segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Consumo pessoal supera expectativa nos EUA

O consumo pessoal acima do esperado no mês de setembro, com maior venda de automóveis, e a alta na inflação aumentam a possibilidade de um aumento na taxa básica de juros dos Estados Unidos na reunião do Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed) marcada para dezembro, noticiou hoje a agência Reuters.

A alta no consumo pessoal, responsável por 70% do produto interno bruto dos EUA, foi de 0,5% em setembro, depois de uma queda de 0,1% em agosto. Em 12 meses, o avanço foi de 2,1%.

No terceiro trimestre, a economia americana cresceu num ritmo de 2,9% o ano, em forte aceleração em comparação com 1,4% de abril a junho de 2016. A delegacia regional do Fed em Atlanta, na Geórgia, previu um ritmo de 2,7% ao ano para o país no último trimestre de 2016.

O núcleo da inflação, excluídos os preços mais voláteis de energia e alimentos, avançou 0,1% em setembro depois de subir 0,2% em agosto. Em 12 meses, ficou em 1,7% ao ano, abaixo da meta informalmente perseguida pelo Fed, de 2% ao ano.

O comitê se reúne nesta terça e na quarta-feira, mas é improvável que mexa nas taxas de juros uma semana antes da eleição presidencial de 8 de novembro.

Em dezembro de 2008, no auge da crise financeira internacional, o Fed baixou suas taxas de juro para praticamente zero. Em dezembro de 2015, elevou sua taxa básica de uma faixa de 0-0,25% ao ano para 0,25%-0,5%, na primeira alta desde 2006.

Agora, com taxa de desemprego abaixo de 5%, consumo pessoal e inflação em alta, a expectativa é de normalização da política monetária dos EUA.

UE e Canadá assinam acordo de liberalização comercial

Depois de duas semanas de psicodrama, superada a resistência da região belga da Valônia, o Canadá e a União Europeia assinaram ontem um acordo que vai eliminar 98% das tarifas de importação no comércio bilateral.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, o presidente do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro polonês Donald Tusk, e o presidente da Comissão Europeia, o ex-primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker, descreveram o Acordo Comercial e Econômico Amplo como "o acordo comercial mais amplo, ambicioso e progressista já negociado tanto pelo Canadá quanto pela UE."

A negociação durou sete anos. Foi a primeira da UE com um país industrializado. Já serve de modelo para um possível acordo UE-Reino Unido depois da Brexit, a saída britânica do bloco europeu, aprovada em plebiscito em 23 de junho de 2016. As negociações com os Estados Unidos para formar a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimentos estão estagnadas.

domingo, 30 de outubro de 2016

Espanha forma governo após 10 meses de impasse

Com a abstenção da maioria do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy conseguiu obter um voto de confiança do Parlamento para formar um governo de minoria e acabar com um impasse político de dez meses.

Na segunda votação, quando bastava maioria simples, o governo Rajoy obteve ontem 170 votos a favor e 111 contra, com 68 abstenções. Apesar da orientação da nova liderança colegiada do PSOE, 15 deputados dissidentes votaram contra o primeiro-ministro conservador, do Partido Popular (PP).

Como o Parlamento tem 350 deputados, será um governo de minoria. Vai ter de negociar com outros partidos para aprovar seus projetos.

Rajoy era presidente interino do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) desde as eleições de dezembro de 2015, quando nenhum partido conseguiu formar um governo de maioria. A aprovação do novo governo não acaba com a instabilidade política na Espanha.

A crise econômica deixou 25% dos espanhóis e mais da metade dos jovens sem emprego, minando o bipartidarismo que havia na prática. Desde a eleição do socialista Felipe González, em 1982, o PSOE e o PP se alternavam no poder.

Do Movimento dos Indignados, nasceram dois novos partidos, Podemos, de esquerda, e Cidadãos, de centro-direita. Nas duas últimas eleições, eles ficaram em terceiro e quarto lugares, negando maiorias estáveis aos partidos tradicionais.

O ex-líder socialista Pedro Sánchez se negou a formar uma grande aliança com Rajoy. Tentou ele mesmo se tornar primeiro-ministro com o apoio dos novos partidos depois das eleições de dezembro e junho. Não conseguiu e perdeu a liderança do PSOE, que parou de votar contra um novo governo Rajoy.

Ataque no Sinai mata alto oficial do Egito

O coronel Rami Hassanein e um soldado raso do Exército do Egito foram mortos ontem  por uma bomba deixada do lado da estrada perto do Cheikh Zuweid, no Norte da Península do Sinai, noticiou a agência Reuters. Outros dois soldados saíram feridos.

A região remota é reduto de várias milícias extremistas muçulmanas, algumas leais à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Três anos depois do golpe contra o presidente Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, que alienou milhões de militantes islamitas, a ditadura do marechal Abdel Fattah al-Sissi está impondo medidas de austeridade altamente impopulares para equilibrar as contas públicas.

sábado, 29 de outubro de 2016

França admite internação de ciganos durante Segunda Guerra Mundial

Pela primeira vez, um presidente da França aceitou a responsabilidade do país pela internação de ciganos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). O presidente François Hollande visitou hoje o antigo campo de concentração de Montreuil-Bellay, em Maine-et-Loire.

"A República reconhece o sofrimento dos nômades que foram internados e admite sua responsabilidade neste grande drama", declarou Hollande, homenageando os ciganos internados pelo regime de Vichy, que colaborou com a ocupação nazista. Muitos ficaram detidos até 1946, depois do fim da guerra.

Entre 6 e 6,5 mil ciganos foram internados em 31 campos de concentração administrados por autoridades francesas. Montreuil-Bellay era o maior de todos. Mais de 2 mil nômades e sem-teto de Nantes foram internados lá de novembro de 1941 a janeiro de 1945. Pelo menos cem morreram.

Paris foi libertada em 25 de agosto de 1944, mas os ciganos só em 1946.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Economia dos EUA retoma crescimento forte

A economia dos Estados Unidos superou a expectativa do mercado e cresceu no terceiro trimestre de 2016 num ritmo de 2,9% ao ano, bem acima do 1,4% do trimestre anterior, aliviando os temores de estagnação e recessão. Os analistas esperavam 2,6%.

O crescimento mais forte em dois anos foi atribuído a um aumento das exportações e dos estoques. A alta no consumo doméstico foi mais fraca.

Para o economista Joseph Brusuelas, da empresa de consultoria RSM US, "não houve uma abertura de novas vias de crescimento, mas uma retomada forte depois de um início de ano fraco."

A retomada favorece a candidata democrata à Casa Branca, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, que defende o governo Barack Obama. O candidato republicano, o magnata imobiliário Donald Trump, faz campanha prometendo "tornar a América grande de novo", como se os EUA não fossem a maior economia do mundo.

Os EUA saíram da recessão no segundo semestre de 2009, mas o crescimento desde então fica numa média de 2% ao ano. É a expansão mais fraca desde 1949.

"A aceleração do crescimento no terceiro trimestre, assim como a contínua melhora no mercado de trabalho e sinais de inflação mais alta" devem levar o Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal, o comitê de política monetária do banco central americano, a elevar a taxa de juros em dezembro, previu a empresa PNC Financial Services, citada pelo jornal impresso de maior circulação do país, The Wall Street Journal.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Mais da metade dos vertebrados morreu nos últimos 40 anos

Com a destruição de seus ambientes naturais pela agricultura, desmatamento, mineração e urbanização, mais metade dos animais vertebrados morreu nas úlltimas décadas no mundo inteiro, revela uma pesquisa divulgada hoje pela organização de defesa do meio ambiente Fundo Mundial pela Natureza (WWF).

O relatório Planeta Vivo é um grande balanço da saúde do planeta e da biodiversidade baseado num estudo realizado a cada dois anos pela Sociedade Zoológica, de Londres, e a organização não governamental Global Footprint Network (Rede Pegada Ecológica Global).

O índice Planeta Vivo observou 14.152 populações de 3.706 espécies de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Não pesquisa os invertebrados.

De 1970 a 2012, último ano de que há dados consolidados, as populações de vertebrados diminuíram 58%. No relatório anterior, a mortandade estava em 52%. Os mais afetados são os animais de água doce (81%), à frente das espécies terrestres (38%) e marinhas 36%.

Neste ritmo, o percentual de vertebrados mortos deve subir para 67% até 2020, adverte o WWF.

Em 2012, o consumo humano, a pegada ecológica, a marca que deixamos no planeta, superou em 61% a capacidade de recuperação da Terra. Essa ultrapassagem ecológica começou no início dos anos 1970s.

Os homens cortam mais árvores do que crescem, pescam mais peixes do que nascem e lançam mais gases carbônicos na atmosfera que as florestas e os oceanos conseguem absorver. E a cada ano, o dia da ultrapassagem, em que os humanos consumiram tudo o que o planeta produz num ano, acontece mais cedo.

Em 1986, foi 1º de novembro. Em 1992, 14 de outubro. Neste ano de 2016, foi 8 de agosto.

"A agricultura é responsável por 80% do desflorestamento e por 70% do consumo de água", observa Arnaud Gauffier, responsável pelo programa de agricultura do WWF na França. "Cerca de 30% de pegada de carbono da França está ligada à alimentação."

Belgas anunciam entendimento sobre acordo comercial UE-Canadá

O primeiro-ministro Charles Michel anunciou hoje que as duas regiões da Bélgica chegaram a um entendimento sobre o acordo de livre comércio negociado entre o Canadá e a União Europeia, que a Valônia, a metade francófona do país, ameaçava vetar.

A cerimônia de assinatura estava marcada para hoje em Bruxelas. Diante do veto da Valônia, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, suspendeu a viagem à Bélgica.

O acordo vai eliminar 98% das tarifas de importação entre o mercado comum europeu e o Canadá, e inclui normas comuns para evitar a imposição de barreiras não tarifárias.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Hillary tem vantagem de 28 pontos percentuais entre os jovens

A candidata do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos, a ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama Hillary Clinton, tem uma ampla vantagem sobre seu adversário do Partido Republicano, o magnata imobiliário Donald Trump, no eleitorado jovem, indica uma pesquisa da Universidade de Harvard divulgada hoje.

Entre os jovens de 18 a 29 anos com tendência a votar até 8 de novembro de 2016, 49% pretendem votar em Hillary Clinton, que pode ser a primeira mulher a presidir os EUA. Só 21% planejam votar em Donald Trump, que ofendeu mulheres e minorias durante toda a campanha, criando uma imagem negativa, enquanto 14% optaram pelo libertário Gary Johnson e 5% pela ecologista Jill Stein.

Nesta altura da campanha em 2012, o presidente Barack Obama estava muito à frente do desafiante Mitt Romney, mas a vantagem era muito menor.

Nas pesquisas nacionais, Hillary lidera em todas as faixas da idade, mas por margens muito menores, de um a 13 pontos percentuais. Só numa, do jornal Los Angeles Times e da Universidade do Sul da Califórnia (USC), Trump está à frente, por 1%, dentro da margem de erro.

Na média das pesquisas feitas pela empresa Real Clear Politics, Hillary tem 48,4% contra 42,8% para Trump, que hoje inaugura um hotel de sua rede em Washington para usar como propaganda de seu duvidoso talento empresarial.

Em entrevista à CNN, depois de xingar a repórter por ter perguntado se a inauguração era um evento de campanha disfarçado, o bilionário afirmou que o hotel foi concluído antes do prazo e a um custo menor do que orçado inicialmente - e prometeu levar o talento para negócios e a eficiência para Washington.

Pelos cálculos do sítio FiveThirtyEight, do matemático Nate Silver, que acertou o resultado das duas últimas eleições presidenciais, a democrata tem hoje 84,4% de chance de conquistar a Casa Branca contra 15,6% para o republicano.

Oposição da Venezuela convoca greve geral e marcha ao palácio

A Mesa da Unidade Democrática, a coalizão oposicionista da Venezuela, convocou uma greve geral para 28 de outubro e uma passeata de protesto até o Palácio de Miraflores em 3 de novembro, noticiou hoje o jornal venezuelano El Nacional.

As manifestações visam a pressionar o presidente Nicolás Maduro depois que o regime chavista bloqueou na prática a realização de um referendo revogatório sobre seu mandato.

Há meses, a oposição recolhia assinaturas para convocar a consulta popular. O Conselho Nacional Eleitoral e a Justiça, subservientes ao chavismo, suspenderam o processo alegando que havia assinaturas fraudulentas.

Quando a Assembleia Nacional, de maioria oposicionista, denunciou um "golpe de Estado", a sessão foi invadida por militantes chavistas. Ontem, os deputados decidiram iniciar um "julgamento político e jurídico" do presidente.

Se a marcha até o palácio for proibida, há um sério risco de violência. Uma onda de protestos em 2014 deixou 43 mortos. O governo e a oposição se acusam mutuamente por esses crimes.

Um dos principais líderes oposicionista, Leopoldo López, está preso e condenado por incitar à violência em fevereiro de 2014. As organizações de defesa dos direitos humanos o consideram um preso político. A Venezuela tem mais de 70 presos políticos.

Na segunda-feira, os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e do Uruguai, Tabaré Vázquez, afirmaram que, "nestas condições, a Venezuela não pode fazer parte do Mercosul".

Total de migrantes mortos no Mediterrâneo no ano chega a 3,8 mil

É um triste recorde. O total de migrantes e refugiados mortos em naufrágios no Mar Mediterrâneo tentando chegar à Europa desde o início do ano chegou a 3,8 mil, anunciaram hoje as Nações Unidas. Pouco mais de dois meses antes do fim do ano, o total supera as 3.771 mortes registradas em 2015.

Ao apresentar os números, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados observou que o número de mortes aumentar, apesar da redução do número de refugiados e migrantes que tentam fazer a travessia rumo à Europa.

No ano passado, mais de um milhão tentaram entrar ilegalmente na União Europeia, enquanto neste ano foram cerca de 330 mil até agora. Em 2016, houve uma morte para cada 88 pessoas que conseguiram chegar no continente europeu.

"Na rota central do Mediterrâneo, entre a Líbia e a Itália, a taxa de mortalidade é ainda mais elevada, de uma morte para cada 47 que chegam à Europa", declarou o porta-voz do ACNUR, William Spindler. É a rota mais perigosa.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Assembleia Nacional da Venezuela decide processar Maduro

Depois que o Conselho Nacional Eleitoral, submisso ao regime chavista, suspendeu a coleta de assinaturas para convocar um referendo revogatório do presidente Nicolás Maduro, a Assembleia Nacional, de maioria oposicionista, denunciou um "golpe de Estado" e hoje abriu um processo "político e penal", acusando o presidente de "ruptura da ordem constitucional".

Como existe o referendo revogatório, a Constituição da República Bolivarista da Venezuela não prevê o processo de impeachment. A oposição alega que houve um "abandono do cargo" por Maduro ao rejeitar o referendo.

O presidente foi convocado para comparecer à Assembleia Nacional em 1º de novembro. Ele respondeu acusando a oposição de planejar um "golpe parlamentar" e prometeu comparecer à reunião de conciliação mediada pelo Vaticano marcada para 30 de outubro na Ilha Margarida.

Mesmo que o Parlamento condene Maduro, isso não será suficiente para destituí-lo. O Conselho Moral Republicano e o Tribunal Supremo de Justiça, ambos subservientes ao regime, podem barrar seu afastamento.

A oposição busca apoio externo para pressionar Maduro a aceitar o referendo revogatório, apelando a instituições internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Mercosul e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para que acionem suas cláusulas democráticas contra o regime fascistoide venezuelano.

Argentina e Uruguai: "Nestas condições, Venezuela não pode ser parte do Mercosul"

Diante do agravamento da crise política venezuelana, com a invasão da Assembleia Nacional pelos chavistas e a denúncia de um golpe de Estado feita pela maioria oposicionista, a Argentina e o Uruguai querem recorrer à cláusula democrática para suspender a Venezuela do Mercosul.

"Nestas condições, a Venezuela não pode ser parte do Mercosul", declarou ontem o presidente argentino, Mauricio Macri, ao receber na residência oficial de Olivos o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, que concordou, noticiou o jornal Clarín.

Na sua primeira reunião do Mercosul como presidente da Argentina, em dezembro de 2015, Macri pediu a libertação de todos os presos políticos venezuelanos, alegando que, "no Mercosul, não pode haver perseguição política por razões ideológicas e por pensar diferentemente."

A situação da Venezuela se agravou na semana passada, quando o regime chavista bloqueou na prática a convocação de um referendo revogatório sobre o mandato do presidente Nicolás Maduro. Em resposta, a Assembleia Nacional denunciou um golpe e pediu o apoio de organizações internacionais para restaurar a democracia no país. No meio da sessão, o plenário foi invadido por manifestantes chavistas

Cada vez mais isolado, Maduro recorreu ao Vaticano, onde foi recebido ontem pelo papa Francisco em audiência de caráter privado. O papa pediu um "diálogo sincero e construtivo" entre o governo e a oposição que parece a cada dia mais difícil.

Ao mesmo tempo, o núncio apostólico, o embaixador da Santa Sé na Argentina, monsenhor Emil Paul Tscherrig, viajou secretamente a Caracas, onde se reuniu com líderes das duas partes para acertar um encontro em 30 de outubro na Ilha Margarida.

Comitê Central do PC chinês inicia sessão para reforçar poder do líder

O Partido Comunista da China abriu ontem a 6ª Sessão Plenária do 18º Comitê Central. Nos próximos quatro dias, seus 205 membros vão discutir a "governança do partido de maneira estrita". 

É uma indicação de que o encontro visa a fortalecer o presidente Xi Jinping, que desde que chegou ao poder há quatro anos faz uma campanha anticorrupção para afastar adversários e consolidar sua posição.

As reuniões serão a portas fechadas. Nas próximas semanas, os sinólogos estarão atentos a pronunciamentos oficiais, rumores, promoções e demissões de funcionários. Seu grande desafio será descobrir se Xi vai conseguir se tornar o líder mais poderoso do PC chinês desde a morte do fundador da República Popular da China, Mao Tsé-tung, em 1976.

É a última sessão plenária do Comitê Central antes do próximo Congresso Nacional do Partido, realizado a cada cinco anos, em outubro de 2017. Neste congresso, serão indicados os membros do próximo Politburo, o birô político do Comitê Central e o Comitê Permanente do Politburo, os agora sete imperadores que governam o país na prática.

Começa portanto um ano de feroz disputa política interna para definir quem serão os altos dirigentes do PC nos próximos cinco anos. Desde que ascendeu à liderança do partido, em 2012, e à Presidência da China, em 2013, Xi tratou de concentrar poderes e destruir redes de patronato político de antigos líderes.

Os sinólogos vão observar se Xi vai conseguir nomear protegidos e aliados para postos-chaves do governo para superar, na prática, o modelo de liderança colegiada criado por Deng Xiaoping para evitar os excessos do maoísmo e da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), uma era de intolerância e perseguições políticas.

Uma das regras de Deng é a aposentadoria de altos funcionários do PC chinês aos 68 anos. A dúvida é se Wang Qishan, chefe da campanha anticorrupção, será mantido como membro do Comitê Permanente do Politburo depois de completar 69 anos em julho.

Se a norma for quebrada, vai alimentar a especulação sobre a permanência de Xi como secretário-geral do partido além dos dois mandatos de cinco anos como é a praxe nas últimas duas décadas e meia, sob Jiang Zemin e Hu Jintao.

Com a desaceleração do crescimento e a necessidade de reorientar a economia do investimento e da exportação para o mercado interno e o consumo, podem vir anos turbulentos à frente que vão testar o pragmatismo e a adaptabilidade do PC. Quando houver uma crise econômica grave, seu monopólio de poder será contestado.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Ataque a delegacia de polícia deixa 59 mortos no Paquistão

Três extremistas muçulmanos atacaram uma academia de polícia na cidade de Queta, no Paquistão, matando pelo menos 59 pessoas e ferindo mais de 100, informaram fontes do governo paquistanês.

Com coletes-bomba, granadas e fuzis AK-47, os milicianos invadiram o centro de treinamento da polícia na capital da província do Baluquistão por volta de 21h30 pela hora local (16h30 em Brasília). Mais de 700 recrutas estavam no local no momento do ataque, revelou o secretário do Interior do Baluquistão, Mir Sarfaraz Ahmed Bugti.

"Havia três terroristas e todos estavam usando coletes suicidas", declarou o inspetor-geral do Batalhão de Fronteiras, general Sher Afgan. "Dois terroristas suicidas detonaram os explosivos, enquanto o terceiro foi baleado e morto por nossas tropas."

Até o momento, nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque.

Valônia bloqueia acordo comercial UE-Canadá

A Bélgica não pode assinar um acordo de liberalização comercial da União Europeia com o Canadá por causa das objeções de sua metade sul francófona, a Valônia, uma das regiões mais pobres da Europa Ocidental, declarou hoje o primeiro-ministro belga, Charles Michel, citado pela televisão pública britânica BBC.

Com o rompimento das negociações sob a alegação de prejuízos à agricultura local, Michel avisou hoje o presidente do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro polonês Donald Tusk, de que a Bélgica rejeita o acordo que seria assinado em 27 de outubro.

Profundamente dividida entre as regiões de Flandres e a Valônia, a Bélgica exige a aprovação dessas duas regiões para assinar o acordo. A Valônia quer proteção para os trabalhadores, o meio ambiente e os padrões de consumo.

O acordo entre a UE e o Canadá, negociado desde 2009, iria eliminar 98% dos impostos de importação. Há protestos em vários países da Europa contra este acordo e as negociações com os Estados Unidos para criar a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimentos.

Essa situação bizarra revela mais uma vez os sérios problemas de governabilidade da UE, onde uma região ínfima tem poder de bloquear um acordo de interesse da ampla maioria do bloco comercial europeu.

França começa a desmantelar favelão de migrantes em Calais

O governo da França começou a desmantelar hoje o campo de migrantes de Calais, um favelão conhecido como a "selva", onde vivem de 6,4 a 8,1 mil pessoas, no que chamou de uma "operação humanitária", noticiou o jornal francês Le Monde.

A maioria vem do Afeganistão, do Sudão e da Eritreia, e sonha em entrar no Reino Unido. Na madrugada de hoje, os primeiros veículos começaram a retirar os migrantes. Ao todo, 2.318 foram removidos do campo, descrito como a maior favela da França.

Eles têm o direito de pedir asilo político à França. Se for negado, serão devolvidos a seus países de origem. Em entrevista à televisão pública britânica BBC, um afegão considerou seu país caótico onde não teria condições de levar uma vida normal.

domingo, 23 de outubro de 2016

Escócia quer Brexit flexível para ficar no mercado comum europeu

O divórcio do Reino Unido da União Europeia deve ser flexível para garantir que a Escócia, que votou para ficar no bloco, "seja capaz de garantir a continuidade de uma relação próxima com a Europa, inclusive a associação ao mercado único", afirmou a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, no jornal britânico Financial Times.

Em artigo publicado no FT, Nicola Sturgeon anunciou que o governo semiautônomo da Escócia vai apresentar propostas detalhadas sobre como isso será possível.

Desde a inesperada vitória do não no plebiscito sobre a permanência do Reino Unido na UE, em 23 de junho de 2016, o país discute o futuro de suas relações com o continente. Na Escócia, 62% votaram a favor de ficar na UE.

Para evitar o risco de contaminação, os líderes do bloco, especialmente a Alemanha e a França, se negam a fazer concessões ao Reino Unido. Já deixaram claro que a permanência no mercado comum depende de aceitar a regra básica da livre circulação de pessoas, mercadorias, capitais e serviços.

Como uma das principais razões para a vitória do não foi o controle da imigração, fica difícil conciliar as duas posições. A primeira-ministra britânica, Theresa May, não pretende submeter o acordo do divórcio ao Parlamento Britânico ou a um referendo. Insiste que "Brexit [saída britânica] significa Brexit".

May pretende acionar em março o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece as condições para a saída de países-membros da UE. As negociações do divórcio devem durar dois anos e tudo aponta para uma Brexit dura e não suave ou flexível como quer a primeira-ministra escocesa.

O Partido Nacional Escocês já prepara um projeto para a realização de um novo plebiscito sobre a independência da Escócia, caso as relações entre o Reino Unido e a UE mudarem fundamentalmente.

"Deixei claro que a Escócia deve ser capaz de considerar a independência se ficar claro que é a melhor ou a única maneira de proteger nossos interesses. O anteprojeto de lei publicado para consultas na semana passada foi preparado para permitir que a escolha seja feita, se necessário, antes que o Reino Unido deixe a UE", escreveu a primeira-ministra escocesa.

Sturgeon lembra que "todas as regiões da Escócia votaram a favor de ficar na Europa, mas um governo britânico conservador, com apenas um deputado na Escócia, quer nos tirar da UE. Isto não é aceitável democraticamente".

A nova proposta seria de uma "Brexit flexível em que diferentes partes do Reino Unido ou diferentes setores da economia britânica continuariam associados ao mercado único". Se tal acordo for possível, o que parece altamente improvável, a líder escocesa reivindica que as regiões e nações que votaram a favor sejam autorizadas a ficar na UE.

Conservadores devem formar governo de minoria na Espanha

Com a decisão do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) de se abster, o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy poderá formar um governo minoritário, evitando a realização de novas eleições depois que as duas anteriores não levaram à formação de uma maioria parlamentar.

Depois da queda do líder Pedro Sánchez, os socialistas decidiram não se opor a um novo governo Rajoy. Desde dezembro de 2015, a Espanha tem um Parlamento fragmentado e um governo provisório.

A profunda crise econômica, que deixou mais de 25% dos trabalhadores espanhóis sem emprego, minou o apoio aos partidos tradicionais e acabou com o bipartidarismo que vigorava na prática desde 1982, com o PSOE e o Partido Popular, de centro-direita, se revezando na chefia do governo. Surgiram um novo partido de esquerda, Podemos, e um liberal, Cidadãos.

Em dezembro, Sánchez tentou articular um governo de coalizão das oposições, mas Pablo Iglesias, líder do Podemos, se negou a fazer aliança com os Cidadãos e o então líder socialista rejeitou a formação de uma grande coalizão com o PP.

Apesar do impasse político, a economia espanhola está em recuperação, com crescimento acima de 2% ao ano, mas o déficit público continua acima da meta de 3% do produto interno bruto estabelecida pelo pacto de estabilidade para sustentar o euro. Sem um governo central que funcione plenamente, o problema fiscal não será resolvido.

sábado, 22 de outubro de 2016

Exército do Iraque e aliados avançam nos arredores de Mossul

Com a cobertura aérea da coalizão aérea de 65 países liderada pelos Estados Unidos, unidades do Exército do Iraque tomaram hoje a cidade majoritariamente cristã de Karakoche e avançaram na vizinha Karamless dentro da ofensiva para reconquistar Mossul, noticiou a agência Reuters citando fontes militares iraquianas.

Um pouco mais ao norte, Bartela já havia sido retomada. Dezenas de militantes continuam entrincheirados em Karakoche. As três cidades estavam sob o controle do Estado Islâmico do Iraque e do Levante desde a queda de Mossul, em 10 de junho de 2014.

O secretário da Defesa dos EUA, Ash Carter, se encontrou hoje em Bagdá com o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, para avaliar o andamento da ofensiva. Ontem, em Ancara, Carter anunciou um acordo preliminar entre a Turquia e o Iraque para forças turcas participarem da Batalha de Mossul. Hoje, Al-Abadi declarou que a ajuda será pedida, se for necessária.

Desde o início da ofensiva, em 17 de outubro, o Iraque reconquistou mais de 50 vilas e pequenas cidades. As forças iraquianas estimam que haja cerca de 6 mil combatentes do Estado Islâmico estejam em Mossul.

O custo político e humanitário para retomar a segunda maior cidade iraquiana será elevado.

Iraque acusa Estado Islâmico de matar centenas de homens em Mossul

Sob pressão da ofensiva do Exército do Iraque e milícias aliadas para retomar a cidade de Mossul com o apoio da coalizão aérea de 65 países liderada pelos Estados Unidos, a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante prendeu a matou pelo menos 284 jovens e adultos, sendo 61 menores, denunciou a televisão americana CNN citando como fonte um oficial iraquiano.

Os homens e meninos haviam sido usados como escudos humanos contra a ofensiva iraquiana. Teriam sido detidos e executados sumariamente na quinta e na sexta-feira. Os corpos foram jogados em covas rasas.

Na sexta-feira, as Nações Unidas advertiram que o Estado Islâmico deteve centenas de civis em Mossul e os colocou em posições próximas a combatentes do grupo para usá-los como escudos humanos contra o Exército do Iraque e os guerrilheiros curdos que lideram a operação terrestre.

"Há um grande risco de que milicianos do Estado Islâmico não apenas usem pessoas vulneráveis como escudos humanos, mas que também as matem para evitar que sejam libertadas", declarou o príncipe jordaniano Zeid Ra'ad al-Hussein, o primeiro árabe a chefiar o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.

Pelo menos 550 famílias foram obrigadas a ir para Mossul na semana passada, numa medida aparentemente destinada a evitar que civis fujam para áreas retomadas pelo Exército do Iraque.

Por telefone, a chefe de ajuda humanitária da ONU no Iraque, Lise Grande, estimou que pelo menos 200 mil civis tentarão fugir da cidade antes e durante a Batalha de Mossul. O total pode chegar a um milhão de pessoas.

Segunda maior cidade iraquiana, Mossul está em poder dos jihadistas desde 10 de junho de 2014. Depois da reconquista de Faluja, Tikrit e Hamadi, é o último bastião do Estado Islâmico no país.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Estado Islâmico contra-ataca em Kirkuk ante ofensiva contra Mossul

Diante da ofensiva do Exército do Iraque e milícias aliadas para retomar a cidade de Mossul, com o apoio de uma coalizão aérea de 65 países liderada pelos Estados Unidos, a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante lançou um contra-ataque à cidade de Kirkuk, situada a 160 quilômetros de distância.

A reação é uma tentativa de dividir as forças concentradas no assalto a Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, que está em poder dos jihadistas desde 10 de junho de 2014.

Por volta da meia-noite pela hora local, os terroristas invadiram a cidade por vários flancos e explodiram três carros-bomba. Pelo menos 20 pessoas foram mortas, inclusive policiais e trabalhadores de uma central elétrica atacada, mas os extremistas não conseguiram tomar as instalações petrolíferas de Kirkuk.

O governador de província de Kirkuk, Nachmeldin Karin, impôs um toque de recolher e declarou que a situação está sob controle, mas ainda há enfrentamentos entre os jihadistas e as forças de segurança nos bairros do sul da cidade.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Legalização da maconha tem apoio de 55% em Massachusetts

Entre os vários plebiscitos a serem realizados paralelamente às eleições de 8 de novembro nos Estados Unidos, cinco estados vão decidir se legalizam o uso recreativo da maconha, a exemplo do que fizeram o Alasca, o Colorado, o Oregon, o estado de Washington e o Distrito de Colúmbia. Na maioria, as pesquisas indicam disputada apertada. Em Massachusetts, 55% disseram ser a favor da legalização na última pesquisa, informa a agência Reuters.

Cerca de 40% dos eleitores que devem votar são contra. É um avanço dos defensores da legalização. Na pesquisa anterior, feita no mês passado, 50% foram a favor e 45% contra.

Se a proposta for aprovada, a partir de dezembro, a maconha será liberada para maiores de 21 anos. A margem de erro da pesquisa é de 4,4%. Cerca de 84% declararam não se preocupar se os usuários fumarem a droga dentro de casa, enquanto 64% são contra o consumo em espaços públicos.

Além da Massachusetts, a legalização da maconha será decidida nas urnas no Arizona, na Califórnia, no Maine e em Nevada. Nos estados onde foi liberada e no Uruguai, o primeiro país do mundo a legalizar o uso recreativo da droga, não houve explosão do consumo nem aumento da violência.

Ao contrário, diminuíram os crimes ligados ao tráfico de drogas. No Uruguai, não houve mais nenhum caso de homicídio ligado ao tráfico.

China cresce em ritmo de 6,7% ao ano

A China, segunda maior economia do mundo, avançou no terceiro trimestre de 2016 num ritmo de 6,7% ao ano, mantendo-se dentro da meta oficial de 6,5%, anunciou hoje o governo central de Beijim.

Esse crescimento, no mesmo ritmo do primeiro e do segundo trimestres, de acordo com as estatísticas oficiais, foi atribuído ao aumento da oferta de crédito, ao aquecimento do mercado imobiliário e a outras medidas de estímulo adotadas para garantir o cumprimento da meta. Mas suscitou dúvidas de economistas independentes por manter a mesma taxa por três trimestres consecutivos.

Em contrapartida às medidas de estímulo, as reformas necessárias para reestruturar a economia do investimento e da exportação para o mercado interno e o setor de serviços são adiadas. Os problemas crônicos de excesso de capacidade e endividamento elevado das empresas não serão resolvidos, observa a economista Alicia Garcia Herrero, do banco Natixis, do grupo francês.

A produção industrial cresceu 6,1% em setembro, desacelerando-se em relação aos 6,3% de agosto. O investimento em capital fixo subiu 8,2% na comparação anual nos primeiros nove meses do ano. as vendas no varejo avançaram 10, 7% no embalo de um corte de impostos sobre a venda de veículos.

O mercado imobiliário das grandes cidades é hoje uma das maiores preocupações. Em algumas, os preços subiram 40% num ano. Em mais de 20 cidades, as autoridades municipais introduziram restrições para conter a especulação imobiliária.

sábado, 15 de outubro de 2016

Força Aérea do Egito bombardeia Estado Islâmico no Sinai

Um dia depois da morte 12 soldados do Exército, a Força Aérea do Egito bombardeou hoje durante três horas posições da milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante na província do Sinai do Norte, anunciaram as Forças Armadas egípcias.

O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo assalto de ontem a um posto de controle militar próximo da cidade de Bir al-Abd. Foi o primeiro grande ataque na região central da Península do Sinai. Até agora, a região havia sido poupada da "guerra santa" intensificada desde o golpe de 3 de julho de 2013 contra o presidente Mohamed Mursi e o governo da Irmandade Muçulmana.

A milícia jihadista se vangloriou de ter matado 20 soldados sem sofrer nenhuma perda, enquanto os militares egípcios disseram ter matado 15 milicianos. Um pequeno grupo que havia tempo fazia uma rebelião armada contra o governo do Cairo jurou lealdade ao califa Abu Baker al-Baghdadi e passou a se apresentar como a Província do Sinai do Estado Islâmico.

Obama libera compra pessoal de rum e charutos cubanos

Em mais uma medida de reaproximação e abertura comercial em relação a Cuba, o presidente Barack Obama liberou ontem a compra de rum e cigarros para uso pessoal por cidadãos dos Estados Unidos.

A partir de segunda-feira, os viajantes americanos poderão comprar quaisquer quantidade de rum e charutos cubanos onde quer que sejam vendidos, desde que seja para consumo pessoal.

Depois de reatar em 2014 as relações com Cuba, rompidas havia 54 anos, o presidente pediu ao Congresso dos EUA, dominado pela oposição republicana, para revogar o embargo econômico total, em vigor desde fevereiro de 1962.

A oposição resiste, mas Obama vai rompendo o boicote aos poucos, com a autorização para americanos viajarem à ilha e agora a liberação do rum e dos charutos cubanos.

Desde 1992, o embargo é lei aprovada pelo Congresso dos EUA e assim só pode ser revogado por deputados e senadores. No momento, a exigência é de redemocratização de Cuba, com eleições diretas disputadas por vários partidos. Isso não virá com os irmãos Fidel e Raúl Castro no poder.

Teste de míssil da Coreia do Norte fracassa

O regime comunista da Coreia do Norte lançou hoje um míssil balístico de médio alcance de uma base próxima da cidade de Kusong, no Noroeste do país, mas o teste fracassou, anunciou o Departamento da Defesa dos Estados Unidos, citado pela agência Reuters.

Os EUA condenaram o teste e reafirmaram o compromisso com a defesa de seus aliados no Leste da Ásia, o Japão e a Coreia do Sul. O Pentágono observou que este míssil não ameaça a América do Norte.

Como parte de sua chantagem atômica, o governo de Pionguiangue, o último regime stalinista, tenta desenvolver armas nucleares e mísseis para transportá-las. Sob a liderança do jovem e inexperiente Kim Jong Un, esse processo se acelerou.

A Coreia do Norte já fez cinco testes nucleares, sendo dois em 2016. Os testes fracassados se repetem, mas o conhecimento acumulado vai levar inevitavelmente ao deenvolvimento de tecnologia de mísseis.

O então presidente George W. Bush colocou Iraque, Irã e Coreia do Norte num suposto "eixo do mal" e invadiu o Iraque. Os outros dois países aceleraram seus programas nucleares. Sabem que se um dia tiverem de enfrentar os EUA não será com armas convencionais.

Com sua política de evitar e confronto direto e evitar o uso da força, o governo Barack Obama não tem resposta ao desafio nuclear norte-coreano. É uma bomba atômica que deixa para o sucessor.

Durante a campanha eleitoral americana, o candidato do Partido Republicano, o bilionário Donald Trump, prometeu pressionar a China a forçar sua aliada Coreia do Norte a abrir mão das armas atômicas. Mas a questão norte-coreana é uma carta na manga do regime comunista chinês para negociações difíceis com os EUA. Nada indica que a China abra mão desta carta.

Rebeldes tomam sede do Parlamento da Líbia em Trípoli

Uma facção contrária ao governo de união nacional reconhecido internacionalmente tomou a sede do Parlamento da Líbia em Trípoli, noticiou hoje a agência Reuters.

Os líderes do primeiro governo formado depois da queda do ditador Muamar Kadafi, em 2011, que tomaram o Hotel Rixos, faziam parte do governo de união nacional reconhecido pelas Nações Unidas. O governo, que luta para impor sua autoridade a milícias rivais, condenou a ação.

Esse desafio ao governo é mais uma ameaça à estabilização da Líbia, que vive em estado de anarquia desde a queda de Kadafi, e à unidade necessária para combater a infiltração no país da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Presidente da Mauritânia manobra para ficar no poder

O presidente Mohamed Ould Abdelaziz convocou um diálogo nacional na Mauritânia sob o pretexto de reformar a Constituição, a ser concluído em 18 de outubro. Vários grupos de oposição o acusam de dar "um golpe de Estado institucional".

Abdelaziz ainda tem mais três anos de mandato. As oposições denunciam o diálogo e a reforma constitucional como jogadas para prorrogar o mandato ou acabar com os limites à reeleição presidencial.

Esse impasse político pode aumentar a instabilidade em mais um país muçulmano da África Ocidental.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Morre o rei mais antigo do mundo

 O rei da Tailândia Bhumibol Adulyadej, o monarca que estava há mais tempo no trono no mundo inteiro, morreu hoje aos 88 anos. Durante seu reinado, o país passou de um ponto de passagem num dos tigres do Sudeste Asiático, um importante centro industrial, comercial e turístico.

Bhumibol ascendeu ao trono em 1946, depois da Segunda Guerra Mundial, e atravessou a Guerra Fria, onde houve guerras nos vizinhos Camboja, Laos e Vietnã, como aliado dos Estados Unidos. Ele sobreviveu a 12 golpes de Estado, muitos dados em seu nome, inclusive o último, em maio de 2014.

Visto como uma figura unificadora do país, sua morte deixa um perigoso vácuo político. A ditadura militar anunciou que seu filho e sucessor, Maha Vajiralongkorn, de 64 anos, será coroado rei, de acordo com a Constituição.

Pela tradição tailandesa, o luto deve durar um ano. Durante este período, a expectativa é de fortalecimento do primeiro-ministro e general Prayuth Chan-ocha.

Assembleia Geral confirma português como secretário-geral da ONU

Por aclamação, a Assembleia Geral confirmou hoje a eleição do ex-primeiro-ministro de Portugal e ex-alto comissário das Nações Unidas para refugiados para próximo secretário-geral da organização. 

António Guterres substitui o ex-ministro do Exterior da Coreia do Sul Ban Ki Moon e toma posse em 1º de janeiro de 2017 para cumprir um mandato de cinco anos, com direito a uma reeleição.

Os 193 países-membros ratificaram hoje a indicação do Conselho de Segurança da ONU, onde o ex-primeiro-ministro português obteve, na quinta votação, 13 votos a favor, duas abstenções e nenhum veto. Outros 12 candidatos concorreram ao cargo.

Guterres tem 67 anos. Foi primeiro-ministro português de 1995 a 2002, quando se empenhou ativamente para garantir a independência do Timor Leste, ocupado militarmente pela Indonésia em 1974 depois da Revolução dos Cravos, que acabou com a ditadura salazarista em Portugal.

Em seu discurso de aceitação, Guterres se apresentou como um "construtor de pontes" preocupado em resgatar o sonho de paz mundial dos fundadores da ONU no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e em "colocar a dignidade humana no centro" das preocupações da entidade.

Suas maiores preocupações imediatas são parar o sofrimento dos sírios, "uma obrigação moral", e resolver a crise dos refugiados.

Bob Dylan ganha o Prêmio Nobel de Literatura

O cantor e compositor Bob Dylan ganhou hoje o Prêmio Nobel de Literatura de 2016 "por criar novas expressão poéticas dentro da grande tradição da canção americana", anunciou hoje em Estocolmo a Academia Real da Súecia.

Dylan é a primeiro músico a ganhar o prêmio e o primeiro americano agraciado com o Nobel de Literatura desde a escritora Toni Morrison, em 1993.

"Por 54 anos, Dylan tem se reinventado", justificou a secretária da academia sueca, Sara Danils. O álbum Blonde on Blonde foi lembrado como "um extraordinário exemplo de sua forma brilhante de criar rimas e refrões, e de seu jeito brilhante de pensar".

Para explicar a concessão do prêmio a um músico, Sara lembrou os poetas gregos Homero e Safo: "Eles escreveram textos poéticos para serem apresentados em públicos. Até hoje, lemos Homero e Safo - e gostamos."

Judeu americano, Robert Allen Zimmerman nasceu em 24 de maio de 1941 em Duluth, no estado de Minnesota. Sob influência do poeta galês Dylan Thomas, ele adotou o nome artístico de Bob Dylan. Começou sua carreira musical na tradição da música popular do interior dos Estados Unidos sob a inspiração de músicos como Woody Guthrie, que cantou a miséria do país durante a Grande Depressão (1929-39).

Ao longo da carreira, Dylan lançou 37 álbuns gravados em estúdios, 11 álbuns gravados ao vivo, 58 compactos simples e mais 12 álbuns das bootleg series, com gravações não aproveitadas em outros discos.

Quando lançou o LP The Times They Are a-Changing, em 1964, teve uma das músicas entre as dez mais vendidas nas paradas de sucesso. As outras nove eram da banda inglesa The Beatles. O que eles têm que eu não tenho?", perguntou-se Dylan. Guitarras elétricas.

Apesar do protesto dos tradicionalistas da música folclórica do interior dos EUA, Dylan eletrificou sua música, formou uma parceria com o conjunto The Band e se tornou o maior nome da música popular americana nas últimas décadas e o maior da história para seus fãs.

Dylan esteve várias vezes no Brasil. Em 1998, participou de um show dos Rolling Stones no Sambódromo, no Rio de Janeiro. Juntos, eles fizeram uma interpretação antológica de Like a rolling stone, talvez o maior sucesso do poeta e compositor homenageado hoje.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Forças de segurança da Nigéria matam dez pessoas

Cerca de dez pessoas foram mortas hoje em confrontos entre as forças de segurança da Nigéria e muçulmanos xiitas no estado de Kaduna, no Norte do país. O conflito começou quando uma multidão de xiitas se concentrou para participar da festa religiosa da Achura, proibida pelas autoridades locais.

A polícia e soldados do Exército tentaram dispersar a manifestação com gás lacrimogênio. Como não conseguiram, começaram a dar tiros. As autoridades não confirmaram as mortes, mas admitiram ter ordenado a dispersão da multidão.

No meio da confusão, um grupo de pessoas cercou, atacou e tocou fogo na casa de um líder xiita em Kaduna. Há pouco menos de um ano, o Exército na Nigéria matou centenas de xiitas em três dias de confrontos no estado do Norte do país, onde a maioria é muçulmana.

Câmera do Burúndi aprova saída do Tribunal Penal Internacional

Por 94 a 2 votos, com 14 abstenções, a Câmara dos Deputatos do Burúndi, um pequeno país do Centro da África, aprovou hoje a retirada do país do Tribunal Penal Internacional (TPI), informou a agência Reuters.

O TPI iniciou uma investigação sobre o Burúndi depois que a manobra para garantir um terceiro mandato consecutivo para o presidente Pierre Nkurunziza deflagrou uma onda de protestos e violência política. Centenas de pessoas morreram, em meio a denúncias de sequestros, tortura, estupros e desaparecimento de pessoas.

Sob pressão internacional, o governo proibiu a entrada no Burúndi de investigadores da ONU depois de um relatório da organização apontou nomes de vários altos funcionários públicos suspeitos de orquestrar a violência.

Para se tornar lei, o projeto precisa agora ser aprovado pelo Senado e receber a sanção do presidente Nkurunziza, o maior interessado em escapar da Justiça internacional.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Estado Islâmico confirma morte de ministro da Propaganda

A milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante confirmou hoje a morte de um de seus dirigentes, Abu Muhammad al-Furkan, considerado o ministro de Propaganda da organização por ser responsável pela produção dos vídeos de propaganda, noticiou a televisão pública britânica BBC.

Sua morte havia sido anunciada no mês passado pelo Departamento da Defesa dos Estados Unidos, o Pentágono. Al-Furkan teria sido atingido durante um bombardeio à cidade de Rakka, na Síria, a capital do autoproclamado califado do Estado Islâmico.

É outra grande perda para o Estado Islâmico da morte de Abu Muhamad al-Adnani, morto em agosto de 2016 nu bombardeio aéreo. Mesmo com a perda de líderes e territórios importantes, a milícia extremista muçulmana continua sendo muito perigosa.

Trump se declara livre das "algemas" do Partido Republicano

Diante de uma onda de críticas de líderes e parlamentares de seu próprio Partido Republicano, o magnata imobiliário Donald Trump afirmou estar livre das "algumas" do partido. A partir de agora, Trump pretende fazer sua campanha à Presidência dos Estados  à sua maneira.

Em uma série de mensagens no Twitter, seu meio de comunicação favorito, Trump acusou o presidente da Câmara dos Representantes, deputado Paul Ryan, o mais republico com cargo mais alto nos EUA, de "ser um líder muito fraco e ineficiente" que teria dado "apoio zero" à sua candidatura.

Depois de uma gravação m vídeo de 11 anos atrás em que ele falava obscenidades, Trump adotou uma postura agressiva no debate de domingo passado com a candidata democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Antes do debate, a vantagem de Clinton estava em alta por causa do escândalo sexual.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Apoio a Hillary aumenta após escândalo sexual de Trump

Antes mesmo do debate de domingo à noite, o mais feroz da história dos debates presidenciais americanos, a vantagam da ex-secretaria de Estado Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos, sobre seu rival republicano, o magnata imobiliário Donald Trump, havia pulado de seis para 11 pontos, indica uma pesquisa publicada hoje pelo jornal The Wall Street Journal e a rede de televisão NBC.

Entre os prováveis eleitores no dia 8 de novembro, numa pergunta incluindo os candidatos dos pequenos partidos, Hillary avançou de 43% para 46%, enquanto Trump recuou de 37% para 35%. Essa queda foi atribuída ao escândalo sexual da semana passada, com a revelação de uma gravação de 2005 em que fez comentários abusivos e preconceituosos em relação a mulheres.

Por causa do escândalo, o presidente da Câmara dos Representantes, deputado Paul Ryan, no republicano com mais alto cargo público nos EUA, desistiu de participar de um evento de campanha no sábado. Hoje avisou que ainda o apoia como candidato do partido, mas não vai mais participar da campanha nem defender Trump.

Também o senador John McCain, candidato derrotado pelo presidente Barack Obama na eleição de 2008, declarou que não pode apoiar a candidatura de Trump.

Cada vez mais o candidato do Partido Republicano parece independente.

No debate, Trump alegou que a gravação era uma "conversa de vestiário" entre homens e acusou Hillary de humilhar e intimidar as mulheres que denunciaram abusos sexuais cometidos por seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.

Pouco depois do debate, o jornal digital The Huffington Post afirmou que mais uma vez o bilionário se revelou uma pessoa desequilibrada, sem condições de presidir os EUA.

sábado, 8 de outubro de 2016

Trump rejeita pressões para desistir da candidatura

Sob intensa pressão dentro do Partido Conservador depois da revelação de uma gravação de 11 anos atrás em que ofende mulher, o magnata imobiliário Donald Trump negou, em entrevista ao jornal The Washington Post, que possa desistir da candidatura à Presidência dos Estados Unidos.

"Nunca abandonei nada em minha vida", afirmou o candidato. "Não estou deixando esta corrida. Tenho um tremendo apoio."

Trump declarou estar recebendo inúmeros telefonemas de apoio: "As pessoas ligam e me dizem: 'Não pense em outra coisa a não ser concorrer'. Você precisa ver o que está acontecendo. A verdadeira história é que não fazem nem ideia do apoio que estou recebendo, de concorrer contra ela [a ex-secretária de Estado Hillary Clinton] porque ela é uma péssima candidata. Concorrer com ela torna a tarefa muito mais fácil.""

O presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, o republicano com cargo mais alto nos EUA, abandonou um evento da campanha de Trump marcado para hoje e vários deputados e senadores do partido pedem que ele seja substituído pelo candidato a vice-presidente, governador Mike Pence, que teve bom desempenho no debate dos vices há poucos dias.

Partido Republicano afasta candidato que chamou Obama de macaco

O Partido Republicano do estado do Kentucky, nos Estados Unidos, pediu a retirada da candidatura a deputado estadual de Dan Johnson, que publicou na Internet fotos do presidente Barack Obama e da primeira-dama Michelle Obama com caras de macaco.

Em carta, o presidente regional do partido afirmou que, embora a Primeira Emenda à Constituição
dos Estados Unidos garanta total liberdade de expressão, os líderes eleitos "devem manter padrões elevados".

As fotos foram retiradas do mural do candidato no Facebook. Incluem um chimpanzé com a legenda "Obama quando bebê" e uma foto do jovem presidente Ronald Reagan dando uma madeira para um chimpanzé com a legenda "fotos raras de Reagan como babá de Obama em 1962".

Johnson se negou a pedir desculpas e negou ser racista: "Amo os EUA. Amo o povo. Acredito que vermelhos, amarelos, brancos e pretos, todos são preciosos sob o olhar de Deus. Não sou racista", declarou à televisão local WRDB.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Líder republicano desiste de evento após escândalo sexual de Trump

Horas depois da divulgação de um vídeo de 2005 revelado pelo jornal The Washington Post em que o candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que basta ser famoso para poder bolinar e manter relações sexuais com mulheres, o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, desistiu de participar de um evento da campanha de Trump por causa do comportamento "obsceno".

Ryan, o republicano com mais alto cargo na política americana, deveria aparecer ao lado de Trump hoje num festival em seu distrito no estado de Wisconsin. No fim da tarde, divulgou nota avisando que não irá mais.

"Estou repugnado com o que ouvi hoje", afirmou o presidente da Câmara. "As mulheres devem ser valorizadas e reverenciadas, não vistas como objetos. Espero que o Sr. Trump trate esta situação com a seriedade que merece e trabalhe para demonstrar ao país que ele tem mais respeito pelas mulheres do que este vídeo indica."

Os repórteres ficaram de plantão hoje à noite na Torre Trump, em Nova York, à espera de uma declaração oficial do candidato pedindo desculpas.

Em vídeo, por volta da meia-noite, o magnata imobiliário admitiu que nunca foi "um homem perfeito. Trump reconheceu que estava errado e pediu desculpas, mas tentou se safar. Alegou que "aquilo foi há mais de dez anos", que agora é outro homem e que a campanha deve se concentrar nas questões importantes para os americanos.

A seguir, Trump afirmou que o ex-presidente Bill Clinton teve casos muito piores e acusou sua adversária, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, de atacar, intimidar e humilhar as vítimas.

Em entrevista à rede de televisão americana CNN, o deputado federal republicano Jason Chaffet declarou que não votará em Hillary de jeito nenhum, mas não pode votar em Trump. Ele defendeu a substituição de Trump pelo candidato a vice, o governador de Indiana, Mike Pence, que teve bom desempenho no debate dessa semana.


EUA acusam Rússia de pirataria para influenciar eleições

Os Estados Unidos acusaram hoje formalmente a Rússia por uma série de ataques cibernéticos contra grupos políticos numa tentativa de interferir na eleição presidencial de 8 de novembro, aumentando ainda mais a tensão entre os dois países.

Em nota conjunta, o Departamento de Segurança Interna e a Direção Nacional de Inteligência afirmaram estar "convictos de que o governo russo dirigiu a pirataria ao correio eletrônico de pessoas e instituições dos EUA, inclusive organizações políticas."

Um alvo seria o Diretório Nacional do Partido Democrata, de onde vazaram informações contra a candidatura da secretária de Estado Hillary Clinton.

"Esse roubo e essas revelações tem a intenção de interferir no processo eleitoral nos EUA. Tais atividades não são novidade em Moscou", declararam as agências americanas. "Acreditamos, com base na dimensão e na sensibilidade desses esforços que só mesmo os mais altos funcionários da Rússia poderiam ter autorizado."

Mais de 20 mil mensagens internas da direção nacional do Partido Democrata foram pirateadas, revelando infidelidade e manobras para prejudicar a candidatura de Bernie Sanders quando ele começou a incomodar Hillary nas primárias. O escândalo derrubou a deputada Debbie Wasserman Schultz.

As informações foram pirateadas por um hacker conhecido com Guccifer 2.0. Os endereços eletrônicos e os números de telefone foram divulgados no WikiLeaks e num sítio chamado DCLeaks.com

As relações entre a Rússia e os EUA sofrem nova queda depois do rompimento do diálogo sobre a guerra civil da Líbia e a decisão do presidente Vladimir Putin de revogar um acordo para destruição de um excesso de plutônio dos estoques nucleares, uma ameaça à cooperação nuclear.

A guerra cibernética é uma parte central da guerrinha fria de Putin contra o Ocidente. Veio para ficar.

EUA criam menos empregos e podem adiar alta de juros

A economia dos Estados Unidos teve um saldo de 153 mil novos empregos em setembro de 2016, revelou hoje o relatório de emprego do Ministério do Trabalho. Foi um crescimento moderado, o menor desde maio, levando os analistas a prever que as taxas básicas de juros da maior economia do mundo só subam em dezembro ou no próximo. O mercado esperava 170 mil vagas.

A taxa de desemprego, medida em outra pesquisa, subiu de 4,9% para 5%. Essa pequena alta é considerada um sinal positivo de que mais gente está voltando ao mercado de trabalho na esperança de conseguir emprego.

Nos últimos três meses, o saldo de novos empregos ficou na média de 192 mil por mês, acima dos 146 mil mensais do segundo trimestre. No ano passado, a média foi de 229 mil vagas.

"Apesar da desaceleração, a economia dos EUA continua a gerar um número saudável de empregos", observou o economista Sung Won Sohn, da Universidade do Estado da Califórnia.

Em um ano, a força de trabalho ganhou mais 3 milhões de trabalhadores, o maior crescimento o desde o ano 2000. A participação no mercado ainda é considerada baixa, de 62,9% da população em idade de trabalhar, mas subiu 0,5 ponto percentual em 12 meses. Os salários avançaram em média 2,6%.

O Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed), o comitê de política monetária do banco central dos EUA, ainda se reúne duas vezes neste ano, no início de novembro e em meados de dezembro.

É improvável que mexa na taxa básica de juros, hoje numa banda de 0,25%-0,5%, às vésperas da eleição presidencial de 8 de novembro, especialmente depois que a presidente do Fed, Janet Yellen, foi acusada pelo candidato oposicionista Donald Trump de manter os juros artificialmente baixos para ajudar a candidatura da ex-secretária de Estado Hillary Clinton.

Presidente da Colômbia ganha Nobel da Paz por acordo com as FARC

Apesar da rejeição do acordo negociado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em referendo no domingo passado, ou talvez por isso mesmo, o presidente Juan Manuel Santos ganhou hoje o Prêmio Nobel da Paz.

Ao justificar a premiação, o comitê norueguês do Prêmio Nobel declarou hoje de manhã em Oslo que, apesar da derrota no referendo, o processo de paz não está morto. Emocionado, Santos dedicou o prêmio ao povo colombiano e declarou que o prêmio é "um compromisso para continuar tentar trazer a paz a meu país".

Entre mortos e desaparecidos, quase 300 mil pessoas morreram em 52 anos de guerra entre as FARC, que nasceram como braço armado do Partido Comunista Colombiano.

O acordo de paz, negociado durante quatro anos em Cuba, previa reforma agrária, o fim da luta armada, o desarmamento dos 7 mil guerrilheiros restantes, uma anistia parcial e um tribunal especial para julgar crimes contra a humanidade cometido pelos dois lados.

A derrota por margem escassa foi atribuída ao alto índice de abstenção (62%) e especialmente à oposição dos ex-presidentes Álvaro Uribe e Andrés Pastrana, insatisfeitos com as concessões feitas ao grupo guerrilheiro como anistia parcial e a garantia de dez cadeiras no Congresso nas duas próximas eleições.

No dia seguinte, tanto as FARC quanto o governo e os ex-presidentes concordaram que a guerra acabou. Ninguém quer voltar ao passado, mas será necessária uma renegociação delicada.

Vitorioso, o agora senador Uribe, de quem Santos foi ministro da Defesa, pediu que não sejam revistas as sentenças dos guerrilheiros já condenados, "alívio judicial" para soldados e policiais, e proteção aos rebeldes enquanto o acordo é revisto.

Em entrevista à televisão pública britânica BBC, a ex-senadora e ex-candidata a presidente Ingrid Betancur, sequestrada pelas FARC durante seis anos, entende que o acordo não garante a impunidade dos guerrilheiros.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Guerra do Yom Kippur acabou com o modelo econômico da ditadura

Há 43 anos, em 6 de outubro de 1973, começava a última guerra de vários países árabes contra Israel. Mais de 100 mil soldados cruzaram o Canal de Suez rumo à Península do Sinai, ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Foi a maior empreitada militar árabe da era moderna. A guerra provocou a primeira crise do petróleo e acabou com o modelo ecônomico da ditadura militar.

Sob a orientação política do então conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Henry Kissinger, os Estados Unidos fizeram a maior ponte aérea militar da história, entregando 22 mil toneladas de equipamentos militares a Israel no campo de batalha, duas vezes mais do que a União Soviética com seus aliados árabes, especialmente o Egito e a Síria.

Em 22 de outubro, os EUA e a URSS negociaram um cessar-fogo, mas Kissinger avisou a primeira-ministra Golda Meir que o governo americano não se importaria se Israel realizasse operações militares antes do início da trégua.

À noite e no dia seguinte, Israel cercou o III Exército do Egito no Sinai e estava prestes a aniquilar o inimigo quando a URSS entrou em alerta nuclear e ameaçou intervir na guerra, salvando o Exército do Egito. Dos cerca de 20 alertas nucleares da Guerra Fria, foi a única ameaça soviética de iniciar uma guerra atômica.

Isso não impediu que o presidente egípcio Anuar Sadat abandonasse a aliança com a URSS, se aproximasse dos EUA e visitasse Israel em 1977, abrindo caminho para as negociações que levaram ao Acordo de Paz de Camp David, a residência de verão do presidente dos EUA, em 1979.

Sadat sabia que era a única maneira de recuperar o Sinai. Pagou pela paz com a própria vida. Em 6 de outubro de 1981, durante a parada militar de comemoração do início da guerra, soldados ligados a grupos extremistas muçulmanos metralharam e mataram o presidente egípcio. O atual líder da rede terrorista Al Caeda, o médico Ayman al-Zawahiri participou da conspiração.

Mas o impacto imediato da Guerra do Yom Kippur. Em resposta ao apoio dos EUA a Israel, sob a liderança do rei Faissal, da Arábia Saudita, em 16 de outubro, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) iniciou um boicote à venda de petróleo aos EUA e aliados.

Começava a primeira crise do petróleo. Quando o embargo acabou, em março de 1974, o preço do petróleo tinha subido de US$ 3 para US$ 12. A alta de preços viabilizou a exploração em águas profundas, como no Mar do Norte e no mar territorial brasileiro, mas causou uma recessão mundial e longas filas nos postos de gasolina.

No Brasil, a crise do petróleo foi responsável, na minha opinião, pelo fim do modelo econômico da ditadura militar (1964-85), baseado em energia e mão de obra baratas, e a longo prazo do próprio regime de exceção. O Brasil nunca retomou as taxas de crescimento do pós-guerra, de 7% a 8% por ano em média.

Durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-74), o período mais sombrio da ditadura, o país cresceu a taxas de 7% a 14% ao ano no milagre econômico brasileiro. Quando o general Ernesto Geisel assumiu o poder, em março de 1974, anunciou a "distensão lenta, gradual e segura" que levaria à redemocratização, em 1985.

A segunda crise do petróleo, em 1979, depois da vitória da Revolução Islâmica no Irã, agravou ainda mais a crise econômica do Brasil, que na época importava 75% do petróleo que consumia. A alta nos preços do petróleo também está na origem da hiperinflação brasileira, que só seria derrotada pelo Plano Real, em 1994. Mas o crescimento forte não voltou.

Metade dos chineses aceita menos crescimento em troca de ar mais limpo

Cerca de 50% dos habitantes da China estão dispostos a aceitar um crescimento econômico mais lento em troca de um ar menos poluído, indica uma sondagem do Centro de Pesquisas Pew, dos Estados Unidos. De outra parte, 24% disseram que a poluição é o preço a pagar por uma economia mais forte.

Com o mais rápido crescimento econômico da história da humanidade nos últimos 30 anos, sob a ditadura do Partido Comunista, a China negligenciou a questão ambiental. Tornou-se o país mais poluidor da atmosfera.

A geração de energia é feita principalmente com carvão e desde a era de Mao Tsé-tung no poder (1949-76) as fábricas foram instaladas dentro das grandes cidades para ficarem próximas dos trabalhadores. É tanta poluição que chega até o vale central da Califórnia, na costa leste dos Estados Unidos.

Durante a Olimpíada de Beijim, em 2008, a indústria da capital chinesa parou para melhorar a qualidade do ar.

No ano passado, um estudo do grupo de estudos Berkeley Earth conclui que 4 mil pessoas morrem por dia na China por causa da poluição ambiental. Durante o estudo, realizado de 5 de abril de 2014 a 5 de abril de 2015, 92% dos 1,38 bilhão de chineses respiraram ar sujo durante pelo menos 120 horas.

ONU teme destruição total do Leste de Alepo até fim do ano

Com a política de terra arrasada do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e de seu protegido Bachar Assad, a zona leste de Alepo, dominada por rebeldes, pode ser totalmente destruída até o fim do ano, advertiu hoje o enviado especial das Nações Unidas para a guerra civil síria, Staffan de Mistura.

"Em dois meses, dois meses e meio no máximo, neste ritmo, parte de Alepo corre o risco de ser totalmente destruída. Falamos particularmente da cidade antiga e milhares de civis serão mortos", lamentou o enviado especial da ONU.

Depois de um breve cessar-fogo em que o regime de Assad impediu a entrega de ajuda humanitária na área dominada pelos rebeldes, com o apoio da Força Aérea da Rússia e da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá, a ditadura da Síria lançou em 22 de setembro uma grande ofensiva para tentar retomar o Leste de Alepo.

Desde então, o intenso bombardeio aéreo matou pelo menos 376 pessoas e deixou mais de 1,2 mil, acrescentou De Mistura. A Batalha de Alepo é a mais violenta da guerra no momento.

A cidade está dividida desde 2012, com os setores oeste, norte e sul sob o controle da ditadura e o leste em poder dos rebeldes, onde vivem cerca de 250 mil civis, sendo 100 mil crianças.

O embaixador ítalo-sueco apelou aos cerca de 900 guerrilheiros da Frente de Luta do Levante, a antiga Frente al-Nusra, braço da rede terrorista Al Caeda na guerra civil síria, para que deixem a cidade oferecendo-se para escoltá-los sob a proteção da ONU.

"Se vocês decidirem partir em dignidade e com suas armas, estou pronto a acompanhá-los pessoalmente", prometeu o enviado da ONU, sugerindo que talvez a presença dos rebeldes seja um "álibi fácil" para justificar a destruição total do Leste de Alepo pelas forças do regime.

De Mistura fez um apelo aos governos da Rússia e da Síria para que anunciem uma cessação dos bombardeios caso os rebeldes saiam da cidade.

Ele comparou a situação do Leste de Alepo com a cidade bósnia de Srebrenica, onde toda a população adulta masculina foi massacrada em junho de 1995, num total de 8.373 pessoas, e com o genocídio de Ruanda, na África, de abril a junho de 1994, quando 800 mil a 1 milhão de pessoas foram mortas.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Vice de Hillary ganhou a batalha da verdade

A maioria dos comentaristas deu a vitória no debate dos candidatos à Vice-Presidência dos Estados Unidos ao governador Mike Pence, do Partido Republicano, que parecia mais calmo e não ficou interrompendo o oponente 70 vezes como fez Tim Kaine, do Partido. Mas numa análise da veracidade das respostas, o vice de Hillary Clinton ganhou por ampla margem.

Desde o início, Kaine partiu para o ataque às declarações inconsequentes de Trump, suspeito de passar 18 anos sem pagar imposto de renda. Pence manteve a calma e respondeu serenamente confiando na ignorância do eleitorado.

Um blogue especializado em conferir se as afirmações dos políticos são verdadeiras chamado PolitiFact, vencedor do Prêmio Pulitzer, o maior do jornalismo americano, conclui que 79% das alegações de Kaine foram verdadeiras ou majoritariamente verdadeiras contra apenas 31% para Pence.

Entre outras mentiras, o governador de Indiana negou que Trump tenha elogiado o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e acusou a chapa adversária de "fazer uma campanha de insultos", exatamente o que o magnata imobiliário.

Também negou que Trump tenha dito que a Arábia Saudita, a Coreia do Sul e o Japão devem fabricar armas nucleares, que não está nem aí para uma guerra nuclear na Ásia e que o bilionário ameace não manter o compromisso de defender os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Quanto à Rússia, retomando a posição tradicionalmente linha dura do partido, Pence acusou Hillary para hostilidade e as intervenções militares da Rússia, citando a Síria e as ex-repúblicas soviéticas da Geórgia e da Ucrânia. O detalhe é que a guerra da Geórgia foi em agosto de 2008, quando o presidente era o republicano George W. Bush.

Europeus ganham Nobel de Química por criar máquinas moleculares

Três cientistas europeus, o francês Jean-Pierre Sauvage, o britânico Fraser Stoddart e o holandês Bernard Feringa, ganharam hoje o Prêmio Nobel da Paz por projetar e construiras nanomáquinas, formadas por moléculas orgânicas, entre elas músculos artificiais, um nanoelevador e motores minúsculos capazes, por exemplo, de levar medicamentos até os tecidos doentes através da corrente sanguínea.

"O Prêmio Nobel de Química é sobre as menores máquinas do mundo", mil vezes mais finas do que um fio de cabelo, anunciou hoje de manhã em Estocolmo Göran Hansson, secretário-geral da Academia Real de Ciências da Suécia. Suas descobertas podem ser usadas para uma serie de novas tecnologias da medicina aos supercomputadores.

Entre as possibilidades, os cientistas citam materiais inteligentes capazes de se adaptar ao ambiente, pequenos sensores controlados à distância e o transporte de medicamentos dentro do corpo para atacar diretamente as células e tecidos doentes, evitando efeitos colaterais. As nanomáquinas podem ser acionadas por mudanças de luz, temperatura ou acidez.

Para o comitê do Nobel, o desenvolvimento de máquinas moleculares ainda está num estágio primitivo comparável ao dos motores elétricos do início do século 19, quando não se imaginava que evoluiriam para trens elétricos, máquinas de lavar e outros eletrodomésticos hoje integrados à vida cotidiana no mundo inteiro.

"Estamos nos primeiros dias, claro", reconheceu Feringa, professor de Universidade de Groningen, na Holanda. "Quando você consegue controlar o movimento, tem um motor, pode pensar em todos os tipos de funções."

Em 1983, Sauvage, professor da Universidade de Estrasburgo, deu o primeiro passo juntando duas moléculas em forma de anel que se moviam uma em direção à outra para formar uma cadeia chamada caténane.

Em 1991, Stoddart, diretor do Centro para Química de Sistemas Integrados na Universidade do Noroeste em Evanston, no estado de Illinois, demonstrou que um anel molecular pode se mover ao redor de um eixo molecular fino.

Essas estruturas em forma de um halter, conhecidas como rotaxanes, viraram a base das máquinas moleculares e outros cientistas as usaram para dobrar fios de ouro superfinos.

Em 1999, Feringa construiu um rotor de lâmina molecular que girava continuamente na mesma direção. Foi o pioneiro na criação de um verdadeiro motor molecular. "Quase não podia acreditar que funcionava."

Reino Unido pode perder 10 bilhões de libras em imposto por sair da UE

O Reino Unido, quinta maior economia do mundo e segunda da Europa, pode perder 10 bilhões de libras (US$ 12,7 bilhões) por ano e 75 mil empregos no centro financeiro de Londres se ficar totalmente fora do mercado único europeu com uma Brexit (saída britânica) dura, concluiu um relatório da consultoria Oliver Wyman e do grupo de pressão CityUK.

No fim de semana, ao abrir a convenção anual do Partido Conservador, a primeira-ministra Theresa May indicou que será uma saída dura ao dizer que o país votou pela saída da União Europeia em plebiscito realizado em 23 de junho de 2016 para ser totalmente independente e soberano, sem se submeter a instituições supranacionais.

Desde esse resultado inesperado, economistas tentam avaliar o impacto da Brexit sobre a economia britânica. A grande dúvida é que tipo de relação o país terá com o mercado comum europeu. Para continuar sendo parte do mercado, precisa aceitar a livre circulação de capitais, mercadorias e pessoas - e uma das principais razões de vitória da Brexit foi a promessa de controle da imigração.

May também revelou no fim de semana que pretende invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, um dos tratados constitutivos da UE, em março. Ontem, a libra caiu a US$ 1,27, a menor cotação desde 1984.

O centro financeiro de Londres e as grandes empresas britânicas se articulam para manter o Reino Unido no mercado comum. O mesmo receio atinge entre empresas das três maiores economias do mundo, Estados Unidos, China e Japão, que usam o Reino Unido como base de suas operações no mercado comum.

As negociações devem durar dois anos, um período de grande incerteza que deve adiar investimentos. Com o esvaziamento da economia do país, o relatório prevê uma perda de 10 bilhões de libras e com impostos e 75 mil empregos, em contraste com uma queda de 500 milhões de libras e 3 a 4 mil empregos com uma Brexit suave, caso as empresas britânicas mantenham seu "passaporte para fazer negócios na UE".

Trump doou a campanhas de procuradores de casos de seu interesse

Ao longo de sua carreira, o candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, deu contribuições de campanha a candidatos a procuradores-gerais estaduais que poderiam tomar decisões que afetassem seus negócios, revelou o jornal americano The Wall Street Journal. Nos EUA, juízes, promotores e procuradores são eleitos diretamente.

O caso mais recente foi da procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, que investiga possíveis fraudes na Universidade Trump. Mas não foi a primeira vez. Um histórico revela que ele, a família e sócios contribuíram especialmente para candidatos a procurador-geral do estado de Nova York, sede das Organizações Trump, de Robert Abrams, nos anos 1980s, até o atual, Eric Schneiderman.

Há dois dias, o procurador-geral de Nova York proibiu a Fundação Trump de arrecadar dinheiro no estado por não estar legalmente habilitada a fazer isso.

A campanha de Trump o apresenta como um empresário independente e bem-sucedido, distante dos "interesses especiais" de um sistema político que considera "corrompido". De 2001 a 2014, Trump doou US$ 140 mil dólares a uma dúzia de pessoas. Não há dados disponíveis anteriores a 2001.

"Ele sempre fez doações a políticos durante toda a carreira e acredita que o sistema é falido", alegou Alan Garten, conselheiro-geral da Organização Trump.

Poucas semanas atrás, Trump pagou multa de US$ 2.500 à Receita Federal dos EUA por ter dado uma doação de US$ 25 mil à procuradora-geral da Flórida paga pela Fundação Trump, que não poderia fazer isso como uma entidade não lucrativa.

Ex-primeiro-ministro português será secretário-geral da ONU

O ex-primeiro-ministro de Portugal António Guterres foi escolhido hoje para ser o próximo secretário-geral das Nações Unidas, em substituição ao ex-ministro do Exterior da Coreia do Sul Ban Ki Moon, para cumprir um mandato de cinco anos a partir de 1º de janeiro de 2017.

Com 13 votos a favor e duas abstenções, o Conselho de Segurança das Nações Unidas elegeu Guterres há pouco, na sexta votação. Depois de deixar o governo de Portugal, ele foi alto comissário da ONU para refugiados até o fim de 2015.

Amanhã, a indicação deve ser referendada pela Assembleia Geral.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Trump ofende até veteranos de guerra

Em reunião com veteranos de guerra, tradicionais eleitores do Partido Conservador, o magnata imobiliário Donald Trump ofendeu os que sofrem de transporte de estresse pós-traumático, dizendo que eles não são "fortes".

Depois de ouvir que 22 ex-combatentes cometem suícidio a cada dia nos Estados Unidos, Trump deu sua explicação ignorante e desrespeitosa: "Quando as pessoas voltam da guerra e do combate e veem o que talvez muita gente nesta sala tenha visto várias vezes e é suficientemente forte, pode lidar com isso, mas um monte de gente não consegue."

A Fundação Campo Esperança PTSD (sigla do transtorno em inglês) reagiu no Twitter: "Algumas das pessoas mais fortes que você possa conhecer são veteranos enfrentando estresse pós-traumático.

O raciocínio é de uma ignorância atroz e típico da lógica rasteira do deputado republicano.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), uma guerra de trincheiras em que os inimigos se bombardearam mutuamente durante anos, vários soldados foram acusados de covardia e fuzilados por tremerem quando na verdade sofriam de PTSD.

Sob o impacto dos bombardeios, o cérebro chacoalha dentro do crânio produzindo lesões que causam o PTSD. Como as bombas hoje são muito mais poderosas, o impacto é muito maior.

Desigualdade prejudica redução da pobreza, adverte Banco Mundial

A miséria está diminuindo no mundo, mas o aumento da concentração da riqueza dificulta sua erradicação, alerta um relatório do Banco Mundial publicado no último domingo. Em 2013, 767 milhões de pessoas sobreviviam com menos de US$ 1,90 por dia (R$ 6,2 pela cotação de hoje). Quase metade dos miseráveis vive na África subsaariana.

Mesmo com a desaceleração do crescimento mundial, houve um recuo de 12% na pobreza extrema, beneficiando mais de cem milhões de pessoas naquele ano. Em 1990, eram quase 2 bilhões de miseráveis.

"A extrema pobreza continua a refluir no mundo, apesar da letargia da economia mundial", diz o relatório divulgado às vésperas da reunião anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O número de pessoas privadas de uma renda decente ainda é grande demais, observou o presidente do banco, Jim Yong Kim, citado no relatório.

A meta das Nações Unidas é erradicar a pobreza absoluta até 2030. Kim ressalva que este objetivo não será alcançado sem a redução da desigualdade: "A mensagem é clara. Não conseguiremos se não garantirmos que os mais pobres se beneficiem do crescimento. Para isso, é preciso atacar as grandes desigualdades, sobretudo nos países que concentram um grande número de pobres."

Entre 2008, quando a crise internacional estourou, e 2013, a renda dos 60% mais ricos cresceu mais depressa do que a dos 40% mais pobres em quase metade dos 84 países examinados na pesquisa do Banco Mundial.

Para atingir a meta, o banco apela aos países mais afetados pela miséria, como o Brasil, a investir nas crianças, garantir cobertura universal de saúde ou a oferecer benefícios sociais como o Bolsa-Família para os menos favorecidos.

"Não há receita milagrosa", concluiu o presidente do Banco Mundial. "Algumas medidas terão impacto rápido sobre a desigualdade de renda. Outras darão frutos gradualmente."

Britânicos ganham Nobel de Física por estudo de estados da matéria

Três cientistas britânicos que trabalham nos Estados Unidos, David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz, foram agraciados hoje com o Prêmio Nobel de Física por descobertas sobre estados incomuns da matéria capazes de levar ao desenvolvimento de novos materiais com propriedades especiais.

Com modelos matemáticos avançados, eles examinaram estados exóticos da matéria como supercondução de eletricidade, superfluidos e películas magnéticas finas.

Ao fazer o anúncio, o Instituto Karolinska, da Academia Real de Ciências da Suécia, atribuiu a premiação a "descobertas teóricas sobre transições de fases topológicas e fases topológicas da matéria. Graças a seu trabalho pioneiro, segue a busca por novas fases incomuns da matéria. Muita gente tem esperança de futuras aplicações destas descobertas em ciência dos materiais e eletrônica."

A metade do prêmio de 8 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 3 milhões, ficará com Thouless, da Universidade de Washington. Haldane, da Universidade de Princeton, e Kosterlitz, da Universidade Brown, dividem o resto.

No início dos anos 1970s, Kosterlitz e Thouless "demonstraram que a supercondutividade pode correr a baixas temperaturas e também explicaram o mecanismo, a transição de fase, que faz a supercondutividade desaparecer a altas temperaturas", declarou o comitê do Nobel.

A transição de fase é a mudança de estado da matéria. Os estados comuns são sólido, líquido e gasoso. Em temperaturas extremas, muito quentes ou muito frias, a matéria pode se alterar e assumir estados exóticos.

Na década seguinte, Thouless descobriu que as maneiras pelas quais a condutividade pode ser medida são topológicas por natureza e Haldane como os conceitos topológicos podem ser usados para entender as propriedades de cadeias de pequenos ímãs encontrados em alguns materiais.

A topologia é um ramo sofisticado da matemática. Estuda propriedade de figuras geométricas que não variam quando estas figuras sofrem deformações. Com a topologia, eles explicaram por que a condução de eletricidade em camadas muito finas só muda gradualmente.

Kosterlitz e Thouless investigaram o comportamento da eletricidade na superfície de camadas muito finas que os físicos chamam de "materiais bidimensionais". Haldane estudou fios tão finos que podem ser considerados unidimensionais.

O Prêmio Nobel de Física é o segundo anunciado este ano. Ontem, o japonês Yoshinori Ohsumi ganhou o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia por estudos sobre autofagia celular. Amanhã, será divulgado o vencedor do Prêmio Nobel de Química. Na sexta-feira, sai o ganhador do Prêmio Nobel da Paz. Na segunda-feira, será a vez do Prêmio Nobel de Economia. Na quinta-feira da próxima semana, será o dia do Prêmio Nobel de Literatura.

Rússia suspende cooperação nuclear com os EUA

Em sua guerrinha fria inconsequente contra o Ocidente, o presidente Vladimir Putin anulou por decreto um acordo entre Estados Unidos e Rússia para eliminar excedentes de plutônio que não possam ser mais usados em armas nucleares.

Ao acusar os EUA de atitude "inamistosa", Putin indica que outros acordos de desarmamento e cooperação nuclear estão sob ameaça. Até mesmo o Tratado sobre Forças Nucleares Intermediárias, o primeiro da história a eliminar armas atômicas, assinado em 8 de dezembro de 1987 pelo presidente americano, Ronald Reagan, e o último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, corre risco de ser abandonado.

Aquele acordo eliminou os mísseis nucleares de curto e médio alcance das duas superpotências. Foi um marco do fim da Guerra Fria.

Putin subiu na vida como agente da polícia política soviética, o sinistro Comitê de Defesa do Estado (KGB) e considera o fim da URSS a "maior catástrofe geopolítica do século 20". Ele foi diretor do Serviço Federal de Segurança, sucessor do KGB, ainda o núcleo político do regime.

Desde que chegou ao poder no Kremlin, em 1999, Putin tenta resgatar pelo menos parte do poder imperial soviético. Faz isso ressuscitando a indústria bélica, intervindo política e militarmente nas outras ex-repúblicas soviéticas e, desde o ano passado, também na guerra civil da Síria.

Com a intervenção militar na Ucrânia e a anexação da Península da Crimeia, em 2014, Putin violou o acordo de 1994 que garantia a segurança do país em troca da entrega de todas as armas nucleares da antiga URSS à Rússia. Em resposta, os EUA e a União Europeia impuseram sanções econômicas à Rússia.

Sem sombra do poder econômico das superpotências de hoje, os EUA e a China, só resta ao protoditador do Kremlin fustigar as potências ocidentais. Suas bravatas servem mais para consumo interno, mas podem levar a incidentes que provoquem uma escalada.

Pesquisadores descobrem como se formam os neurônios

Um mecanismo importante na formação das células nervosas durante a transformação do embrião em feto foi descoberta por uma equipe de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência, de Portugal, liderada por Diogo Castro, em colaboração com o Instituto Científico Raffaele, da Itália, e do Instituto Karolinska, da Suécia.

A pesquisa revela como a ativação dos genes que transformam as células-tronco embrionárias em neurônios é coordenada com a supressão dos gens que mantêm o estado indiferenciado das células-mães - as células estaminais neuronais.

No embrião, as células estaminais dão origem aos diferentes tipos de células especializadas. O que determina a especialização é um conjunto de genes que está ativo em cada tipo de célula.

Ainda se sabe pouco sobre como se chega ao estado final da diferenciação. Entender este mecanismo é o objetivo do estudo. Os cientistas examinam o papel de moléculas reguladoras como fatores de transcrição na formação dos neurônios.

"Estas moléculas funcionam como maestros de uma orquestra, controlando a identidade das células ao indicar que gens estarão ativos em cada momento do desenvolvimento embrionário", explicou Francisca Vasconcelos, principal autora do relatório final da pesquisa.

Ao análisar os cérebros de embriões de ratos e de culturas de células estaminais neuronais, a equipe do IGC descobriu que o fator de transcrição MyT1 promove a formação de neurônios. A surpresa foi que o MyT1 desativa os gens que mantém o estado indiferenciado das células estaminais

O resultado do estudo será divulgado nesta semana na revista Cell Reports. É um passo importante para entender como o cérebro e o sistema nervoso se desenvolvem, abrindo novos caminhos para terapias regenerativas.

As células nervosas não se regeneram. Por isso, quem sofre acidentes ou nasce com problemas sofre com lesões permanentes. As terapias de células-tronco embrionárias são a grande esperança de que se possa criar um regenerar neurônios.

"Alterações na identidade da célula requerem não só a aquisição de novas características e funções, mas também a supressão daquelas que caracterizavam o estado imaturo inicial", declarou o coordenador da pesquisa, Diogo Castro. "Nós descobrimos que MyT1 interliga os dois eventos, revelando como esses processos são sincronizados de modo a que ocorram de forma ordenada."

EUA rompem diálogo com a Rússia sobre a guerra civil na Síria

Diante da intensificação dos bombardeios da Força Aérea da Rússia na Batalha de Alepo, o secretário de Estado americano, John Kerry, anunciou ontem o rompimento do diálogo com Moscou na busca de uma solução negociada para a guerra civil na Síria.

"Juntos, a Rússia e a Síria rejeitaram a diplomacia e parecem continuar perseguindo uma vitória militar sobre corpos destroçados, hospitais bombardeados e crianças traumatizadas numa terra que sofre há muito tempo", desabafou Kerry, citado pelo jornal The New York Times.

Os militares dos dois países vão manter o contato para evitar choques durante "operações antiterrorismo na Síria", esclareceram porta-vozes da diplomacia dos Estados Unidos.

Depois de um breve cessar-fogo no mês passado, a ditadura de Bachar Assad e sua aliada Rússia voltam a apostar numa vitória militar do regime sírio. Em 28 de setembro, o secretário Kerry advertiu o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, que suspenderia o diálogo se o assalto a Alepo não parasse.

A Rússia rejeitou as exigências e acusou os EUA de apoiar terroristas na Síria. O regime de Assad acusa todos os inimigos de terrorismo, embora o maior terrorista na guerra civil síria seja ele, se considerarmos que terrorismo é um ataque indiscriminado contra civis inocentes escolhidos ao acaso para quebrar a fibra moral do inimigo.

Para não entregar o poder, Assad destruiu seu próprio país com a ajuda do Irã e da Rússia, e a conivência indiferente da sociedade internacional.

O Brasil votou sistematicamente com a China e a Rússia no Conselho de Segurança das Nações Unidas, evitando a condenação do regime sírio sob a alegação de que serviria de pretexto para uma intervenção militar como a que derrubou o ditador Muamar Kadafi na Líbia.

Quando o presidente Barack Obama mandou a Força Aérea dos EUA bombardear a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante para impedir o genocídio do povo yazidi, em agosto de 2014, a então presidente Dilma Rousseff propôs diálogo durante uma entrevista coletiva em Nova York durante a Assembleia Geral da ONU. Com o Estado Islâmico?

A responsabilidade do presidente Barack Obama também não pode ser ignorada. O presidente americano ameaçou bombardear as forças do regime se Assad usasse armas químicas na guerra.

Depois de um ataque que matou mais de mil pessoas na periferia da capital, Damasco, em agosto de 2013, Obama não cumpriu a ameaça. Aceitou um acordo mediado pela Rússia para supostamente acabar com o arsenal químico da Síria. Os ataques químicos esporádicos continuam até hoje.

Dois anos depois da hesitação de Obama, em 30 de setembro de 2015, a Força Aérea da Rússia entrou na guerra civil da Síria a pretexto de combater o terrorismo com uma política de terra arrasada semelhante à usada pelo protoditador Vladimir Putin na Guerra da Chechênia.

Na prática, a Rússia interveio para sustentar o regime e voltar a ser um ator geopolítico importante no Oriente Médio, o que a antiga União Soviética deixara de ser em 1977, quando o então presidente do Egito, Anuar Sadat, abandonou Moscou e se aliou a Washington para recuperar a Península do Sinai, ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

No momento, há pouco que os EUA possam fazer além de criticar a Rússia. Não vão correr o risco de uma guerra nuclear para defender a Síria. Mas junto com seus aliados na região vão continuar armando alguns grupos rebeldes ditos moderados.

Com a revolta da maioria sunita contra Assad, é altamente improvável uma paz estável na Síria sem a saída do ditador e o objetivo da guerra civil desde o começo é manter Assad no poder. A tragédia síria continua.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Santos e as FARC prometem renegociar o acordo de paz

Apesar da derrota do acordo de paz negociado pelo governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) por pequena margem no referendo de ontem, o país hoje está mais perto da paz. Ninguém pensa em recomeçar a guerra civil.

No dia seguinte, o presidente Juan Manuel Santos reafirmou o compromisso do governo com o cessar-fogo permanente e a paz. As FARC fizeram o mesmo, insistindo que também estão comprometidas com o processo de paz.

O líder da campanha do não, o ex-presidente e agora senador Álvaro Uribe (2002-10), apresentou hoje suas condições para a paz: anistia aos guerrilheiros não condenados e "alívio judicial" para soldados e policias das Forças Armadas que tenham cometido crimes de guerra, informa o jornal El Espectador.

"Pedimos que não haja violência, proteção para as FARC e que cessem todos os delitos", declarou Uribe no calor da vitória.

Uribe, seu aliado e senador Iván Duque, o ex-presidente conservador Andrés Pastrana e o ex-procurador Alejando Ordóñez foram os grandes vencedores.

Japonês ganha Nobel de Medicina por pesquisas sobre autofagia

O cientista japonês Yoshinori Ohsumi, de 71 anos, ganhou hoje o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2016 por descobertas sobre como as células se reciclam num processo conhecido como autofagia em que comem a si mesmas.

É um processo fundamental para reciclagem das células, sua saúde e sobrevivência. As células podem ser decompostas em suas proteínas e componentes não essenciais para serem reutilizadas para gerar energia. Também usam autofagia para destruir vírus e bactérias, se livrar de estruturas mal formadas.

Esse processo é perturbado por cânceres, doenças infecciosas, problemas imunológicos e desordens neurovegetativas. Também é afetado pela velhice.

Ohsumi descobriu como funciona em pesquisas com fermento de confeiteiro. Os genes e processos metabólicos do fermento são usados por vários organismos superiores, inclusive os seres humanos. Ele começou pela química, passou a estudar biologia molecular.

Como professor da Universidade de Tóquio, ele começou a investigar sacos de fermento em que os componentes estavam se degradando. Tinha 43 anos quando fez a descoberta reconhecida hoje pela Academia Real de Ciências da Suécia.

Para os especialistas, como a Dra. Beth Levine, diretora de pesquisas em autofagia do Centro Médico da Universidade do Sudoeste do Texas, em Dallas, o Nobel de Ohsumi era "inevitável". O pesquisador japonês é "venerado no campo da autofagia".

Eleição presidencial no Congo deve ser adiada para dezembro de 2018

Em mais um golpe do presidente Joseph Kabila para se perpetuar no poder, o presidente da comissão eleitoral da República Democrática do Congo declarou no fim de semana que espera que a próxima eleição presidencial, prevista para novembro deste ano, seja adiada para dezembro de 2018, noticiou a agência Reuters.

O anúncio pode deflagrar mais uma onda de violência política depois de morte de cerca de 50 pessoas em protestos e choques com as forças de segurança na capital do antigo Congo Belga, Kinshasa.

Kabila se recusa a deixar o poder, mas nega qualquer manobra, atribuindo o adiamento a problemas logísticos e orçamentários. Uma negociação multipartidária com participação da sociedade tenta chegar a um acordo sobre a data da eleição, mas a maioria da oposição boicota o diálogo que considera um pretexto para Kabila continuar no poder.

China condena dois ex-líderes do Partido Comunista por corrupção

Na campanha anticorrupção usada pelo presidente Xi Jinping para consolidar seu poder, a Justiça da China condenou dois ex-líderes municipais do Partido Comunista em duas cidades importantes em meio a uma disputa pela indicação de futuros dirigentes. 

Wan Qingliang, ex-primeiro-secretário do PC em Cantão, foi condenado à prisão perpétua sob a acusação de receber US$ 16,6 milhões de propina, enquanto Wang Min, ex-chefe do partido em Jinã, pegou 12 anos por ganhar o equivalente a US$ 2,7 milhões.

Nos dois processos, a Justiça concluiu que eles receberam dinheiro para facilitar negócios e carreiras profissionais ilegalmente. Desde que as investigações começaram, em 2014, os dois não foram mais vistos em público.

O Comitê Central do PC se reúne no próximo mês para reexaminar as normas disciplinares a serem seguidas pelos 88,7 milhões de afiliados ao partido. "O código de conduta revisado será mais duro que o anterior. Esses dois casos servem para reforçar isso", comentou James Law, especialista em China da Fundação Jamestown, nos Estados Unidos.

Desde que Xi chegou à liderança do partido, em 2012, centenas de funcionários foram investigados e punidos por corrupção. Antes desta ascensão, o dirigente Bo Xilai, considerado líder da ala neomaoísta do partido, foi expurgado, preso e condenado por corrupção.

Papa autoriza beatificação rápida de padre morto pelo Estado Islâmico

O papa Francisco autorizou o Vaticano a realizar um processo rápido de beatificação do padre Jacques Hamel, assassinado por extremistas muçulmanos em nome da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante dentro de sua igreja em Saint-Etienne-du-Rouvray em 26 de julho, revelaram ontem fontes da Santa Sé citadas pela Agência France Presse.

É uma exceção. O normal é esperar cinco anos depois da morte para iniciar um processo de beatificação. A mesma exceção foi feita na santificação de Madre Teresa de Calcutá.

No caso do padre Hamel, por ter sido vítima de um martírio, não é necessário um milagre para a beatificação. Para virar santo, precisará de um milagre. O processo deve durar dois anos, disse o arcebispo de Rouen, citado pelo jornal conservador Le Figaro.

Durante uma missa em homenagem ao padre em setembro, o papa manifestou a intenção de acelerar a beatificação de Jacques Hamel: "Nós devemos rezar - é um mártir e os mártires são bem-aventurados - para que ele nos dê a todos a fraternidade, a paz e também a coragem de dizer a verdade: matar em nome de Deus é satânico."

Trump pressionou segunda mulher a posar nua para a Playboy

Ao atacar a ex-Miss Universo Alicia Machado por posar para a revista masculina Playboy, o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, o magnata imobiliário Donald Trump, omitiu o fato de ter pressionado sua própria mulher a posar nua na revista.

Depois de mentir que havia na rede um vídeo de Alicia fazendo sexo e mandar os eleitores americanos procurarem na Internet às quatro da madrugada, reapareceu uma reportagem do jornal popular New York Daily News revelando que o bilionário tentou obrigar sua segunda mulher, Marla Maples, a posar nua.

Trump chegou a negociar o cachê da mulher, revelou na época um editor da revista. Marla Maples se negou terminantemente: "Agradeço pelo meu corpo, mas não quero explorá-lo. Como eu seria levada a sério?"

domingo, 2 de outubro de 2016

Colombianos rejeitam acordo de paz com as FARC

Com 99,71% das urnas apuradas, o acordo de paz negociado entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) foi rejeitado em referendo com 6.426.858 (50,23%) votos não contra 6.366.621 (49,76%) para o sim. As FARC já anunciaram que não pretendem voltar à situação anterior ao início das negociações, informa o jornal El Espectador.

As pesquisas de opinião apontavam uma vitória do sim com cerca de 60% dos votos. O grande derrotado é o presidente Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa. Ele apostou no processo de paz como grande realização de seu governo e enfrentou forte oposição do ex-presidente e ex-chefe Álvaro Uribe (2002-10). Juntos, os dois impuseram várias derrotas militares às FARC, enfraquecendo o grupo guerrilheiro, que terminou negociando numa posição débil.

Mesmo assim, os guerrilheiros entraram nas negociações realizadas em Havana, a capital de Cuba, exigindo uma mudança no regime político e no sistema econômico do país, como se tivessem força para tanto.

No acordo, as FARC aceitaram a democracia liberal, a economia de mercado, o fim da luta armada, ao desarmamento, a desmobilização, uma anistia parcial e um tribunal especial para julgar crimes contra a humanidade, como assassinatos e sequestros.

"A paz é o caminho. Todos os colombianos devem ser protagonistas deste momento histórico", declarou Santos ao votar hoje de manhã.

Uribe defendeu o não: "A paz é ilusória. Os textos de Havana são decepcionantes", acrescentou, advertindo que o acordo garante a impunidade dos guerrilheiros e encaminha a Colômbia para o "castrochavismo" de Cuba e da Venezuela.

Depois de 52 anos de uma guerra civil com cerca de 260 mil mortes e 6,9 milhões de pessoas desalojadas internamente, o eleitorado colombiano rejeitou a anistia parcial. Aliados de Uribe defenderam o não alegando que permitia uma renegociação em condições menos favoráveis à guerrilha.

"Ganhou o ódio às FARC", comentou o cientista político Jorge Restrepo, diretor do Centro de Recursos para Análise de Conflitos (Cerac). "Ficamos com uma profunda crise política com consequências econômicas muito negativas. Agora, serão as FARC que decidirão se seguem com o cessar-fogo, o desarmamento e a reintegração à vida civil."

Durante a 10ª Conferência das FARC, o comandante Carlos Antonio Losada, declarou que "não existe a menor possibilidade de que o que foi acertado em Havana seja renegociado". Diante de uma possível derrota no referendo, Losada observou que "isso não significa que se deva jogar no lixo todo o processo porque a paz como um direito síntese não pode nos levar a tomar a decisão de seguir com esta guerra tão dolorosa."

A rejeição do acordo desestimula o Exército de Libertação Nacional (ELN), segundo maior grupo guerrilheiro da Colômbia, a aderir ao processo de paz.