quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Evangélico pedófilo aliado de Trump perde eleição no Alabama

O candidato democrata Doug Jones foi eleito para o Senado dos Estados Unidos pelo estado do Alabama, vencendo o ex-juiz evangélico Roy Moore, aliado do presidente Donald Trump, acusado pedofilia por várias mulheres durante a campanha eleitoral.

Foi a primeira vitória democrata para o Senado no Alabama desde 1972 e o senador eleito naquele ano aderiu ao Partido Republicano dois anos depois. A derrota reduz a maioria republicana no Senado para dois votos (51-49), dificultando a aprovação das propostas legislativas do governo Trump. O presidente apoiou outro candidato na eleição primária republicana, mas resolveu ficar com Moore, apesar das denúncias de crimes sexuais.

Como o resultado foi apertado, Moore recusou-se a reconhecer a derrota, argumentando que, quando a diferença é de 1%, os votos devem ser recontados. Na realidade, a lei do Alabama prevê a recontagem quando a diferença for de até 0,5% ou quando um candidato pedir e pagar.

Com 99% da apuração concluída, a diferença é de 1,5% dos votos apurados. A vantagem do democrata é menor do que os 22.783 votos, cerca de 1,7%, preenchidos à mão por republicanos que se recusaram a votar em Moore.

Quando Trump nomeou o então senador Jeff Sessions para secretário da Justiça, ninguém poderia imaginar que os republicanos perderiam uma eleição no estado, um dos mais pobres e conservadores dos EUA. Mas o candidato errado ganhou a eleição prévia e se negou a desistir quando foi desmoralizado.

Durante a campanha, uma mulher revelou ter sido molestada sexualmente por Moore quando ela tinha 14 anos e ele 32, em reportagem publicada no jornal The Washington Post. Várias outras mulheres fizeram acusações semelhantes.

O ex-desembargador, afastado duas vezes do Tribunal de Justiça do Alabama por querer colocar os Dez Mandamentos do cristianismo dentro da corte, negou tudo. Alegou se tratar de uma conspiração esquerdista para desmoralizá-lo.

Mesmo assim, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, outros dirigentes do Partido Republicano e até Ivanka Trump, filha do presidente, declararam que acreditavam nas mulheres. Eles não conseguiram convencer Trump a abandonar Moore, o que o pressionaria a desistir da candidatura.

Trump entrou pessoalmente na campanha e insistiu que a eleição de um republicano era fundamental para manter a maioria do partido no Senado. Foi uma derrota pessoal.

Outro grande perdedor foi o ex-chefe de campanha e ex-estrategista de Trump na Casa Branca, Steve Bannon, um guru do ultranacionalismo e antiglobalismo da ultradireita, que apoiou Moore desde a primária.

Trump é acusado de abuso sexual por pelo menos dez mulheres. Anos atrás, nos bastidores de um programa de televisão, ele fez comentários revelados durante a campanha em que se gabava de apalpar os órgãos sexuais de mulheres que não reagiriam negativamente porque ele é rico e famoso.

Apesar do escândalo, Trump foi eleito. Com a onda de denúncias de crimes sexuais cometidos pelo produtor de cinema Harvey Weinstein, magnatas de Hollywood, jornalistas, chefs de cozinha e outras celebridades caíram do pedestal e estão sendo processados por assédio sexual.

Os políticos foram os últimos. Sob pressão das bancadas femininas, o senador Al Franken renunciou ao mandato na semana passada. E agora as mulheres que acusam Trump voltaram as manchetes e insistem que o presidente seja investigado por crimes sexuais.

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