sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Deputado pede impeachment de Trump por tolerar neonazistas

O deputado Steve Cohen, democrata eleito pelo estado do Tennessee, membro da Subcomissão de Constituição e Justiça Civil da Comissão de Justiça da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, vai pedir a abertura de um processo de impeachment do presidente Donald Trump por causa dos comentários a respeito dos conflitos provocados por neonazistas em Charlottesville, na Virgínia.

"Em vez de condenar inequivocamente as ações odiosas dos neonazistas, nacionalistas brancos e homens do Ku Klux Klan depois de uma tragédia nacional, o presidente disse que 'havia gente boa dos dois lados'. Não há bons nazistas. Não homens do Klan bons", declarou o deputado.

As declarações de Trump dando uma equivalência moral aos neonazistas e ao movimento antifascista chocaram o país e o mundo, suscitaram mais dúvidas sobre sua capacidade de liderança em momentos de crise e provocaram uma dura reação de Israel. Pela legislação dos EUA, a denúncia contra o presidente precisa ser aprovada na Câmara por maioria absoluta e por dois terços do Senado.

"Lutamos uma guerra mundial para derrotar os nazistas e uma guerra civil para derrotar a Confederação", acrescentou Steve Cohen. Foram as duas guerras em que mais morreram americanos.

Pelo menos 618 mil pessoas foram mortas na Guerra da Secessão (1861-65), quando os estados do Sul tentaram se separar para manter a escravidão. Em uma nova estimativa feita pelo professor David Hackner, da Universidade de Binghamton, em Nova York, o total de mortos subiu para 750 mil. Na Segunda Guerra Mundial, morreram 419 mil americanos.

"Em reação à queda da Confederação e da subsequente aprovação das emendas constitucionais da Reconstrução, o KKK iniciou uma campanha para aterrorizar os afro-americanos, intimidando-os para que não exercessem seus novos direitos civis", comentou o deputado ao propor o impeachment de Trump.

Cohen lembrou ainda: "As encarnações subsequentes do clã continuaram a aterrorizar os afro-americanos com linchamentos e assassinatos como os de Medgar Evers, Schwerner, Chaney, Goodman e outros ativistas dos direitos civis."

A inacreditável comparação com a Alemanha, inimiga na Segunda Guerra Mundial foi inevitável: "Quando eu vi os vídeos dos protestos em Charlottesville, me lembrei dos vídeos que havia visto da Noite dos Cristais, em 1938, na Alemanha nazista. Parecia que os manifestantes de Charlottesville estavam gritando 'judeus não vão nos substituir' e 'sangue e solo', infames palavras de ordem nazistas, enquanto marchavam com tochas que formavam a imagem das ações do Klan."

Naquela concentração de supremacistas brancos inspirados pela Guerra Civil Americana e pela doutrina de Adolf Hitler, não havia manifestantes inocentes como alegou Trump: "Nenhum dos manifestantes com esse palavreado pode ser considerado 'gente como boa', como sugeriu o presidente."

Cohen citou entrevistas dos neonazistas. Sean Patrick Nielsen declarou que "uma das três razões estar ali era 'matar judeus'. Outra era Christopher Cantwell, um líder nacionalista branco que disse que não conseguia ver 'aquele bastardo do Kushner andando por aí com aquela menina linda' e que esperava que 'alguém como Donald Trump, mas que não desse sua filha a um judeu', liderasse o país."

E concluiu: "Como judeu, como americano e como representante de um distrito afro-americano, estou revoltado pelo fato do presidente dos EUA não ter se erguido e condenado inequivocamente os nazistas que querem matar judeus, cujos predecessores mataram 6 milhões de judeus no Holocausto, e condenado inequivocamente os homens do Klan, uma organização dedicada a aterrorizar afro-americanos."

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