terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

CNA exige a renúncia do presidente da África do Sul

O Congresso Nacional Africano (CNA) está exigindo a renúncia imediata do presidente Jacob Zuma, investigado em centenas de casos de corrupção. Até agora, ele resiste. Se não renunciar até amanhã, o maior partido da África do Sul pode ser obrigado a recorrer à Assembleia Nacional e ao apoio da oposição para derrubar Zuma, o que pode ocorrer na quinta-feira.

Aos enviados do partido, o presidente pediu mais três a seis meses. O partido rejeitou, alegando a necessidade de restaurar a integridade do governo sul-africano. Zuma pode ser afastado através de um voto de desconfiança no Parlamento, admitiu o secretário-geral do CNA, Ace Magashule.

Em realidade, o regime político da África do Sul é parlamentarista. É a Assembleia Nacional que elege o presidente. O CNA ainda reluta porque o afastamento de Zuma no Parlamento deixaria evidente a divisão do partido e a falta de disciplina interna. Basta maioria simples, mas isso pode exigir votos da oposição.

O destino de Zuma está selado desde que uma de suas mulheres perdeu, em dezembro do ano passado, a disputa pela liderança do partido para o vice-presidente Cyril Ramaphosa, que denunciou a "captura da máquina do Estado" pelos amigos do presidente.

Hoje de manhã, depois de 13 horas de reunião, o CNA decidiu encerrar o reinado de nove anos do arquicorrupto Zuma. Só de obras de sua mansão privada, a Suprema Corte da África do Sul exigiu a devolução de US$ 23 milhões (R$ 76 milhões) aos cofres públicos.

Quando derrubou o então presidente Thabo Mbeki da liderança do partido e da Presidência, Zuma se beneficiou de um erro de investigação da polícia federal sul-africana. Um processo sobre um negócio suspeito de compra de armas foi anulado por erros de procedimento em operações de busca e apreensão em escritórios do então vice-presidente.

Para o líder da organização Liderança Empresarial da África do Sul, Bonang Mohale, a recusa em renunciar mostra que Zuma é "movido por nada mais do que avareza, miopia e um egoísmo sem limites".

Ramaphosa era presidente do Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (Cosatu), a central sindical aliada ao CNA na luta contra o apartheid, o regime segregacionista da minoria branca. Quando os negros chegaram ao poder, em 1994, ele foi cotado para vice-presidente de Nelson Mandela, mas acabou preterido por Mbeki.

Nos anos em que esteve fora da política, o novo líder sul-africano enriqueceu no setor privado. Depois do Massacre de Marikana, em 16 de agosto de 2012, quando 34 mineiros foram metralhados e mortos e 78 saíram feridos. Foi a pior matança na África do Sul desde o Massacre de Sharpeville,com 69 mortes,  em 1960. Ramaphosa foi acusado de acobertar os responsáveis pela tragédia.

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