sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Procurador denuncia russos por ingerência em eleição nos EUA

O procurador especial Robert Mueller denunciou hoje 13 cidadãos e três empresas da Rússia por interferência nas eleições de 2016 nos Estados Unidos. Eles são acusados de criar perfis falsos na Internet e de roubar as identidades de cidadãos americanos para manipular a opinião pública, noticiou o boletim de notícias The Hill.

"Esta denúncia serve de lembrança de que as pessoas nem sempre são o que parecem ser na Internet", advertiu o subprocurador-geral Rod Rosenstein ao anunciar a decisão do procurador especial. "A denúncia alega que conspiradores russos querem promover a discórdia nos EUA e minar a confiança do público na democracia."

O principal acusado é Yevguêni Prigojin, um bilionário próximo do presidente Vladimir Putin. Suas empresas Concord Management and Consulting e Concord Catering foram usadas para financiar a operação, que movimentou US$ 1,25 milhões.

Alexandra Krilova, Anna Bogacheva e Mavia Bovda tinham vistos de turista viajando por "razões pessoais". Krilova e Bogacheva estiveram em Nevada, Califórnia, Novo México, Colorado, Illinois, Michigan, Louisiana, Texas e Nova York.

Em 2014, a Agência de Pesquisas na Internet, um braço de espionagem eletrônica do governo russo com sede em São Petersburgo, iniciou as ações de sabotagem às eleições dos EUA.  Só com propaganda no Facebook, gastou US$ 100 mil, atingindo 126 milhões de americanos. No Twitter, foram identificados cerca de 3,8 mil perfis falsos e 50 mil robôs ligados à operação russa.

Ao invés de fazer uma declaração sobre a guerra cibernética deflagrada pela Rússia contra as democracias ocidentais, o presidente Donald Trump declarou no Twitter que a denúncia exime sua campanha das suspeitas de conluio com o Kremlin para prejudicar a candidatura de Hillary Clinton.

"A Rússia começou sua campanha contra os EUA em 2014, muito antes que eu anunciasse que concorreria à Presidência", escreveu o presidente no seu meio de comunicação favorito. "O resultado da eleição não foi afetado. A campanha de Trump não fez nada de errado - não houve conluio."

Não é exatamente o que diz a denúncia: "As operações dos acusados incluíram o apoio à campanha presidencial do então candidato Donald Trump e a depreciação de Hillary Clinton. Os acusados fizeram várias despesas para realizar estas atividades, inclusive a compra de espaço publicitário nas redes sociais em nome de pessoas e entidades dos EUA."

Mueller não acusou a campanha de Trump. A denúncia afirma que alguns denunciados, enquanto se passavam por cidadãos americanos, se comunicaram com "indivíduos associados à campanha de Trump e outros ativistas para coordenar ações políticas" sem que os americanos soubessem que estavam sendo manipulados por russos.

Os russos se concentraram em estados decisivos, onde tanto Hillary quanto Trump tinham chance de ganhar, como a Flórida, a Virgínia e o Colorado. Uma das jogadas foi tentar convencer minorias a não votar ou não votar nos grandes partidos, preferindo candidatos alternativos sem chance real. Também divulgaram notícias falsas sobre supostas fraudes eleitorais que teriam sido cometidas pelos democratas.

A Casa Branca festejou a denúncia por não envolver americanos, mas a investigação do procurador especial está longe do fim. O argumento de Trump de que se trata de uma notícia falsa, de uma vingança da oposição insatisfeita com a derrota de Hillary desabou hoje.

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