segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Cyril Ramaphosa é o novo líder do Congresso Nacional Africano

Por 2.440 a 2.261 votos, o vice-presidente Cyril Ramaphosa foi eleito há pouco novo líder do Congresso Nacional Africano (CNA), o partido de Nelson Mandela, que governa a África do Sul desde o fim do regime segregacionista branco do apartheid, em 1994, noticiou a televisão pública britânica BBC. Ele deve ser eleito presidente do país depois das eleições gerais de 2019.

Quando acabou a ditadura da minoria branca, Ramaphosa era presidente do Congresso de Sindicatos da África do Sul (Cosatu), a mais poderosa central sindical sul-africana. Chegou a ser cotado como vice de Mandela, mas não foi o escolhido e trabalhou alguns anos na iniciativa privada, onde fez fortuna.

Na disputa pela liderança do CNA, Ramaphosa se apresentou como o candidato anticorrupção contra Nkosazana Dlamini-Zuma, mulher do presidente Jacob Zuma, envolvido em vários escândalos de corrupção. Sua vitória é uma derrota pessoal de Zuma.

A Suprema Corte da África do Sul condenou Zuma a devolver aos cofres públicos US$ 23 milhões usados ilegalmente em sua mansão. Mesmo assim, ele escapou de um processo de impeachment por causa da ampla maioria do CNA na Assembleia Nacional. Na última votação, 34 deputados do CNA foram a favor do impeachment, revelando uma profunda divisão interna do partido, refletida hoje nas urnas.

Ao povo sul-africano, Ramaphosa prometeu um novo pacto com investimentos pesados em educação, saúde e energia para resgatar a dívida social do apartheid. Outro desafio é a economia, que cresceu 0,8% ao ano em média nos últimos quatro anos. Sua carreira ficou manchada por acusações de ajudar a acobertar o Massacre de Marikana.

Em 16 de agosto de 2012, numa cena que lembrou os piores momentos da era do apartheid, a polícia abriu fogo contra uma multidão de mineiros em greve. Pelo menos 34 mineiros foram mortos, 78 saíram feridos e 250 foram presos. Foi a maior matança no país desde o Massacre de Sharpeville, em 1960, quando 69 negros foram mortos.

Por causa do Massacre de Sharpeville, o CNA aderiu à luta armada contra a ditadura da minoria branca. Mandela foi nomeado comandante militar da Lança da Nação, o braço armado do partido, o que o levaria à prisão em 1962 e à condenação à morte em 1964, depois convertida em prisão perpétua. Vinte e sete anos depois, em 1991, ele sairia da prisão para liderar a transição pacífica para a democracia.

Desde o fim das sanções internacionais impostas ao regime do apartheid, em 1996, o produto interno bruto sul-africano triplicou, chegando a US$ 294,1 bilhões em 2016 pelos cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI). É a terceira maior economia da África, depois da Nigéria e do Egito.

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