quarta-feira, 15 de março de 2017

Somália tem primeiro grande caso de pirataria em cinco anos

Um navio petroleiro com oito tripulantes do Sri Lanka, o antigo Ceilão, foi tomado por piratas na costa da Somália. É o primeiro sequestro de um grande navio na região do Chifre da África desde 2012.

O navio-tanque Aris 13 foi interceptado quando ia de Djibouti para Mogadíscio, a capital da Somália, e levado para o porto de Alula, na região da Puntlândia, no Nordeste do país, que proclamou autonomia em 1998.

A Somália vive em estado de anarquia desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991. O governo reconhecido internacionalmente não controla todo o território. No Norte, a Somalilândia, a antiga Somália Britânica, tornou-se independente na prática.

Na segunda-feira, o Aris 13 avisou que lanchas se aproximavam do navio em alta velocidade. O chefe das operações antipirataria da Puntlândia, Abdirissak Mohamed Dirir, negou o envolvimento de soldados do governo no sequestro, atribuindo-o a "piratas somalianos".

"As autoridades locais confirmam que piratas estão retendo um navio e sua tripulação contra sua vontade", declarou o ex-coronel do Exército Real britânico John Steed, hoje gerente regional no Chifre da África do programa antipirataria Oceanos Além da Pirataria, com sede no estado do Colorado, nos Estados Unidos.

O governo do Sri Lanka protestou: "Embora o navio envolvido não esteja registrado com a bandeira do Sri Lanka, tem oito tripulantes srilanqueses", declarou em nota o Ministério do Exterior. "O Ministério continua em contato com os agentes de navegação, as autoridades envolvidas e as missões diplomáticas do Sri Lanka no exterior para obter mais informações e garantir a segurança e o bem-estar da tripulação srilanquesa."

Em Nairóbi, o embaixador do Sri Lanka na Etiópia, Chulpathmendra Dahanayake, pediu às Nações Unidas e à Somália que "investiguem a matéria e nos deem uma resposta. Se for verdade, provavelmente vamos pedir uma intervenção militar dos EUA com mão pesada para libertar os reféns."

No ano passado, um relatório da ONU constatou que o número de sequestros cometidos por piratas somalianos caiu de 237 em 2011 para 15 em 2016 e 2017. "O progresso na construção de um Estado federal na Somália, combinado com um esforço naval coletivo internacional e as políticas antipirataria dos governos regionais, como o da Puntlândia, contribuíram para a redução dos refúgios em terra para piratas ao longo da costa da Somália."

Houve avanços, mas o relatório advertiu: "Tais progressos continuam frágeis e reversíveis. Informes com credibilidade indicam que os piratas somalianos têm a intenção e a capacidade de recomeçar os ataques contra grandes navios comerciais, se aparecerem oportunidades, e ameaçar pequenas embarcações.

"A incerteza política na região central da Somália, acoplada ao fim do mandato da força naval internacional estacionada perto da costa, tem o potencial de criar um vácuo de segurança capaz de deflagrar o ressurgimento da pirataria. A solução definitiva para o problema da pirataria na costa da Somália está num futuro seguro e estável para o país", concluiu a ONU.

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