segunda-feira, 15 de maio de 2017

Rouhani lidera pesquisa mas enfrenta união da linha dura no Irã

O presidente Hassan Rouhani, tido como demorado, é o favorito, mas, de acordo com as pesquisas, deve ser obrigado a disputar um segundo turno na eleição presidencial na República Islâmica do Irã e corre até risco de perder. As forças conservadoras estão se unindo contra ele no primeiro turno.

Para aumentar as chances dos conservadores, o prefeito de Teerã, Mohammad Ghabalif, anunciou hoje que está abandonando a disputa.

No primeiro turno, daqui a quatro dias, em 19 de maio de 2017, 42% devem votar em Rouhani, indica uma sondagem feita por telefone em 7 e 8 de maio pela Agência de Pesquisas Estudantes Iranianos (ISPA). Em seguida, vem o clérigo linha-dura Ebrahim Raisi, com 27% e Ghalibaf, com 25%. Se o prefeito conseguir transferir seus votos para Raisi, Rouhani perde.

Outra pesquisa, feita por telefone entre 8 e 11 de maio, pela agência Perspectivas Internacionais sobre a Opinião Pública (IPPO), deu 29% a Rouhani, 12% a Ghabalif e 11% a Raisi, com margem de erro de 3,72%.

Cerca de 28% disseram estar indecisos e 20% não quiseram participar. Como mais da metade dos seus eleitores não pretendem mudar o voto, os pesquisadores admitem a possibilidade de vitória do presidente no primeiro turno, mas a união dos conservadores é uma grande ameaça.

A República Islâmica do Irã foi um dos primeiros regimes revolucionários a convocar eleições, mas muitos candidatos são vetados por conselhos de aiatolás, anciães e sábios do regime.

Rouhani, de 68 anos, estudou na Universidade Caledônia de Glasgow, na Escócia. Concorre pelo Partido da Moderação e do Desenvolvimento. Está longe de ser considerado liberal como o ex-presidente Mohamed Khatami (1997-2005). Foi eleito em 2013 prometendo uma reaproximação com o Ocidente, o fim das sanções internacionais e da crise econômica.

Sua eleição permitiu o acordo com as cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha para desarmar o programa nuclear iraniano. Esse acordo é denunciado pela linha dura como uma "traição" e um "sinal de fraqueza".

As sanções foram parcialmente suspensas e o país voltou ao mercado internacional, mas a situação econômica é difícil. Na campanha, os dois principais candidatos se acusaram mutuamente pela desigualdade e a corrupção.

Raisi, de 56 anos, formado no seminário da cidade sagrada de Kom, concorre pelo partido Sociedade do Clero Combativo. Ele ameaça romper o acordo nuclear e quer reavivar o fervor revolucionário. Defende a "autossuficiência" para só se relacionar com países que não questionem a revolução islâmica.

Na última vez que a eleição presidencial iraniana foi para o segundo turno, em 2009, a linha dura se uniu. Sob a liderança do Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, garantiu a reeleição do presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad e derrotou a Revolução Verde liderada pelo ex-primeiro-ministro Mir Hussein Mussavi. Tudo indica que houve fraude eleitoral.

Nenhum comentário: