segunda-feira, 1 de maio de 2017

Maduro anuncia salário mínimo e Constituinte na Venezuela

O presidente Nicolás Maduro anunciou ontem um aumento de 60% no salário mínimo mensal, que vai passar de 40.638 para 65.021 bolívares, cerca de US$ 90 pelo câmbio oficial de 717 bolívares por dólar, mas apenas US$ 15 no mercado paralelo.

Hoje Maduro ignorou a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, e convocou uma Assembleia Nacional Constituinte para reescrever a Constituição da República Bolivarista da Venezuela. Não seria uma Constituinte eleita diretamente pelo povo, mas uma "Constituinte operária", com membros indicados por entidades.

Para o presidente e cada vez mais ditador venezuelano, é a única saída para o "golpe de Estado" econômico de que se considera vítima: "Assumo todas as consequências e convoco o povo para se preparar para uma grande vitória. Convoco uma Constituinte cidadão, não uma Constituinte de partidos políticos, uma Constituinte de trabalhadores e camponeses."

Dos 500 constituintes, a metade seria indicada por entidades de trabalhadores, jovens, camponeses, pensionistas, indígenas. A decisão pode ser confirmada ainda hoje pelo Conselho de Ministros do regime chavista, encurralado nas ruas.

Desde 6 de abril, pelo menos 29 pessoas foram mortas em manifestações de protesto diárias contra o governo Maduro, mais de 2 mil pessoas foram presas e 50 líderes estudantis sequestrados pelo serviço secreto. A tortura é um método comum de interrogatório.

Um mês de protestos diários e confrontos entre manifestantes que exigem eleições diretas já para superar a crise, a polícia e milícias chavistas agravou ainda mais a situação econômica do país.

A Venezuela teve uma inflação de 800% no ano passado, uma queda de mais de 20% do produto interno bruto sob Maduro e enfrenta desabastecimento de gêneros de primeira necessidade, remédios, alimentos e até papel higiênico.

O regime tenta desviar a atenção do desastre econômico, mas os protestos chegam à periferia das grandes cidades, os redutos tradicionais do chavismo. O aumento do salário mínimo é uma tentativa de acalmar as massas, mas o desabastecimento conspira contra Maduro.

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