segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Rei pede a novo governo que respeite "pluralidade" da Catalunha

Em seu discurso de Natal, o rei Felipe VI pediu ao Parlament da Catalunha que forme um novo govern que respeite a pluralidade da região, a segunda mais rica da Espanha, onde um movimento nacionalista luta pela independência, noticiou o jornal La Vanguardia, de Barcelona.

O rei havia se pronunciado em 3 de outubro, dois dias depois do plebiscito ilegal e inconstitucional sobre a independência convocado pelo governo regional dissolvido pelo primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, ao suspender a autonomia regional e intervir na região.

Na véspera do Natal, Felipe VI insistiu em que "respeitar e preservar os princípios e valores de nosso Estado de Direito é imprescindível para garantir uma convivência que assegure a liberdade, a igualdade, a justiça e o pluralismo político."

O discurso de Natal do rei é o único feito totalmente no Palácio da Zarzuela, residência oficial dos reis da Espanha, com a revisão final no Palácio da Moncloa, sede do governo. Assim, foi menos imperativo e mais conciliador.

Felipe VI lembrou que, nos últimos 40 anos, depois da morte do ditador Francisco Franco, em 1975, "conseguimos tornar realidade um país novo e moderno, um país dos mais avançados do mundo" e "comprovado o compromisso muito sentido, firme e sincero dos espanhóis com uma Espanha democrática que construímos juntos".

Desta maneira, "implantamos definitivamente a democracia, inclusive superando há décadas a tentativa de involução de nossas liberdades e direitos", afirmou, numa referência à ditadura franquista (1936-75). Ele citou a adesão à União Europeia e a luta contra o terrorismo como uma "amostra da força de nossas convicções democráticas" - e mudanças "na educação e na cultura, na saúde e nos serviços sociais, na infraestrutura e nas comunicações, ou na defesa e na segurança do cidadão".

Em todos esses anos, "a convivência democrática, os direitos e as liberdades, o progresso e a modernização da Espanha, e também sua relevância e progresso internacionais andaram lado a lado." O rei descreveu esses avanços como "um triunfo de todos os espanhóis" e alertou para o risco da radicalização política.

"Como sabemos, o enfrentamento e a discórdia, incerteza, desânimo e empobrecimento moral, cívico e econômico de toda a sociedade", advertiu o rei, num apelo para que "renasçam a confiança, o prestígio e a melhor imagem da Catalunha".

 E concluiu: "A Espanha hoje é uma democracia madura, onde qualquer cidadão pode pensar, defender a contrastar livre e democraticamente suas ideias; mas não impor suas próprias ideias ante os direitos dos outros."

O movimento pela independência quer criar a República da Catalunha. Nas eleições de 21 de dezembro, os independentistas conquistaram uma maioria absoluta de 70 das 135 cadeiras do Parlament, mas ainda não formaram o novo govern

Seu principal líder, o ex-governador Carles Puigdemont, da aliança Juntos pela Catalunha, está refugiado na Bélgica e ameaçado de prisão se voltar à Espanha. O vice-governador Oriol Junqueras, da Esquerda Revolucionária da Catalunha (ERC), está preso em Madri. Ambos foram denunciados por "sedição, rebelião e traição à pátria".

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