBI James Comey.

"No dia em que o presidente ataca Comey erradamente por ser um 'vazador e mentiroso', ele perdoa um vazador e mentiroso condenado, Scooter Libby", comentou no Twitter o deputado democrata Adam Schiff. "É a maneira do presidente enviar uma mensagem aos implicados no inquérito sobre a Rússia: vocês têm meu apoio e eu tenho o de vocês."

Em livro de memórias, Comey acusou o presidente de ignorar a lei e agir como um chefão da máfia. Ele foi o primeiro e único diretor-geral do FBI demitido por razões políticas. Outro foi afastado por corrupção. Comey presidia a investigação sobre um possível conluio da campanha de Donald Trump com a Rússia.

Diante da demissão de Comey, o Departamento da Justiça nomeou outro ex-diretor-geral do FBI, Robert Mueller, como procurador especial para investigar a interferência indevida da Rússia nas eleições de 2016 nos EUA.

Nenhum comentário: