segunda-feira, 24 de abril de 2017

Marine Le Pen deixa presidência do partido para ampliar eleitorado

Em grande desvantagem nas primeiras pesquisas depois do segundo turno, a candidata de extrema direita à Presidência da França, Marine Le Pen, anunciou hoje que vai deixar a presidência da Frente Nacional. 

É uma jogada para vender uma imagem mais centrista e tentar captar os votos, por exemplo, dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon, da ultraesquerda, descontentes com as políticas pró-mercado do favorito, Emmanuel Macron, a quem ela acusa de apoiar uma "globalização selvagem".

Candidato independente, o ex-ministro da Economia Macron venceu o primeiro turno com 8.657.326 ou 24% dos votos com propostas a favor da globalização, do internacionalismo liberal, da União Europeia e da economia de mercado.

Le Pen ficou em segundo com 21,3% com uma plataforma ultranacioanalista, prometendo combater o terrorismo islâmico, expulsar os imigrantes, deixar o euro, convocar um plebiscito para sair da UE, fechar as fronteiras e proteger a economia. Ela obteve 7.679.593 votos, batendo o recorde do pai, Jean-Marie Le Pen. Ele obteve 6,8 milhões em 2012, quando derrotou o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin e foi para o segundo turno.

Os candidatos conservador François Fillon (20%) e socialista Benoît Hamon (6,36%) deram apoio a Macron para vencer a ameaça da extrema direita. O presidente François Hollande, o mais impopular da história recente da França, também declarou apoio a seu ex-ministro da Economia.

As pesquisas dão 60% a 64% das preferências para Macron no segundo turno, marcado para 7 de maio de 2017.

Marine tenta reagir apresentando o adversário como "filho do hollandismo", liberal e pró-europeu. Na visão da ultradireita, isso significa que "as fronteiras continuaram abertas e a França e sua cultura continuarão sendo invadidas".

Macron é o grande vencedor. Há um ano, estava no governo. Saiu e criou o movimento Em Marcha para lançar a candidatura. Foi beneficiado pelo escândalo que abalou o favorito, o ex-primeiro-ministro conservador Fillon, acusado de empregar mulher e filhos como funcionários-fantasmas do Senado.

O grande derrotado é o Partido Socialista, que teve a pior votação de sua história, apenas 6,36% dos votos no primeiro turno. A ala mais moderada apoiou Macron e a mais radical votou em Mélenchon. Mas o partido gaulista Os Republicanos também perdeu muito ao insistir num candidato manchado pela corrupção e rejeitado pelo eleitoral.

A Europa e o mercado festejaram o resultado, com alta generalizada nas bolsas de valores. O fantasma da ascensão da extrema direita, alimentado pelo plebiscito que decidiu pela saída do Reino Unido da UE e pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, não assombrou a eleição presidencial francesa.

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