terça-feira, 17 de outubro de 2017

Jornalista que denunciava corrupção no governo de Malta é morta

A jornalista Daphne Caruana Galizia, que investigava o envolvimento de altas autoridades de Malta no escândalo dos Papéis do Panamá, foi morta ontem com a explosão de seu carro. Seu filho denunciou que a ilha é um "Estado mafioso" dirigido por "bandidos".

O primeiro-ministro Joseph Muscat, acusado junto com a mulher de ter conta bancária ilegal no exterior, declarou estar indignado com a "barbárie": "O que aconteceu hoje é inaceitável. Hoje é um dia negro para nossa democracia e a liberdade de expressão. Não vou descansar enquanto não for feita justiça."

Daphne Galizia, de 53 anos, foi assassinada por volta das 15h de ontem (11h em Brasília), meia hora depois de publicar em seu blogue denúncias contra o chefe da Casa Civil de Malta, Keith Schembri. Ele é acusado de criar uma empresa de fachada no Panamá logo depois da vitória do Partido Trabalhista nas eleições de 2013.

"Minha mãe foi assassinada porque ficou entre o Estado de Direito e aqueles que tentam violá-la, como tantos jornalistas fortes", escreveu Matthew Caruana Galizia no Facebook. "Mas ela foi alvejada porque era a única pessoa a fazer isso. Isto acontece quando as instituições do Estado não estão capacitadas: a última pessoa geralmente é jornalista. O que a tornou na primeira pessoa a ser morta."

Matthew acrescentou que a morte da mãe "não foi um homicídio comum nem uma tragédia. Trágico é alguém ser atropelado por um ônibus. Quando há sangue e fogo ao redor de você, é uma guerra. Somos um povo em guerra contra o Estado e o crime organizado, que se tornaram indistinguíveis."

Ele concluiu: "Sim, é onde estamos, num Estado mafioso onde você será explodido por exercer suas liberdades fundamentais, apenas para vermos aqueles que deveriam nos proteger estão celebrando."

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