quinta-feira, 12 de outubro de 2017

EUA e Israel abandonam a Unesco citando viés anti-israelense

O governo Donald Trump anunciou hoje a decisão de retirar os Estados Unidos da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) por causa de seu suposto "contínuo viés anti-israelense". Israel vai seguir o exemplo.

"Não foi uma decisão tomada facilmente", declarou o Departamento de Estado, citando, além da questão israelense, "a necessidade de reformas profundas" e "as dívidas crescentes" da Unesco.

A retirada será no fim de 2018. Como observador não membro, os EUA poderão dar ajuda e assistência técnica à organização.

"É uma decisão moral corajosa", afirmou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aplaudindo e aderindo à decisão americana. "A Unesco virou um teatro do absurdo. Em vez de preservar a história, a distorce."

Mais conhecida por designar os lugares considerados patrimônio histórico, artístico e cultural da humanidade, a Unesco fez campanhas para erradicar o analfabetismo e promover a educação, a educação sexual e a igualdade da mulher, informa a revista americana National Geographic.

Em declaração escrita, a diretora-geral da Unesco, a ex-ministra búlgura Irina Bokova, lamentou a saída dos EUA: "A universalidade é crítica para a missão da Unesco de fortalecer a paz e a segurança internacionais em face do ódio e da violência, defender os direitos e a dignidade humanas."

Não é a primeira vez que os EUA deixam a Unesco. Em dezembro de 1984, o então presidente Ronald Reagan retirou o país sob a alegação de que a entidade era contra Israel e contra o capitalismo liberal. Os EUA voltaram em 2002, depois da comoção internacional e das manifestações de solidariedade por causa dos atentados terroristas de 11 de setembro e 2001.

Desde 2011, em protesto contra a admissão da Palestina, os EUA não dão sua contribuição financeira à Unesco. A dívida está em US$ 600 milhões.

A saída da Unesco é parte de uma visão de mundo isolacionista da ultradireita americana. O governo Trump trabalha ativamente para minar o sistema multilateral criado pelos EUA sob a inspiração do presidente Franklin Roosevelt e as organizações, vistas sob como empecilhos à atuação do país no mundo.

Outro exemplo é a Organização Mundial do Comércio (OMC), onde os EUA bloqueiam a indicação de juízes para o painel de solução de conflitos, o tribunal do sistema multilateral de comércio, porque não poder vetar suas decisões.

O mecanismo de solução de conflitos foi o grande avanço da OMC, criada em 1994. Era uma reivindicação de longo prazo dos EUA.

Trump vai contra as organizações internacionais partindo do pressuposto de que os EUA têm mais a ganhar em negociações bilaterais diretas com cada país. É uma visão estreita das relações internacionais como se fosse o mundo dos negócios.

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