quinta-feira, 30 de junho de 2016

Terroristas do aeroporto de Istambul vieram de ex-repúblicas soviéticas

Os três homens-bomba que se detonaram há dois dias no Aeroporto Ataturk, em Istambul, a maior cidade da Turquia, vieram de ex-repúblicas da União Soviética, informou hoje a televisão pública britânica BBC citando como fonte funcionários do governo turco.

Os três terroristas suicidas eram da Quirguistão, do Usbequistão e da república muçulmana do Daguestão, parte da Federação Russa no Norte da região do Cáucaso.

Até agora, nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado, atribuído pelas autoridades da Turquia à milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que tem recrutado voluntários na antiga URSS.

Hoje a polícia turca prendeu 13 suspeitos nas cidades de Istambul e Esmirna. O total de mortos no ataque ao aeroporto subiu para 43, com mais de 230 feridos.

Estado Islâmico mata padre da igreja cristã do Egito

Milicianos ligados à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante mataram hoje um pastor da Igreja Ortodoxa Copta, a maior igreja cristã do Egito, em Alarixe, a capital da província do Sinai do Norte, noticiou a agência Reuters.

O padre Rafael Moussa esperava o conserto de sua carro quando foi baleado pelos jihadistas. A Província do Sinai do Estado Islâmico, ramo do grupo extremista muçulmano no Egito, reivindicou a autoria do assassinato.

Em outro ataque, uma bomba explodiu em Alarixe, matando um policial e ferindo outros três. Sem um programa abrangente para atacar os problemas políticos, econômicos e sociais do Sinai, o regime militar egípcio não vai conseguir controlar a insurgência na península, o que também ameaça Israel.

Durante o breve governo do presidente Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, em 2012 e 2013, o governo islamita egípcio, aliado do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) palestino, negligenciou a segurança da Península do Sinai.

Os Estados Unidos já manifestaram a intenção de retirar seus soldados da força da paz internacional que fiscaliza o acordo de paz assinado em 1979 entre o Egito e Israel. As tropas americanas não estão preparadas para realizar operações de contrainsurgência.

Com a ascensão de grupos jihadistas, a perseguição religiosa está dizimando os cristãos no Oriente Médio.

China rejeita de antemão sentença do tribunal de arbitragem da ONU

A decisão da Corte Permanente de Arbitragem das Nações Unidas só vai ser anunciada em 12 de julho, mas o regime comunista chinês já advertiu que vai aprofundar as disputas territoriais no Mar do Sul da China, noticiou hoje a agência Reuters.

As Filipinas acionaram o tribunal internacional acusando o regime comunista da China de violar a Convenção Internacional sobre o Direito do Mar com suas táticas expansionistas em áreas disputadas. Beijim está transformando recifes em ilhas artificiais e constrói pistas de pouso para aviões de combate.

Em declaração oficial divulgada hoje, o Ministério do Exterior chinês afirmou que a Corte de Arbitragem não tem jurisdição sobre o caso. Por isso, vai rejeitar a decisão.

A expectativa é que o tribunal não aceite os argumentos legais da China para reivindicar a soberania sobre o Mar do Sul da China. Como a China vai ignorar a decisão, a realidade não vai mudar.

Bufão Boris Johnson não será primeiro-ministro britânico

Depois de liderar a campanha para sair da União Europeia, que ameaça destruir o Reino Unido, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson anunciou hoje que não tem apoio suficiente para disputar a liderança do Partido Conservador e se tornar o próximo primeiro-ministro britânico.

Os principais nomes a apresentar suas candidaturas hoje foram a ministra do Interior, Theresa May, nova favorita, e o ministro da Justiça, Michael Gove. Horas antes da desistência de Johnson, Gove anunciou sua candidatura alegando que o ex-prefeito não tem condições de liderar o processo de saída da UE.

Mas Gove começa mal. Foi o maior aliado de Johnson, hoje uma das pessoas mais odiadas do Reino Unido, dentro da campanha para deixar a UE. Deu uma facada nas costas de Johnson.

Theresa May é eurocética, mas não entrou na campanha num gesto de lealdade ao primeiro-ministro David Cameron, que convocou o plebiscito mas defendeu a permanência no bloco europeu. Sua lealdade pode ser decisiva. Gove herda o repúdio a Johnson e o estigma da traição.

Há uma tradição no Partido Conservador britânico. Quem mata o rei não ascende ao trono. Michael Heseltine derrubou Margaret Thatcher em 1990. A liderança do partido e do governo ficou com John Major.

Boris Johnson traiu o primeiro-ministro David Cameron, seu ex-colega de segundo grau no Eton College, a escola da aristocracia britânica. Michael Gove traiu Johnson. A favorita é Theresa May, que foi leal a Cameron.

Turquia e Rússia reatam relações bilaterais

Em conversa telefônica, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, concordaram ontem em restabelecer as relações bilaterais, abaladas desde o abate de um avião de guerra russo pelos turcos na guerra civil da Síria, em 24 de novembro de 2015.

A Presidência da Turquia descreveu o diálogo como positivo e produtivo sobre temas como cooperação política e econômica, combate ao terrorismo e às crises humanitárias no Oriente Médio. Erdogan e Putin ficaram de se encontrar pessoalmente.

Na versão do Kremlin, os dois governos retomaram o comércio e a cooperação bilateral. A Rússia vai cancelar as medidas restringindo o turismo para a Turquia. Mas interesses conflitantes limitam a reaproximação.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Total de mortos no ataque ao aeroporto de Istambul sobe para 42

O número de vítimas do atentado terrorista de ontem à contra o Aeroporto Ataturk, em Istambul, a antiga Constantinopla, maior cidade da Turquia, subiu hoje para 42 mortos e 239 feridos, anunciou hoje o governo municipal.

Treze mortos eram estrangeiros: cinco sauditas, dois iraquianos, um tunisiano, um usbeque, um chinês, um iraniano, um ucraniano e um jordaniano. Dos feridos, 130 continuam hospitalizados.

Até agora, nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado. Pelas características da operação e a escolha do alvo, o governo turco acusa a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. A Turquia também enfrenta grupos rebeldes curdos e de esquerda.

O primeiro-ministro Binali Yildirim afirmou que os três terroristas chegaram ao aeroporto de táxi pouco antes das 22 horas (16h em Brasília) e abriram fogo contra passageiros e policiais perto do setor de revista de segurança do embarque internacional.

Quando um terrorista ferido caiu, um policial se aproximou e percebeu que ele trazia explosivos junto ao corpo. Neste momento, o homem-bomba se detonou. Os outros dois suicidas se explodiram em seguida.

O aeroporto de Istambul, o 11º mais movimentado do mundo, foi reaberto às três da madrugada (21h de ontem em Brasília), mas um terço dos voos foram cancelados e há muitos atrasos.

Popularidade de Hollande cai a recorde negativo de 12%

A menos de um ano da eleição presidencial na França, a popularidade do presidente socialista François Hollande caiu a novo recorde negativo. Só 12% confiam no chefe de Estado, indica uma pesquisa do instituto TNS para o jornal Le Figaro.

Hollande insiste em dizer que o país está melhor, com crescimento maior e uma pequena queda no desemprego, deu aumentos a professores e outros funcionários públicos, deixou o ônus da rejeição dos sindicatos à reforma trabalhista com o primeiro-ministro Manuel Valls e se apresenta como o torcedor número da seleção de futebol da França, uma das favoritas da Eurocopa.

O presidente promete anunciar no fim do ano se vai concorrer à reeleição. O Partido Socialista propôs a realização de uma eleição primária com o aval do Palácio do Eliseu. É uma tentativa de legitimar a reeleição.

A ameaça do terrorismo, a estagnação da economia, o desemprego elevado e a onda de greves e manifestações em rejeição à reforma das leis do trabalho contribuem para o que o Figaro chama de "o calvário de Hollande".

No momento, as pesquisas indicam que o PS pode ficar fora do segundo turno da eleição presidencial, como aconteceu em 2002, quando o neofascista Jean-Marie Le Pen, da Frente Nacional, superou o então primeiro-ministro socialista Lionel Jospin e foi derrotado pelo então presidente Jacques Chirac.

Agora, Marine Le Pen, filha de Jean-Marie, aparece como favorita nas pesquisas, disputando a ponta com os favoritos do partido Os Republicanos, o ex-presidente Nicolas Sarkozy e o ex-primeiro-ministro Alain Juppé, que devem disputar a eleição primária da centro-direita.

Pesquisa indica que 45% dos franceses querem plebiscito sobre a UE

Cerca de 45% dos franceses são a favor da convocação de um plebiscito como o britânico sobre a permanência da França na União Europeia, indica uma pesquisa divulgada hoje pelo jornal Le Figaro.

Se o plebiscito fosse realizado, 45% declararam voto a favor de ficar na UE, enquanto 33% votariam para deixar o bloco.

Como no Reino Unido, as pessoas de renda mais alta tendem a ser a favor da UE, mas não houve na França uma divisão por idade como entre os britânicos, com a maioria dos jovens votando pela Europa e a maioria dos velhos contra.

A Frente Nacional, da França, e outros partidos de ultradireita do continente estão reivindicando a convocação de referendos sobre a UE na Áustria, Dinamarca, Itália e Suécia.

A França forma com a Alemanha o eixo central ao redor do qual foi construída a UE. Sem a França, o bloco se desintegraria, mas são prematuras as previsões apocalípticas de fim da UE, da qual o Reino Unido sempre foi um participante periférico.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Turquia e Israel preparam troca de embaixadores

A Turquia e Israel vão trocar embaixadores nos próximos dias depois de um acordo de reconciliação sobre o ataque israelense a uma flotilha que tentava romper o bloqueio naval à Faixa de Gaza e levar ajuda aos palestinos em que dez turcos morreram, anunciou ontem a Agência France Presse (AFP) citando fontes de Ancara.

Como os dois países têm interesses comuns em meio ao caos no Oriente Médio, o acordo foi possível. Ambos tiveram de fazer concessões.

Depois que a França praticamente vetou a candidatura da Turquia à União Europeia, o presidente Recep Tayyip Erdogan decidiu reorientar o país para a Ásia, islamizando o regime. Apoiava o governo da Irmandade Muçulmana no Egito e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Faixa de Gaza.

Nos últimos dez anos, as relações entre Israel e a Turquia esfriaram, mas agora há um degelo. Com o recuo estratégico dos Estados Unidos, as potências regionais entram no vácuo, observa a empresa de consultoria e análises estratégicas Stratfor.

Os EUA deixaram de ser a potência militar dominante no Oriente Médio. Entram com a Força Aérea e o apoio logístico, deixando o combate direto em terra a cargo de aliados locais. Ao mesmo tempo, tentam criar um equilíbrio de forças em que nenhum país se torne a potência regional hegemônica.

Além de Israel, uma potência nuclear, com o Iraque e a Síria em guerras civis arrasadoras, disputam o poder a Turquia, o Irã e a Arábia Saudita em aliança com as monarquias petroleiras do Golfo Pérsico.

O Irã constrói sua influência através da comunidade xiita no Iraque, no Líbano, na Síria, no Bahrein, no Iêmen, além de ter influência sobre os xiitas em todo o Oriente Médio, inclusive na rival Arábia Saudita.

A coalizão saudita foi abalada pela reaproximação entre EUA e Irã e o acordo nuclear com grandes potências das Nações Unidas com a república islâmica em torno da questão nuclear. Tratou de reforçar sua posição com acordos de cooperação econômica e segurança.

Desde 2011, a Arábia Saudita deu empréstimos e ajuda de US$ 3 bilhões ao Egito e US$ 1,8 bilhão à Jordânia. Em fevereiro de 2015, deu US$ 5 bilhões ao Exército do Sudão. Os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait e Omã prometeram mais US$ 10 bilhões ao Egito.

Os interesses da Turquia e da Arábia Saudita, ambas aliadas dos EUA, convergem em certo sentido. Durante a Guerra Fria, ajudaram a conter a influência da União Soviética. Na guerra civil da Síria, os dois países apoiam rebeldes que lutam contra a ditadura de Bachar Assad.

As relações entre Israel e a Turquia vinham se deteriorando desde a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza em 2008-9. O ataque ao navio turco Mavi Marmara, da chamada Flotilha de Liberdade de Gaza, em 31 de maio de 2010, com a morte de dez pessoas, foi um golpe direto.

A Turquia rebaixou as relações diplomáticas e suspendeu a cooperação militar.

Israel concordou em pedir desculpas e indenizar as famílias dos mortos em US$ 20 milhões, mas o bloqueio a Gaza dificulta a plena normalização das relações bilaterais. Até a ajuda humanitária da Turquia a Gaza é considerada ameaça à segurança nacional israelense.

Para fortalecer sua posição regional, Israel usa suas reservas de gás natural para acordos com o Egito e a Jordânia, os dois únicos países árabes com que assinou a paz. O presidente Erdogan acaba de pedir desculpas à Rússia pelo abate de um avião de caça na guerra civil da Síria em 24 de novembro de 2015, mas as relações com a Rússia estão abaladas.

O gás é mais um interesse a aproximar a Turquia de Israel. O objetivo turco é diversificar as parcerias no setor de energia para ter alternativas de suprimento. Além de Israel, deve negociar gás natural com o Azerbaijão e o Curdistão iraquiano.

Regime chavista pede dissolução da Assembleia Nacional

Os partidos da aliança Grande Polo Patriótico, inclusive o Partido Socialista Unido da Venezuela, vão pedir à Corte Suprema o afastamento do presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, a dissolução do parlamento e a convocação de novas eleições, noticiou hoje o jornal venezuelano El Nacional.

A ação alega que Ramos Allup agiu de maneira antidemocrática e usurpou poderes do Ministério do Exterior.

Seis meses depois das eleições que deram maioria no parlamento à oposição pela primeira vez desde a ascensão de Hugo Chávez, em 1998, o principal objetivo da oposição, convocar um referendo para revogar o mandato do atual presidente, Nicolás Maduro, fica prejudicado.

Se o referendo for realizado ainda neste ano e Maduro for afastado, haverá nova eleição. Se for no próximo ano, o substituto será o vice-presidente. O chavismo continuaria no poder.

O líder da oposição, Henrique Capriles, derrotado nas duas eleições presidenciais, avisou o governo que, se houver novas eleições parlamentares, a oposição fará uma maioria ainda maior.

Trump promete milhões mas doa muito pouco

A campanha do pré-candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados alega que o magnata imobiliário doou milhões a instituições beneficentes entre 2008 e 2015, mas uma investigação do jornal The Washington Post só confirmou uma doação abaixo de US$ 10 mil.

Apenas 11 de 167 instituições beneficentes com que Trump têm alguma ligação receberam doações pessoais do bilionário. Das outras, 77 nunca ganharam nada, 39 se negaram a comentar e 40 não responderam.

A única doação confirmada foi de menos de US$ 10 mil para a Liga Atlética da Polícia.

Turquia acusa Estado Islâmico pelo ataque ao aeroporto de Istambul

As primeiras investigações indicam que a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante está por trás do ataque ao Aeroporto Ataturk, em Istambul, afirmou hoje o primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, noticiou a televisão árabe Al Jazira.

Em vez de dois terroristas suicidas, como informado inicialmente, o prefeito de Istambul, Vassip Sahin, disse que três homens-bomba participaram do atentado. O número de mortos também aumentou. Pelo menos 36 pessoas foram mortas e 147 saíram feridas no ataque.

Embora a Turquia enfrente grupos terroristas islâmicos, curdos e de esquerda, um ataque contra o setor de embarque internacional de um aeroporto tem as marcas do Estado Islâmico, com o objetivo de abalar o turismo no país, que caiu 50% nos últimos meses, depois de outros atentados.

Terroristas atacam aeroporto de Istambul

Três terroristas suicidas se detonaram hoje no aeroporto Mustafá Kemal Ataturk, em Istambul, a maior cidade da Turquia. A polícia reagiu e atirou antes que eles se explodissem. Pelo menos dez pessoas foram mortas, informou o Ministério da Justiça turco, citado pela televisão americana CNN.

As maiores suspeitas recaem sobre a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que cometeu vários atentados em Istambul contra alvos turísticos. Houve ataques de grupos rebeldes curdos na Turquia, mas este tem as características de ações de extremistas muçulmanos.

Os terroristas atacaram o setor de embarque internacional. Chegaram de táxi e dispararam contra passageiros e policiais perto da área da revista de segurança. Houve troca de tiros e um terrorista foi ferido. Quando um policial se aproximou, ele detonou os explosivos. Os outros homens-bomba se detonaram em seguida.

NOTA: este texto foi atualizado para corrigir informações divulgadas inicialmente que depois se revelaram erradas, com a exceção do total de mortos, atualizado em novas postagens.

Trump promete sair do Nafta e iniciar guerra comercial com a China

Em discurso em Monessen, no estado de Pensilvânia, decisivo na disputa pela Presidência dos Estados Unidos, o pré-candidato republicano Donald Trump prometeu recuperar a base industrial do país rejeitando a Parceria Transpacífica (TTP), saindo do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e denunciando a China como manipulador da moeda.

Como Ohio, outro estado decisivo na corrida para a Casa Branca porque pode ser vencido por qualquer um dos grandes partidos, a Pensilvânia tem áreas deprimidas pela desindustrialização e o impacto da globalização.

Trump atacou a TPP, que a pré-candidata democrata Hillary Clinton defendia como secretária de Estado no primeiro governo Barack Obama, alegando que ela mudou de posição por causa dele, quando na verdade foi maior a pressão do aspirante democrata Bernie Sanders, um senador declaramente socialista. Citou os baixos salários do Vietnã como ameaça aos trabalhadores americanos.

Depois de prometer erguer um muro na fronteira com o México para impedir a imigração ilegal, Trump quer também acabar com o Nafta, outra tirada demagógica. Mesmo que empresas americanas não instalem suas fábricas no México ou no Vietnã, para manterem a competitividade precisam produzir em países de custo mais baixo.

Quanto à China, Trump ameaça iniciar uma verdadeira guerra comercial acusando o país de manipular o câmbio. Quer usar a arrogância imperial para forçar o regime comunista chinês a mudar as relações comerciais. É provável que nem acredite nisso, mas usa o discurso para enganar os trouxas.

Corbyn se nega a renunciar após voto de desconfiança da bancada

Por 172 a 40 votos, a bancada do Partido Trabalhista na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico aprovou hoje uma moção de desconfiança contra o líder Jeremy Corbyn por causa da derrota no plebiscito sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. Corbyn, eleito diretamente pelas bases do partido, se nega a renunciar.

Desde domingo, mais de 20 membros do governo paralelo da oposição trabalhista pediram demissão em protesto contra a liderança de Corbyn, um membro da velha esquerda que sempre viu a UE como um projeto de integração capitalista e se recusou a fazer campanha pela Europa ao lado do primeiro-ministro David Cameron.

Cameron enfrentou hoje sua primeira reunião de cúpula da UE depois da derrota no plebiscito que convocou para tentar acabar com a guerra civil interna do Partido Conservador em torno da Europa, que vem desde a queda da primeira-ministra Margaret Thatcher, em 1990.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deixou claro mais uma vez que as negociações não começam antes de um pedido oficial do Reino Unido para sair do bloco.

Como Cameron se nega a deflagrar o processo, isso depende da eleição de um novo líder do Partido Conservador, que será então nomeado pela bancada novo primeiro-ministro britânico.

No primeiro momento depois do plebiscito, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, líder da campanha pela saída da UE, era o franco favorito. Mas a última sondagem dá vantagem à ministra do Interior, Theresa May.

Eurocética, May não se empenhou na campanha para sair por lealdade ao primeiro-ministro Cameron, enquanto Johnson é visto como um oportunista que aderiu aos antieuropeus para chegar ao poder. Com Johnson sendo chamado de "homem que quebrou o Reino Unido", crescem as chances de Theresa May ser a segunda mulher a liderar os conservadores, depois de Thatcher (1979-90).

Pela tradição do Partido Conservador, quem mata o rei não ascende ao trono. Em 1990, Michael Heseltine derrubou Thatcher, mas quem foi eleito líder do partido foi John Major.

Enquanto os dois maiores partidos britânicos não tiverem novos líderes, o caos político no Reino Unido não vai acabar e os mercados financeiros vão continuar sofrendo o choque da Brexit (Britain exit).

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, anunciou que vai amanhã a Bruxelas para discutir com os líderes europeus uma maneira de manter o país na UE, alegando que "62% dos escoceses votaram para ficar na UE" e seria antidemocrático frustrar suas aspirações. O Partido Nacional Escocês, que domina amplamente a política no país, já organiza um novo plebiscito sobre a independência da Escócia.

O chamado empresário hippie, Richard Branson, que começou vendendo discos e hoje tem companhias áereas e um ilha no Mar do Caribe, defende a convocação de um segundo plebiscito quando as consequências econômicas da saída da UE ficarem claras para o eleitorado britânico.

Turquia pede desculpas por derrubar avião de guerra da Rússia

O presidente Recep Tayyip Erdogan enviou uma carta ao presidente Vladimir Putin pedindo desculpas porque a Turquia derrubar um avião de guerra da Rússia em 24 de novembro de 2015, revelou uma fonte do Kremlin citada pelo jornal turco Hurriyet.

De acordo com o Kremlin, Erdogan lamentou o incidente e se desculpou. Embora não se conheça todos os detalhes da carta, ela foi confirmada pelo governo turco.

A intervenção militar russa na guerra civil da Síria atrapalhou os planos da Turquia para criar uma zona de proibição de voo e uma zona de proteção de refugiados dentro do território sírio, além de derrubar a ditadura de Bachar Assad.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Hillary abre 12 pontos de vantagem sobre Trump

Depois de um empate técnico em 46% a 44% em maio, a candidatura Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos sofreu com as gafes e tiradas agressivas e oportunistas do magnata imobiliário. Na pesquisa do jornal the Washington Post e da rede de televisão ABC, a democrata Hillary Clinton tem agora 51% das preferências do eleitorado contra 39% para Trump.

Desde maio, Trump acusou o presidente Barack Obama de leniência com o terrorismo depois do massacre de 49 pessoas por um extremista muçulmano numa boate gay de Orlando, na Flórida, renovou sua proposta de impedir a entrada de muçulmanos nos EUA e acusou um juiz de origem mexicana de parcialidade num processo sobre as fraudes da Universidade Trump porque ele promete construir um muro na fronteira do México.

Trump é um dos candidatos à Casa Branca mais impopulares desde que o ex-chefe do grupo supremacista branco Ku Klux Klan se candidatou há 32 anos.

Reino Unido perde nota máxima de crédito da Fitch e da S&P

As agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch rebaixaram a nota de crédito da dívida pública do Reino Unido do nível máximo, AAA, para AA com perspectiva negativa porque a saída da União Europeia enfraquecerá a estabilidade e a eficácia da política econômica do país.

A libra e as bolsas de valores voltaram a cair hoje. A moeda britânica baixou a US$ 1,31, a menor cotação desde 1985. O euro perdeu 1,19%e vale agora US$ 1,098 porque a Brexit (Britain exit, saída da Grã-Bretanha).

Um índice pan-europeu dos mercados de ações sofreu sua pior queda em dois dias desde 2008. Houve perdas nas bolsas de valores no mundo inteiro: Londres (-2,55%), Frankfurt (-3,02%), Paris (-2,97%), Nova York (-1,5%) e São Paulo (-1,72%). Na Ásia, as bolsas de Tóquio (+2,39%) e de Xangai (+1,45%).

No Brasil, o dólar subiu 0,44% fechando em R$ 3,395.

domingo, 26 de junho de 2016

Afeganistão mata 139 milicianos do Estado Islâmico em três dias

Pelo menos 139 milicianos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante e dez militares do Afeganistão foram mortos em três dias de bombardeios aéreos e operações terrestres na província de Nangarhar, no Leste do país, informou a agência de notícias afegã Pajhwok.

O porta-voz do governo de Nangarhar, Attaullah Khogyani, revelou que as operações foram realizadas nos distritos de Ghanikhel, Khogyani e Kot, perto da fronteira com a região de Khyber, no Paquistão.

Na região de Wazir, no distrito de Khogyani, bombardeios aéreos mataram seis rebeldes da milícia dos Talebã, inclusive um comandante chamado Omar Khalid.

Áustria pode realizar plebiscito sobre UE num ano, diz ultradireita

A Áustria pode fazer um plebiscito sobre a permanência do país na União Europeia dentro de um ano, declarou hoje o candidato derrotado à Presidência, Norbert Hofer, do Partido da Liberdade, de extrema direita, informou a agência Reuters.

Em 22 de maio, Hofer perdeu o segundo turno da eleição presidente para o candidato independente Alexander Van der Bellen, ex-líder do Partido Verde, por 50,35% a 49,65%. Era o favorito.

O novo chanceler (primeiro-ministro) social-democrata Christian Kern, que substituiu Werner Faymann depois do fracasso dos partidos tradicionais na eleição presidencial, descartou a convocação de um plebiscito já chamado de Auxit (Austria exit, do inglês, saída da Áustria). Mas terá de enfrentar até 2018 eleições parlamentares em que a ultradireita vai jogar com o medo da imigração.

Com a vitória da saída do Reino Unido da UE na consulta popular de quinta-feira passada, movimentos de extrema direita da França, Holanda, Itália, Dinamarca e Suécia reivindicam a realização de plebiscitos para deixar o bloco europeu.

Até no Texas, o segundo estado mais populoso dos Estados Unidos, há um movimento pela independência.

Iraque toma último distrito de Faluja em poder do Estado Islâmico

Depois de uma batalha de cinco semanas, com o apoio aéreo dos Estados Unidos e aliados, o Exército do Iraque e milícias aliadas recapturaram hoje o último distrito da cidade de Faluja ainda em poder da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, noticiou a agência Reuters citando como fonte o comandante militar iraquiano.

Pelo menos 1,8 mil milicianos do Estado Islâmico foram mortos e outros fugiram, assim como 85 mil moradores de Faluja, sobrecarregando os campos de desalojados criados pelo governo. As Nações Unidas receberam denúncias de abusos cometidos contra civis por milícias xiitas.

O primeiro-ministro Haider al-Abadi declarou que a retomada de Faluja, que estava sob o controle do Estado Islâmico desde janeiro de 2014, abre caminho para a reconquista de Mossul, a segunda maior cidade iraquiana, tomada pelos jihadistas há dois anos.

PP vence eleições na Espanha sem maioria absoluta

Como em dezembro do ano passado, o conservador Partido Popular (PP) foi o partido mais votado hoje nas eleições parlamentares da Espanha. Com 97% dos votos apurados, o PP do primeiro-ministro Mariano Rajoy elege 137 deputados, abaixo dos 176 necessários para a maioria absoluta no Congresso dos Deputados. 

Até a apuração de 90% das urnas, estava em segundo lugar coligação Unidos Podemos, do novo partido de esquerda Podemos com a Esquerda Unida, que incluiu o Partido Comunista e outros pequenos grupos de esquerda.

Na reta final, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de centro-esquerda, ultrapassou a coalizão Unidos Podemos. O PSOE terá 85 deputados e coalizão Unidos Podemos 71. O novo partido de centro-direita Cidadãos caiu de 40 para 32 deputados.

"Os resultados não são satisfatórios para nós. Esperávemos outros números", declarou Pablo Iglesias, líder do Podemos, nascido do movimento dos indignados com a crise econômica da Espanha e da Zona do Euro. Ele espera ser possível "formar um governo progressista".

Depois das eleições anteriores, o líder socialista, Pedro Sánchez rejeitou a proposta do primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy para formar uma grande aliança entre os dois partidos tradicionais que se alternam no poder em Madri desde 1982. Sánchez tentou formar aliança com os novos partidos, mas Iglesias recusou qualquer acordo com Albert Rivera, dos Cidadãos.

Partido Trabalhista britânico se rebela com derrota no plebiscito

O líder da "leal oposição ao governo de Sua Majestade", Jeremy Corbyn, enfrenta uma revolta do Partido Trabalhista depois do fracasso em mobilizar a esquerda para votar a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia no plebiscito da quinta-feira passada.

Corbyn foi criticado pelo více-líder, Tom Watson, depois de afastar na madrugada de hoje o ministro ou porta-voz de Exterior do governo paralelo da oposição, Hilary Benn, ao saber pelo jornal The Observer deste domingo de uma conspiração para derrubá-lo da liderança trabalhista.

"Ele é um homem bom e decente", afirmou hoje Benn em entrevista a Andrew Marr, na BBC, "mas não é um líder."

Em reação contrária ao afastamento de Benn, oito ministros do governo paralelo pediram demissão. Antes de sair, numa conversa áspera com Corbyn, Benn disse que a bancada não acredita que o atual líder seja capaz de vencer as próximas eleições, que podem ser antecipadas diante da queda do primeiro-ministro derrotado David Cameron e da luta pela liderança do Partido Conservador.

Na manhã deste domingo, o ministro da Justiça, Michael Dove, apoiou o ex-prefeito de Londres Boris Johnson na disputa pela sucessão de Cameron como líder conservador e futuro chefe de governo.

O atual líder trabalhista é um político da velha esquerda eleito com o apoio dos sindicatos, uma base importante do partido, em oposição ao neotrabalhismo dos ex-primeiros-ministros Tony Blair e Gordon Brown. Em 1975, votou contra a adesão à Comunidade Econômica Europeia, que via como um projeto capitalista.

Sob pressão, nos últimos dias, Corbyn alegou que dois terços dos eleitores trabalhistas votaram a favor de ficar na UE, mas o comparecimento às urnas foi baixo, enquanto a direita e a extrema direita se mobilizaram.

A Europa garante vários direitos sociais aos trabalhadores. Apesar das promessas dos defensores da Brexit (Britain exit, saída britânica, em inglês) para seduzir os deserdados da globalização, o inevitável declínio econômico do país vai erodir ainda mais as conquistas da social-democracia europeia.

sábado, 25 de junho de 2016

Merkel não vê necessidade de pressa na saída do Reino Unido da UE

A chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, não vê motivo para acelerar a saída do Reino Unido da União Europeia, contradizendo o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker e seu próprio ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, noticiou a agência Reuters.

No momento em que 2 milhões de britânicos firmaram um abaixo-assinado pedindo a convocação de um novo plebiscito, Merkel pede cautela e uma saída organizada.

Juncker entende que a Europa não pode esperar até outubro, quando o primeiro-ministro britânico David Cameron pretende transferir o poder a um novo líder do Partido Conservador.

Hoje o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, nomeou o diplomata belga Didier Seeuws para chefe da força-tarefa que vai coordenar a Brexit (do inglês, Britain exit, saída da Grã-Bretanha). Será a primeira aplicação do artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece as regras para um país deixar a UE.

Os líderes europeus temem que o debate sobre a saída britânica estimule outros movimentos ultranacionalistas interessados em romper com a Europa unida, especialmente na França, Holanda, Itália, Dinamarca, Suécia, Áustria e até mesmo na Eslováquia.

Por outro lado, a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, prepara a convocação de um novo plebiscito sobre a independência e pediu a abertura de um diálogo com a UE para manter o país dentro do bloco europeu.

China corta contato direto com Taiwan

O regime comunista da China rompeu a comunicação direta com o governo de Taiwan porque a nova presidente Tsai Ing-wen não se comprometeu oficialmente com o princípio imposto por Beijim de que só existe uma China.

Ao contrário de seu predecessor Ma Ying-jeou, do partido nacionalista Kuomintang (KMT), Tsai, do Partido Progressista Democrático (PPD), mais favorável à independência, não aceitou oficialmente a ideia de que a China e Taiwan são uma só nação.

Esse princípio foi estabelecido em 1992 numa tentativa de melhorar as relações através do Estreito de Taiwan. Tsai declarou que não pretende mudar o status quo, mas o regime comunista chinês está hostilizando e intimidando Taiwan, que considera uma província rebelde, em várias frentes.

Ataque terrorista a hotel deixa 35 mortos em Mogadíscio

Um carro-bomba seguido de um ataque de homens armados deixou pelo menos 35 mortos e 30 feridos no Hotel Nasa-Hablod em Mogadíscio, a capital da Somália, informou o coronel somaliano Mohamed Abdulkadir, citado pela televisão americana CNN. 

A explosão inicial abriu caminho para um grupo de rebeldes invadir o hotel e começar a atirar nos hóspedes. Dois terroristas foram mortos na reação da polícia. As maiores suspeitas recaem sobre a milícia jihadista Al Chababe (A Juventude), ligada à rede terrorista Al Caeda.

Vários hotéis internacionais da Somália têm sido atacados nos últimos tempos. Apesar dos esforços internacionais e da presença de uma força internacional de paz da União Africana com mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o país vive em estado de anarquia desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991.

Escócia pede diálogo para "proteger lugar na UE"

Depois de uma reunião de emergência hoje em Edumburgo, a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, líder do Partido Nacional Escocês, fez um pedido de abertura imediata de negociações para "proteger seu lugar na União Europeia", informou o jornal francês Le Monde.

A permanência do Reino Unido na UE venceu em todos os distritos eleitorais da Escócia no plebiscito realizado na quinta-feira somando 62% dos votos, mas a saída venceu por 1,269 milhão de votos graças à Inglaterra e ao País de Gales. Ficou evidente que os escoceses querem continuar na Europa.

O governo escocês também deve convocar um novo plebiscito sobre a independência. Em plebiscito realizado em setembro de 2014, a Escócia decidiu ficar no Reino Unido por 55% a 45%. O argumento vencedor foi que o país sofreria economicamente ao deixar a Grã-Bretanha e em consequência a UE.

Com a vitória da Brexit (do inglês, Britain exit, saída da Grã-Bretanha), a independência é a maneira de ficar na Europa. Será o fim de uma união que vem desde 1707.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Estado Islâmico sequestra centenas de civis curdos em Manbij

Sob pressão de uma ofensiva das Forças Democráticas da Síria para retomar a cidade de Manbij, a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante sequestrou cerca de 900 de civis curdos na província de Alepo, no Norte de Síria, informou a agência Associated Press, citando como fonte o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

De acordo com relatos colhidos pelo Estado Islâmico, os sequestros ocorreram nas últimas três semanas em áreas sob o controle da milícia nos arredores de Manbij. Os reféns estão sendo forçados a cavar trincheiras e erguer defesas para o grupo, assediado por guerrilheiros árabes e curdos apoiados pelos Estados Unidos.

Mais de 20 reféns foram mortos por se recusar a cumprir as ordens dos terroristas, declarou um ativista curdo. A queda de Manbij vai cortar a linha de suprimento entre Rakka, a capital do Estado Islâmico, e a Turquia, por onde entram armas, suprimentos e voluntários.

Primeiro-ministro David Cameron renuncia diante da derrota

Em pronunciamento na residência oficial de 10 Downing Street, o primeiro-ministro David Cameron declara neste momento que não será o chefe de governo que vai negociar a saída do Reino Unido da União Europeia.

Sua preocupação imediata é acalmar os mercados financeiros. As bolsas de valores abriram em forte queda em Londres (-7%), Paris (-8%) e Frankfurt (-10%). A maior queda é em Madri (-12%) por causa do impacto que pode ter sobre os movimentos nacionalistas da Catalunha e do País Basco, que reivindicam a convocação de plebiscitos sobre a independência.

Até a "próxima convenção do Partido Conservador, em outubro, o país deverá ter um novo primeiro-ministro", anunciou Cameron, indicando que não haverá eleições gerais, apenas uma votação interna no partido do governo.

Grande vencedor das eleições parlamentares do ano passado, quando conquistou maioria absoluta na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico para o Partido Conservador pela primeira vez desde 1992, Cameron é o grande derrotado hoje.

O favorito para assumir a liderança do Partido Conservador e a chefia do governo é o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, um oportunista que não era considerado partidário de sair da UE. O ministro da Justiça, Michael Gove, também deve ser nome de destaque no governo do Brexit (Britain exit, saída da Grã-Bretanha).

Já o presidente do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro polonês Donald Tusk, declarou que não é o momento para "reações histéricas": "Falei com os chefes de Estado e de governo dos outros 27 países. Estamos preparados para este momento, prontos para manter a união."

Reino Unido vota a favor de sair da União Europeia

Por 51,9% a 48,1%, com uma vantagem de mais de um milhão de votos, os eleitores britânicos aprovaram em plebiscito a saída do Reino Unido da União Europeia, anunciaram há pouco as televisões BBC, ITV e Sky. Foi uma decisão chocante para o bloco europeu, os mercados internacionais e a própria moeda britânica. A libra esterlina caiu 12,64% para a menor cotação em 31 anos, US$ 1,36.

Mais de 33 milhões de pessoas votaram, com 17,4 milhões optando pela saída da UE contra 16,1 milhões favoráveis à permanência. Desde o início da apuração, os partidários da saída da UE mostraram desempenho superior ao previsto nas pesquisas.

No Nordeste da Inglaterra, onde a apuração começou, em Newcastle, era esperada uma boa vitória dos europeístas. A vantagem foi estreita. Em Sunderland, a saída ganhou com quase dois terços dos votos.

Na Grande Londres, onde a permanência na UE venceu, uma chuva de verão reduziu o comparecimento às urnas, que no geral chegou a 72,2%, acima das eleições parlamentares do ano passado. No resto da Inglaterra, a saída ganhou decisivamente. Também venceu no País de Gales.

Em Birmingham, a segunda maior cidade do Reino Unido, com 63% de participação, a saída ganhou por pequena margem. Em Manchester, a terceira maior cidade e segundo maior centro cultural do país, tradicional reduto da esquerda, a vitória da permanência na UE foi pequena e a abstenção grande.

Isso revela o fracasso do Partido Trabalhista, sob a liderança de Jeremy Corbyn, da velha esquerda que vê a integração europeia como um projeto liberal capitalista, em mobilizar seu eleitorado para defender a Europa. Corbyn, que votou contra a adesão à Comunidade Europeia no plebiscito de 1975, se negou a fazer campanha ao lado do primeiro-ministro conservador David Cameron.

Os maiores sindicatos, com 6 milhões de associados, pediram o voto para ficar, mas a mobilização do eleitorado de direita e extrema direita foi muito maior. A esquerda fracassou em defender as conquistas e os direitos sociais garantidos pela UE. Se a Escócia declarar a independência, o que restar do Reino Unido será governado por ingleses conservadores.

A Escócia votou amplamente a favor da UE. A saída não ganhou em nenhum distrito eleitoral. A primeira-ministra da Escócia e líder do Partido Nacional Escocês, Nicola Sturgeon, declarou que uma mudança constitucional desta natureza justificaria a convocação de um novo plebiscito para aprovar a independência e ficar na Europa.

Na Irlanda do Norte, onde o fico ganhou, o Sinn Féin, partido do movimento católico, republicano e nacionalista ligado ao extinto Exército Republicano Irlandês (IRA), defende a realização de um plebiscito sobre a unificação da Irlanda.

É uma vitória do nacionalismo retrógrado da ala mais direitista do Partido Conservador e de neofascistas como Nigel Farage, líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP). Ele posa como o grande vencedor, lembrando que sonha com este "dia da independência" há décadas e exige a formação de um governo do grupo Brexit (Britain exit, saída da Grã-Bretanha).

Farage fez três discursos desde a divulgação do resultado, enquanto o primeiro-ministro, o líder da oposição e mesmo os líderes da campanha conservadora pela saída continuam calado.

É uma vitória da extrema direita europeia, para a Frente Nacional de Marine Le Pen, que sonha em convocar um plebiscito semelhante na França, e da ultradireita que avança na Áustria, na Holanda, na Dinamarca e na Suécia, do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que considera a UE inimiga, e de um populista inconsequente como o americano Donald Trump.

O primeiro-ministro David Cameron, que convocou o plebiscito na tentativa de acabar com a guerra civil interna do Partido Conservador e defendeu a permanência na UE, está desmoralizado. Entra para a história como um fracassado que destruiu o país.

Líder da campanha pela saída, o patético ex-prefeito de Londres Boris Johnson, um oportunista e um bufão, está pronto a desafiar Cameron e assumir o controle do partido e do governo.

O euro também cai. O projeto europeu está abalado. A vitória dos ultranacionalistas britânicos vai encorajar a extrema direita a reivindicar plebiscitos em outros países da UE, um projeto social-democrata que foi a maior garantia da paz e da prosperidade na Europa em mais de meio século.

O Reino Unido não fez parte do núcleo fundador da Comunidade Econômica Europeia em 1957 (Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo). Nos anos 1960s, por duas vezes, o presidente francês, Charles de Gaulle, vetou a associação britânica, que via como um cavalo de Troia dos Estados Unidos.

Há 43 anos, em 1973, o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca entraram para a CEE, que passou a ter nove países-membros. Hoje, são 28 membros. A Albânia, Montenegro e a Sérvia negociam a adesão.

Agora, resta ao Reino Unido negociar um divórcio amigável com a UE. Por um lado, há o interesse de manter a segunda maior economia europeia no mercado comum. Por outro lado, a UE não deve fazer nada que estimule outros países a deixar o bloco, não vai querer dar a impressão de que há benefícios em deixar o maior mercado do mundo.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Hillary tem ampla vantagem sobre Trump no Colégio Eleitoral

Pelos cálculos do professor Larry Sabato, do Centro para Política da Universidade da Virgínia, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata, tem ampla vantagem sobre o magnata Donald Trump, do Partido Republicano, no Colégio Eleitoral e deve ser eleita primeira mulher presidente dos Estados Unidos em 8 de novembro de 2016.

No blogue Bola de Cristal de Sabato, o professor dá 347 votos a Hillary e 191 votos a Trump no Colégio Eleitoral que elege o presidente dos EUA com base na eleição pelo voto popular em cada estado. Quem ganha entre os eleitores de um estado leva todos os votos daquele estado no Colégio Eleitoral. Os estados mais populosos, Califórnia, Texas, Nova York e Flórida, têm mais peso.

O número mágico é 270 no Colégio Eleitoral, que tem 538 votos. Hillary teria 347 votos eleitorais somando os votos dos estados onde certamente a candidata democrata vence, como Califórnia e Nova York, onde é provável que vença e os que se inclinam para ela.

Sabato deu vitória a Hillary em estados como Flórida, Ohio e Pensilvânia, decisivos porque os dois partidos têm chance de ganhar. Na Flórida, Hillary tem boa vantagem. Em Ohio e na Pensilvânia, onde a desindustrialização deixou brancos sem curso superior desempregados, o típico eleitor de Trump, a margem é escassa.

Se essas previsões forem confirmadas, Hillary terá menos votos no Colégio Eleitoral do que Obama em 2008 (365 votos) mas mais do que na reeleição de Obama em 2012 (332).

Suprema Corte derruba plano de imigração de Obama

Num empate em 4-4, a Suprema Corte dos Estados Unidos bloqueou um plano de imigração do presidente Barack Obama para proteger milhões de imigrantes ilegais da ameaça de deportação. A oposição republicana festejou a anulação de um decreto do presidente, alegando que cabe ao Congresso e não ao Executivo aprovar as leis.

A decisão da Suprema Corte deixa a política de imigração nas mãos do presidente a ser eleito em 8 de novembro de 2016.

O candidato do Partido Republicano, o magnata imobiliário Donald Trump, hostilizou abertamente os imigrantes, ameaçou proibir a entrada de muçulmanos nos EUA e prometeu construir um muro na fronteira com o México.

A ex-secretária de Estado Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata, deve seguir a política do governo Obama de acolher os imigrantes que tenham filhos americanos e uma vida estabelecida no país, criando mecanismos para legalização de cerca de 11 milhões de ilegais.

Libra cai 6,84% com primeiros resultados a favor de saída da UE

Os resultados iniciais do plebiscito sobre a permanência ou saída do Reino Unido da União Europeia indicando um desempenho dos interessados em deixar o bloco acima da expectativa derrubaram a libra esterlina, que caiu 6,84% nos mercados da Ásia. A moeda britânica está sendo cotada em US$ 1,41.

Em Londres e na Escócia, é ampla a maioria a favor da ficar na UE. Mas no resto da Inglaterra e no País de Gales, a saída da UE vence, derrubando as bolsas de valores da Ásia. Como acontece nos momentos de crise, o ouro está em alta.

Aliados dos EUA entram em Manbij na guerra civil da Síria

As Forças Democráticas Sírias, apoiadas pelos Estados Unidos, entraram hoje em Manbij, uma cidade da fronteira com a Turquia controlada pela milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante desde 2014, revelou hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, citado pela Agência France Presse (AFP).

Com a cobertura da Força Aérea dos EUA e aliados, as FDS, formadas por guerrilheiros curdos e árabes, entraram na cidade pelo lado sul, informou a organização não governamental de oposição que monitora a guerra civil na Síria.

Manbij é uma cidade estratégica na rota de suprimento da Turquia para a cidade síria de Rakka, a capital do califado autoproclamado pelo Estado Islâmico. Sua queda isolaria Rakka, impedindo a chegada de armas e reforços, e dificultando a venda de petróleo pelos jihadistas.

Novas pesquisas indicam vitória do fico no Reino Unido

Uma nova pesquisa divulgada hoje de manhã pelo Instituto Populus aponta uma vitória relativamente folgada da permanência do Reino Unido na União Europeia no plebiscito realizado hoje no país, com 55% contra 45% para quem defende a saída do bloco europeu.

Foi a quarta pesquisa do dia indicando a vitória dos partidários da UE depois de uma campanha radicalizada que teve até o assassinato da deputada trabalhista Jo, defensora do projeto de integração da Europa.

Nos últimos dias, tanto o mercado financeiro como as bolsas de apostas do Reino Unido indicaram a vitória do fico.

Qualquer que seja o resultado do plebiscito a UE sai profundamente abalada. Se os partidários da Brexit (Britain Exit, saída britânica em inglês) vencerem, todos os movimentos nacionalistas de extrema direita que proliferam no continente ganham junto e devem apresentar propostas semelhantes, como quer, por exemplo, a líder da Frente Nacional da França, Marine Le Pen.

O primeiro-ministro David Cameron convocou o plebiscito na expectativa de acabar com a guerra civil do Partido Conservador em torno da Europa, que vem desde a queda da primeira-ministra Margaret Thatcher, em 1990. A disputa dilacerou o partido, a oposição trabalhista e o Reino Unido.

Se a saída da UE ganhar, a Escócia deve convocar um novo plebiscito e aprovar a independência do país.

Britânicos decidem o futuro do país e da UE

Há pouco mais de 15 minutos, às 7h em Londres (3h em Brasília), os britânicos começaram a votar para decidir se o Reino Unido fica ou não na União Europeia. As últimas pesquisas indicam uma pequena vantagem para a permanência. O mercado financeiro e as bolsas de apostas prevêem a vitória dos europeístas.

Se os eleitores optarem pela saída, o país terá dois anos para negociar um divórcio que não será amigável. Outros países não querem abrir um precedente capaz de destruir o maior mercado do mundo.

Além dos enormes prejuízos econômicos, como queda de 6% do produto interno bruto em 2020 e de 15% da libra em curto prazo, com a saída de UE, há o sério risco de que a Escócia convoque novo plebiscito sobre a independência e o aprove, acabando com o Reino Unido como existe desde 1707.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Colômbia e FARC anunciam o fim da guerra

Depois de 52 anos de guerra civil, o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) anunciaram hoje um acordo de cessar-fogo definitivo a ser assinado amanhã dentro das negociações realizadas há quatro em Havana, a capital de Cuba.

Além do fim definitivo das hostilidades, o acordo prevê a concentração dos guerrilheiros em 26 a 30 zonas especiais para entrega das armas e desmobilização. Não são zonas de negociação, são lugares de passagem, de trânsito para os guerrilheiros voltarem à vida civil.

O presidente Juan Manuel Santos espera assinar o acordo de paz em 20 de julho de 2016.

As negociações têm amplo apoio internacional. O governo colombiano também abriu o diálogo pela paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), o segundo maior grupo guerrilheiro do país, até mesmo para evitar que os rebeldes das FARC simplesmente mudem de grupo.

Cerca de 220 mil pessoas foram mortas desde 1964, quando as FARC entraram na guerra civil colombiana como braço armado do Partido Comunista. Outras 45 mil desapareceram e 6,9 milhões fugiram de casa.

Desde o assassinato do candidato liberal à Presidência da Colômbia Jorge Eliécer Gaitán, em 9 de abril de 1948, mais de 500 mil pessoas foram mortas pela violência política no país. Esta é a primeira expectativa concreta de paz em décadas.

Últimas pesquisas indicam que Reino Unido fica na União Europeia

Com o resultado final do plebiscito de amanhã sobre a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia nas mãos dos indecisos, as últimas pesquisas divulgadas hoje indicam uma pequena vantagem a favor de ficar no bloco europeu, noticiou a agência Bloomberg.

Uma pesquisa da TNS realizada via Internet de 16 a 22 de junho mostrou uma vantagem de 2% para quem quer ficar, enquanto outra, da Opinium, feita de 20 a 22 de junho, apresentou uma vantagem de 1%.
A poucas horas do início da votação, os dois lados fizeram seus últimos apelos. Os presidentes do Conselho Europeu, Jean-Claude Juncker, e da França, François Hollande, deixaram claro que um voto para sair vai deflagrar um processo sem retorno.

Na pesquisa das pesquisas, que faz a média de seis pesquisas realizadas entre 16 e 23 de junho, continua um empate em 50%. Mas o mercado financeiro acredita na permanência e as casas de apostas dão 75% a 25% de probabilidade de ficar na UE.

Durante a campanha, o grupo favorável a ficar na UE advertiu para o risco econômico de deixar o bloco europeu e a possibilidade de que leve a um novo plebiscito sobre a independência da Escócia, dividindo o Reino Unido.

Por outro lado, os defensores da saída argumentaram que o país retomaria o controle sobre suas leis e fronteiras, e barraria a entrada de imigrantes. No fundo, é um sonho de grandeza de ingleses conservadores que não entendem que o Império Britânico acabou. Podem ficar restritos à pequena Inglaterra.

Coreia do Norte testa mísseis balísticos

Em mais um desafio ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Coreia do Norte testou hoje dois mísseis balísticos. Horas depois de um primeiro lançamento fracassado, o regime comunista de Pionguiangue disparou um segundo míssil, afirmou o ministro da Defesa do Japão, Gen Nakatani, citado pela agência Reuters.

De acordo com militares do Japão e da Coreia do Sul, o foguete teleguiado norte-coreano percorreu uma distância de 400 quilômetros e atingiu uma altitude de mil km. Esses números indicam progresso no programa de mísseis balísticos da Coreia do Norte. O objetivo é desenvolver um míssil nuclear, capaz de transportar uma bomba atômica.

A presidente da Coreia do Sul, Park Geun Hye, o ministro da Defesa do Japão e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, denunciaram o teste como mais uma provocação do regime stalinista de Kim Jong Un, que persegue ativamente um míssil com capacidade nuclear.

Um diplomata do Ministério do Exterior da China, maior aliada da Coreia do Norte, declarou que Pionguiangue deve evitar fazer qualquer coisa que aumente a tensão na Península Coreana.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Explosão em depósito de armas mata dezenas de pessoas na Líbia

Um arsenal explodiu hoje na cidade de Garabule, na Líbia. Pelo menos 29 pessoas morreram e dezenas saíram feridas, noticiou a Agência France Presse (AFP).

A explosão aconteceu depois que homens armados chegaram ao depósito, que pertenceria à milícia da cidade de Missurata, que apoia o governo do acordo nacional, uma tentativa de estabilizar o país.

A Líbia vive em estado de anarquia desde a queda do ditador Muamar Kadafi, em agosto de 2011. Durante muito tempo, milícias rivais disputaram o poder. O país está cheio de armas e grupos armados irregulares, além de haver uma infiltração do Estado Islâmico do Iraque e do Levante em Sirte, a terra natal de Kadafi.

O governo de união nacional tenta assumir o controle sobre todo o território líbio.

Colômbia e FARC devem assinar cessar-fogo depois de amanhã

O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) devem assinar em 23 de junho de 2016 um acordo bilateral de cessar-fogo que prevê a concentração dos guerrilheiros em zonas especiais para desmobilização, noticiou hoje o jornal colombiano El Espectador.

As duas medidas são partes essenciais de um acordo de paz definitivo para acabar com a guerra civil das FARC, um grupo guerrilheiro marxista de orientação soviética fundado em 1964 como braço armado do Partido Comunista da Colômbia. As negociações de paz são realizadas há quatro anos em Havana, a capital de Cuba.

Ontem, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, previu que o acordo definitivo será assinado em 20 de julho. O governo também iniciou negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN), o segundo maior grupo guerrilheiro do país, para evitar que membros das FARC continuem a luta armada.

Tunísia prorroga estado de emergência por mais um mês

O presidente Beji Caïd Essebsi prorrogou por mais um mês a partir de hoje o estado de emergência em vigor na Tunísia desde novembro de 2015, informou a Agência France Presse (AFP).

A medida de exceção está em vigor desde que um terrorista suicida se detonou ao lado de um ônibus que transportava membros da guarda presidencial no centro de Túnis, matando 13 pessoas e ferindo outras 16 em 24 de novembro de 2015. O grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria do atentado.

No ano passado, houve outras duas ações terroristas ainda piores na Tunísia. Em 18 de março, três jihadistas atacaram o Museu Nacional do Bardo, uma das principais atrações turísticas da capital, matando 22 pessoas e ferindo outras 50. O governo responsabilizou a rede terrorista Al Caeda no Magrebe Islâmico.

O pior ataque foi na cidade de Sousse. Em 26 de junho, um atirador ligado ao grupo Ansar al-Charia matou 38 pessoas e feriu outras 39 em dois hotéis de luxo frequentados por turistas europeus numa praia do Mar Mediterrâneo.

A Tunísia foi o berço da onda de revoltas populares da chamada Primavera Árabe. Tudo começou quando o jovem universitário desempregado Mohamed Bouazizi se imolou em protestos por ter sua mercadoria de vendedor ambulante confiscada por um fiscal corrupto, em 17 de dezembro de 2010.

Sua morte, em 4 de janeiro de 2011, atiçou a revolta popular. Em 14 de janeiro, caiu o ditador Zine al-Abidine Ben Ali, que estava no poder há 23 anos. O ditador do Egito, Hosni Mubarak, renunciou em 11 de fevereiro, enquanto o homem-forte da vizinha Líbia, Muamar Kadafi, resistiu numa guerra civil que levou a uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com a autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Kadafi caiu em agosto de 2011, mas até hoje a situação da Líbia não se normalizou. Esta instabilidade e o tráfico de armas levaram à proliferação de milícias extremistas muçulmanas na região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara.

Se a Tunísia foi o único país onde a Primavera Árabe levou à democracia, ao mesmo tempo a liberdade em meio à crise econômica e política gerou uma grande frustração, especialmente entre os jovens que fizeram a revolução. É o país que mais forneceu voluntários para a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Outros 15 mil foram barrados a caminho dos campos de batalha do Oriente Médio.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Força Aérea da Nigéria mata 15 milicianos do Boko Haram

Um bombardeio da Força Aérea da Nigéria matou ontem pelo menos 15 rebeldes da milícia extremista muçulmana Boko Haram, que hoje se apresenta como a Província do Estado Islâmico na África Ocidental, no estado de Borno, no Nordeste do país, informou a agência oficial de notícias chinesa Nova China.

Desde a posse do presidente Muhammadu Buhari, um ex-general linha-dura, em 29 de maio do ano passado, as Forças Armadas da Nigéria intensificaram os ataques contra o grupo terrorista Boko Haram, que abandonou suas conquistas territoriais, refugiou-se na Floresta de Sambisa e apela cada vez mais ao terrorismo suicida, especialmente de mulheres.

Desde 2009, mais de 15 mil pessoas foram mortas na guerra civil deflagrada pelo Boko Haram.

Ao mesmo tempo, a eleição de um presidente nortista reacendeu o conflito na região do Delta do Rio Níger, no Sul do país, onde se concentra a produção de petróleo, maior riqueza natural da Nigéria, hoje o país mais rico da África.

Total de refugiados é recorde com mais de 65 milhões

O total de refugiados no mundo por causa de conflitos armados passou de 65 milhões. É o maior registrado até hoje, revelou o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Em uma população mundial de 7,35 bilhões, de cada 113 pessoas, uma é refugiada, está procurando asilo político ou fugiu de casa mas não do país onde vive.

Um terço dos refugiados vem da Síria (4,9 milhões),  do Afeganistão (2,7 milhões) e da Somália (1,1 milhão). Apesar do destaque dado à crise dos refugiados na Europa, onde mais de um milhão tentaram entrar no passado pelo Mar Mediterrâneo, os países ricos só acolheram 3,2 milhões.

Os países em desenvolvimento como a Turquia e o Paquistão receberam 86% do total, informa o relatório Tendências Globais. Em países pequenos como o Líbano e a Jordânia, o peso dos refugiados no orçamento e nos serviços públicos é desproporcional.

No mundo inteiro, havia no fim do ano passado 21,3 milhões de refugiados que saíram de seus países, 1,8 milhão a mais do que em 2014 e o maior número desde os anos 1990s. Cerca de 40,8 milhões fugiram de casas sem sair do país, outro recorde. Os desalojados ou deslocados internamente são hoje 2,6 milhões a mais do que em 2015.

Dos deslocados internamente, a maioria é da Colômbia (6,9 milhões), da Síria (6,6 milhões) e do Iraque (4,4 milhões). No Iêmen, 2,5 milhões ou 9% da população foram desalojados no ano passado.

Saída da UE custará 6% do PIB do Reino Unido em 2020

Se os partidários da saída da União Europeia vencerem o referendo da próxima quinta-feira, 23 de junho, o Reino Unido vai entrar em recessão e seu produto interno bruto em 2020 será 6% menor do que é hoje, previu na semana passada um relatório da Economist Intelligence Unit.

O impacto geral na economia será profundamente negativo, afastando o país do maior mercado do mundo, o que ajuda a atrair investimentos estrangeiros dos Estados Unidos, do Japão e da China. Entre outras consequências, o relatório Fora e Menor: mapeando o impacto do Brexit (do inglês, Britain exit, saída da Grã-Bretanha):

• A incerteza vai abalar a confiança de investidores e consumidores, levando a uma desvalorização da libra esterlina de cerca de 15%.
• O adiamento das decisões de investimento e consumo vai pesar no PIB do próximo ano.
• A saída do maior mercado do mundo vai exacerbar o declínio e o PIB de 2020 será 6% menor do que o atual.
• As exportações farmacêuticas e o acesso a medicamentos e a verbas de pesquisa serão reduzidos.
• Qualquer queda no PIB vai afetar o financiamento do Serviço Nacional de Saúde (NHS), que garante atendimento médico gratuito a todos os cidadãos britânicos.
• Vai haver uma fuga de cérebros do centro financeiro de Londres, com a volta dos profissionais do resto da Europa a seus países de origem.

Na última pesquisa das pesquisas, uma média de seis sondagens realizadas de 10 a 18 de junho, há um empate em 50%.

A saída do Reino Unido seria um duro golpe no processo de integração europeia, iniciado em 1950 pela França e a Alemanha para evitar que a guerra voltasse a dividir o continente. A UE é uma organização supranacional formada por países que decidiram resolver seus conflitos pacificamente e cooperar para a prosperidade econômica, um grande avanço e modelo nas relações internacionais.

Com a recessão econômica, o desemprego, o terrorismo e a crise dos refugiados, a UE é um boa desculpa para governos nacionais terceirizarem suas responsabilidades e movimentos ultranacionalistas oportunistas de extrema direita que ignoram as duas guerras mundiais do século passado.

O desmanche do projeto europeu só interessa a personagens como Donald Trump e Vladimir Putin. Os conservadores ingleses que lideram a campanha sonham com o passado de glória do Império Britânico, o maior que o mundo já viu. Correm o risco de ficar com a pequena Inglaterra. Se o Reino Unido deixar a UE, a Escócia deve convocar novo plebiscito sobre a independência para sair da Grã-Bretanha e ficar na Europa.

domingo, 19 de junho de 2016

Virginia Raggi é primeira mulher eleita prefeita de Roma

Com uma campanha anticorrupção, a advogada Virginia Raggi, de 37 anos, foi eleita neste domingo pelo Movimento 5 Estrelas para ser a primeira mulher a governar Roma por ampla vantagem, no segundo turno, sobre Roberto Giachetti, do Partido Democrático, do primeiro-ministro Matteo Renzi.

Pelas projeções dos primeiros resultados, a candidata do partido populista criado pelo humorista Beppe Grillo venceu com 67% dos votos. Houve segundo turno em 126 cidades da Itália, com um comparecimento às urnas de pouco mais da metade dos eleitores.

É mais uma derrota dos partidos tradicionais num grande país da Europa. Roma foi governada várias vezes pela direita e pela esquerda. O balanço é um desastre. Com a vitória, o Movimento 5 Estrelas torna-se o principal partido de oposição ao governo Matteo Renzi, de centro-esquerda.

A Prefeitura Municipal acumula uma dívida de 13,5 bilhões de euros. Cerca de 40% das ruas precisam de nova pavimentação. A Linha 3 do metrô, prevista para entrar em funcionamento no ano 2000, ainda está em obras. Em 2014, estourou um escândalo conhecido como Máfia da Capital, envolvendo políticos de vários partidos, empresários e mafiosos.

O Movimento 5 Estrelas, nascido como uma onda de protesto nas redes sociais, governa as cidades de Parma e Livorno, sem grandes mudanças revolucionárias. Roma será um desafio bem maior.

Virginia Raggi baseou sua campanha em três pontos: transporte, lixo e transparência. Ela é contra a candidatura de Roma a sede da Olimpíada de 2024. Seu partido alega que o povo italiano tem outras prioridades. Mas o ex-jogador de rúgbi Andrea Lo Cicero, dado como certo como secretário de Esportes, é a favor.

Ela promete renegociar a dívida da Cidade Eterna e cobrar impostos sobre os imóveis comerciais pertencentes ao Vaticano. Se antes de entrar para o Movimento 5 Estrelas dizia votar na esquerda, Virginia fez seu estágio como advogada no escritório de um dos defensores do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, principal símbolo da corrupção na política italiana depois da Operação Mãos Limpas (1992-94). Esse detalhe ela costuma omitir.

sábado, 18 de junho de 2016

Partido Socialista convoca eleição primária na França

Em acordo com o Palácio do Eliseu, o Conselho Nacional do Partido Socialista convocou hoje a realização de uma eleição primária da coalizão Bela Aliança para escolher o candidato à eleição presidencial de 2017. Para o jornal Le Monde, é uma "manobra tática" feita sob medida para legitimar a candidatura à reeleição do presidente François Hollande.

Com apenas 14% de popularidade, Hollande teria assim uma oportunidade de entrar logo na campanha. A Frente de Esquerda já relançou Jean-Luc Mélenchon para tentar galvanizar as forças de esquerda anti-Hollande e anti-PS.

Ao fazer o anúncio, o primeiro-secretário do PS, Jean-Christophe Cambadélis, observou que comunistas e parte dos verdes se recusaram a participar de uma eleição prévia com o presidente da República. A coligação governista Bela Aliança reúne socialistas, o Partido Radical de Esquerda e a União dos Democratas e Ecologistas.

As candidaturas devem ser oficializadas de 1º a 15 de dezembro de 2016. A eleição primária será realizada em dois turnos, em 22 e 29 de janeiro de 2017.

A eleição presidencial está marcada para 23 de abril e 7 de maio. No momento, as pesquisas indicam que o PS ficaria fora do segundo turno, como aconteceu em 21 de abril de 2002, quando o líder da extrema direita, Jean-Marie Le Pen, superou o então primeiro-ministro socialista Lionel Jospin e foi para o segundo turno com o então presidente Jacques Chirac.

Agora, a neofascista Marina Le Pen, filha de Jean-Marie, iria para o segundo turno contra o candidato do partido Os Republicanos, de centro-direita, onde os favoritos são o ex-primeiro-ministro Alain Juppé e o ex-presidente Nicolas Sarkozy. Se a líder da Frente Nacional chegar na frente, será mais um choque na política francesa.

Na última pesquisa sobre a eleição primária republicana, marcada para 20 e 27 de novembro de 2016, publicada pela revista Paris Match, Sarkozy liderava com 54% contra 28% para Juppé, 9% para o ex-primeiro-ministro François Fillon e 7% para Bruno Le Maire.

Bélgica prende 12 suspeitos de terrorismo

Numa operação que revistou dezenas de casas e 152 garagens e depósitos em 16 cidades, a polícia prendeu ontem à noite e na madrugada de hoje 12 suspeitos de terrorismo e interrogou outros 28. Três foram indiciados hoje. Um dos principais alvos foi o bairro de Molenbeek, em Bruxelas.

Vários suspeitos foram vistos ontem no centro de Bruxelas, onde os torcedores se concentram para assistir aos jogos Euro 2016, a copa da UEFA (União Europeia de Futebol Associativo) de seleções. Eles estariam planejando um ataque durante a partida de hoje entre Bélgica e Irlanda. O primeiro-ministro Charles Michel prometeu reforçar a segurança destes eventos.

A polícia belga recebeu um alerta de que milicianos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante deixaram a Síria na semana passada através da Turquia para realizar novos ataques na França, onde se realiza a Euro 2016, e na Bélgica.

Ontem, as autoridades belgas prenderam um homem chamado Youssef E A, suspeito de participar do ataque ao aeroporto de Zavantem nos atentados de 22 de março de 2016 contra a capital da Bélgica, que deixaram 32 mortos.

Sob intensa pressão nos campos de batalha do Oriente Médio, inclusive das duas maiores potências militares do planeta, os Estados Unidos e a Rússia, perdendo territórios, o Estado Islâmico recorre cada vez mais ao terrorismo para se reafirmar.

A Europa tenta se adaptar a uma nova era de terrorismo contra alvos fáceis e desprotegidos, como restaurantes, casas noturnas, escolas, estádios e centros comerciais.

Vale suspende transporte de carvão após ataques em Moçambique

Depois da dois ataques na semana passada, a companhia mineradora brasileira Vale suspendeu o transporte de carvão na Ferrovia do Sena, em Moçambique, noticiou a agência Lusa.

"O transporte na linha do Sena está interrompido desde 8 de junho, quando houve o último incidente", declarou uma porta-voz da empresa, ressalvando que "até o momento não há impacto na produção nem na exportação".

A locomotiva foi alvo de tiros. Um tripulante saiu ferido. "Ocorreram recentemente dois incidentes envolvendo trens da Vale na linha férrea do Sena, o primeiro no dia 6 de junho às 10 horas e o segundo no dia 8 de junho por volta das 20h", acrescentou a porta-voz.

A polícia de Moçambique acusa a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o maior partido de oposição, que se recusou a aceitar o resultado das eleições de 2014 e exige o direito de governar as províncias onde venceu.

No início de junho, representantes do governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e da Renamo se reuniram pela terceira vez desde o reinício do diálogo, no fim de maio de 2016, para preparar um encontro entre o presidente do país, Filipe Nyusi, e o líder da oposição, Afonso Dhlakama.

A Frelimo, originalmente um grupo guerrilheiro comunista, governa Moçambique desde a independência, em 1975. A Renamo nasceu na vizinha Rodésia, hoje Zimbábue, na época governada por um regime supremacista branco ligado ao regime do apartheid na África do Sul.

Assassino acusa no tribunal deputada britânica de traição

Ao ser apresentado hoje à Justiça do Reino Unido, o acusado de matar a deputada Jo Cox, da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, se negou a dar seu nome, endereço e data de nascimento. Durante a audiência, limitou-se a dizer: "Morte aos traidores! Liberdade para a Grã-Bretanha."

Thomas Mair, de 52 anos, foi denunciado por homicídio doloso, com a intenção de matar, lesões corporais dolosas e porte ilegal de armas. Ele seria simpatizante de grupos neonazistas americano e sul-africano.

O irmão do réu, Scott Mair, alegou que Thomas seria desequilibrado mentalmente e não militante de extrema direita. A juíza Emma Arbuthnot pediu um laudo psiquiátrico. Até agora, os psiquiatras forenses o consideraram consciente do que fez e apto a responder ao processo.

Jo Cox, de 41 anos, foi morta a tiros e facadas há dois dias, quando fazia campanha na cidade de Birstall, perto de Leedes, no Condado de York do Oeste, pela permanência do Reino Unido na União Europeia no plebiscito a ser realizado em 23 de junho de 2016.

Ontem, no enterro da deputada, o primeiro-ministro conservador David Cameron e o líder da oposição, Jeremy Corbyn, condenaram o assassinato como "um ataque à democracia". As duas partes suspenderam temporariamente a campanha.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Diplomatas dos EUA defendem bombardear regime de Assad

Mais de 50 diplomatas do Departamento de Estado assinaram um memorando interno defendendo bombardeios dos Estados Unidos para derrubar a ditadura de Bachar Assad, responsável pela guerra civil na Síria, revelaram hoje a agência Reuters e o jornal The Wall Street Journal.

O documento circulou por um canal paralelo em que os funcionários da diplomacia americana expressam visões alternativas à política externa oficial dos EUA. De qualquer forma, um número tão grande de assinaturas é incomum, observou o ex-embaixador na Síria Robert Ford. O secretário de Estado, John Kerry, alegou não ter lido o documento, mas o considerou significativo.

A intervenção militar direta dos EUA contra Assad seria necessária por causa da violação de repetidos acordos de cessar-fogo e do aparente desinteresse do regime sírio de fazer quaisquer concessões nas negociações de paz.

Desde sua primeira campanha à Casa Branca, em 2008, o presidente Barack Obama prometeu retirar os EUA do Iraque e do Afeganistão. No poder, sempre relutou em envolver o país em novos conflitos no Oriente Médio.

Quando o regime sírio atacou rebeldes com armas químicas, matando mais de 1,4 mil pessoas, em agosto de 2013, Obama não cumpriu a ameaça de bombardear as forças de Assad, frustrando os planos da França, que não quis agir sozinha.

Desde 30 de setembro de 2015, a Rússia intervém militarmente na guerra civil da Síria em apoio à ditadura de Assad. Uma intervenção dos EUA agora traria um risco de confronto direto com a Rússia, que junto com o Irã sustenta o regime sírio.

Assassino de deputada britânica comprou livros neonazistas

O único preso pelo assassinato da deputada Jo Cox, da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, Thomas Mair, comprou livros de um grupo neonazista dos Estados Unidos, inclusive manuais da fabricação de armas caseiras, denunciou uma organização não governamental americana de defesa dos direitos sociais.

A neonazista Aliança Nacional defende uma "pátria branca" e sem judeus. Desde 1990, Mair gastou US$ 620 comprando publicações do grupo. Também assina uma revista de um grupo supremacista branco da África do Sul.

Jo Cox, de 41 anos, foi morta ontem a tiros e facadas na cidade de Birstall, perto de Leeds, no Condado de York do Oeste, quando fazia campanha em defesa da permanência do Reino Unido na União Europeia no plebiscito a ser realizado em 23 de junho de 2016.

Durante o ataque, Mair teria gritado pelo menos duas vezes "Primeiro a Grã-Bretanha!". É o nome de um partido de extrema direitista e um dos principais lemas do movimento antieuropeu. O irmão de Thomas, Scott Mair, declarou que o assassino tinha problemas mentais, mas não tinha antecedentes de violência.

Os dois lados suspenderam temporariamente a campanha em homenagem à deputada morta. Jo Cox trabalhou durante anos para a organização de ajuda humanitária Oxfam (Comitê de Oxford para Alívio da Fome). Em maio de 2015, foi eleita deputada.

Hoje, no enterro da deputada, o primeiro-ministro conservador David Cameron e o líder da oposição, Jeremy Corbyn, se uniram para qualificar o assassinato de um ataque à democracia, noticiou a televisão pública britânica BBC.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

ONU acusa Estado Islâmico de genocídio dos yazidis

Com execuções em massa e escravidão sexual, a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante cometeu genocídio contra o povo yazidi no Iraque e na Síria, concluiu uma investigação das Nações Unidas, informou hoje a agência Reuters.

O relatório Eles Vieram para Destruir: os crimes do EIIL contra os yazidis descreve como a milícia tentou acabar com um povo que considera adorador do demônio por seguir o zoroastrismo, uma antiga religião.

"O genocídio aconteceu e está em andamento", declarou o sociólogo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Síria. "O Estado Islâmico submeteu toda mulher, criança ou homem yazidi que capturou às mais horríveis atrocidades

A investigação descobriu dezenas de covas rasas e relatos sobre milhares de mulheres yazidis escravizadas sexualmente pelos terroristas depois do ataque à cidade de Sinjar, no Norte do Iraque, em 3 de agosto de 2014. Entre 2 e 5 mil homens foram mortos no Massacre de Sinjar.

Quando os jihadistas cercaram 40 mil yazidis no Monte Sinjar, o presidente Barack Obama primeira ação militar direta dos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, em 8 de agosto de 2014. A Força Aérea dos EUA levou ajuda humanitária e bombardeou a milícia para romper o cerco.

"O Estado Islâmico tentou eliminar os yazidis através de matanças; escravidão sexual, escravidão, tortura, tratamento degradante e desumano e transferências forçadas causando sérios danos físicos e mentais; infligiu condições de vida para levar a uma morte lenta; impôs medidas para impedir o nascimento de crianças yazidis, inclusive a conversão forçada de adultos e a separação de homens e mulheres yazidis; e a transferência do controle das crianças das famílias yazidis para guerreiros do EI para afastá-las das crenças e práticas de sua própria comunidade religiosa", afirmou o relatório.

Sob pressão em várias frentes, o Estado Islâmico perdeu 40% dos territórios que ocupava no Iraque e 25% na Síria. Apela cada vez mais ao terrorismo, mas, na análise da Agência Central de Informações (CIA) dos EUA, com 22 mil homens em armas, ainda é uma força militar considerável.

Deputada britânica atacada por ultradireitista morre no Reino Unido

A deputada Jo Cox morreu em consequência de tiros e facadas que recebeu hoje de manhã durante a campanha sobre o referendo para decidir se o Reino Unido continua sendo parte da União Europeia, anunciou há pouco a chefe de polícia do Condado de York do Oeste, Dee Collins.

Um suspeito foi preso. É Tommy Mair, de 52 anos. Até o momento, a polícia acredita que ele agiu sozinho. Testemunhas contam que o assassino gritou "Primeiro, a Grã-Bretanha", nome de um grupo de extrema direita.

Deputada trabalhista é baleada na campanha do referendo sobre UE

A deputada trabalhista Jo Cox, de 41 nos, está em situação crítica depois de ser baleada e esfaqueada em Birstall, perto da cidade de Leeds, quando fazia campanha para o Reino Unido continuar na União Europeia depois do referendo de 23 de junho de 2016. Os partidários de ficar na UE suspenderam a campanha.

Um homem de 52 anos, Tommy Mair, foi preso pela polícia do Condado de York do Oeste, noticiou a televisão pública britânica BBC.

Ao atacar, ele teria dito "Primeiro, a Grã-Bretanha", nome de um grupo de extrema direita. O ultranacionalista Partido da Independência do Reino Unido negou qualquer ligação com o ataque.

O referendo foi prometido pelo primeiro-ministro David Cameron para tentar pacificar o Partido Conservador, dividido entre europeístas e eurocéticos desde a queda da primeira-ministra Margaret Thatcher, em 1990. A campanha está dividindo o país e os partidos políticos.

Jo Cox foi eleita deputada em 2015, depois de trabalhar para a organização não governamental de combate à miséria Oxfam (Comitê de Oxford para Alívio da Fome). É casada e tem dois filhos.

No momento, a pesquisa das pesquisas, uma média do resultado das sondagens da opinião pública, indica uma vantagem de 52% a 48% a favor dos partidários de deixar a UE.

Caixa-preta do avião da Egypt Air é recuperada no Mediterrâneo

A comissão de investigação do Egito anunciou hoje ter recuperado uma das caixas-pretas com a gravação das conversas da cabine e com controladores de voo do Airbus A320 que caiu no Mar Mediterrâneo em 19 de maio de 2016 matando as 66 pessoas a bordo.

Ontem, as autoridades egípcias disseram ter localizado destroços do avião em "vários locais". As equipes de busca estão atrás da outra caixa-preta, com a gravação dos registros do voo. A que foi encontrada estava danificada, mas a memória foi resgatada.

O Airbus fazia a rota Paris-Cairo quando desapareceu dos radares. A maior suspeita é que tenha sido um ato terrorista, mas há informações sobre problemas técnicos com a aeronave.

Os investigadores concluíram que o avião deu um giro de 90 graus à esquerda e depois de 360 graus à direita antes de cair no mar. Antes da queda, houve dois alertas automáticos de presença de fumaça dentro da cabine.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Fed mantém taxas básicas de juros dos EUA

O Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed), o comitê de política monetária do banco central dos Estados Unidos, decidiu hoje manter inalteradas as taxas básicas de juros da economia americana numa faixa de 0,25% a 0,5% ao ano, mas indicou que deve haver pelo menos um aumento até o fim do ano.

Apesar de observar uma melhoria no mercado de trabalho, que decepcionou nos últimos meses, o Fed reduziu sua expectativa de crescimento para 2016 e 2017 e espera uma expansão média de 2% ao ano até 2018.

Na entrevista coletiva, a presidente do Fed, Janet Yellen, manifestou preocupação com a possível saída do Reino Unido da União Europeia, a ser decidida em referendo na quinta-feira da próxima semana, 23 de junho. Com várias pesquisas anunciando a vitória dos antieuropeus, a libra caiu e as bolsas do mundo inteiro foram abaladas.

Quando o Fed voltou a aumentar os juros, em dezembro de 2015, depois de mantê-los em praticamente zero desde 2008 para combater a crise econômica, havia uma expectativa de quatro altas de juros em 2016.

Por causa da desaceleração da economia mundial, especialmente da China, o mercado passou a apostar em duas elevações nas taxas básicas. A presidente do Fed confirma pelo menos uma.

Exércitos do Afeganistão e do Paquistão voltam a trocar tiros

Soldados do Afeganistão e do Paquistão voltaram a trocar fogo de morteiros e artilharia pesada perto do Passo Khyber, um dos pontos de cruzamento na fronteira entre os dois países, noticiou a agência Reuters citando como fonte militares paquistaneses.

Oficiais do Exército do Afeganistão declararam que não houve confronto hoje, mas admitiram que houve disparos dos dois lados durante a noite. O embaixador afegão em Islamabade anunciou um cessar-fogo e prometeu medidas para acabar com as hostilidades.

Nos últimos dias, houve várias trocas de tiros no mesmo lugar, o Portão Torkham, com quatro mortes. O Afeganistão acusa o Paquistão de apoiar milícias extremistas muçulmanas como os Talebã, que circulam livremente entre os dois países com o apoio do serviço secreto militar paquistanês.

As escaramuças na fronteira acontecem no momento em que os Talebã lançam sua ofensiva de verão depois de uma trégua durante o rigoroso inverno afegão.

Aligátor mata criança de dois anos na Disney

Um aligátor americano, o maior dos crocodilos, matou uma criança de dois anos ontem à noite num hotel do complexo turístico Disney World, em Orlando, na Flórida, nos Estados Unidos. O menino brincava na beira de um lago artificial quando foi atacado e arrastado para dentro d'água. O pai entrou no lago e brigou com o animal, sem conseguir evitar a morte do filho.

A Disney fechou todas as praias do lago. Mais de 50 homens, inclusive mergulhadores, participam da operação de busca. Depois de tantas horas, não há mais esperança de encontrar a criança viva, admitiu o chefe da polícia local, Jerry Demings.

Cerca de 1,5 milhão de aligatores vivem na Flórida. Zoólogos observaram que eles não costumam atacar seres humanos, mas uma criança de dois anos pode ser confundida com um pequeno mamífero como um coelho. A família, de cinco pessoas, do estado de Nebraska, passava as férias na Disney.

Em 45 anos de operação da Disney na região, onde mantém o maior parque de diversões do mundo, foi o primeiro ataque de aligator. Na África, são frequentes os ataques de crocodilos a seres humanos.

À 1h45 pela hora local (2h45 em Brasília), o corpo do menino, identificado como Lane Graves, foi encontrado pelos mergulhadores.


Trump retira credencias do Washington Post

Em mais um gesto autoritário e fascistoide, o bilionário Donald Trump, virtual candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, proibiu o jornal The Washington Post de cobrir sua campanha à Casa Branca. Há uma longa lista de meios de comunicação censurados por Trump.

No Facebook, o magnata imobiliário declarou que, "baseado numa cobertura com reportagens incrivelmente inacuradas da campanha recordista de Trump, nós estamos revogando as credenciais de imprensa do falso e desonesto Washington Post."

O editor executivo do Post, Martin Baron, respondeu: "A decisão de Donald Trump de retirar das credenciais de The Washington Post nada mais é do que o repúdio ao papel de uma imprensa livre e independente. Quando a cobertura não corresponde ao que o candidato gostaria, uma organização jornalística é banida. O Post vai continuar cobrindo Donald Trump como sempre fez - honorável, honesta, acurada, enérgica e inflexivelmente. Temos orgulho de nossa cobertura e vamos mantê-la."

Entre os meios de comunicação banidos por Trump, estão Gawker, BuzzFeed, Foreign Policy, Politico, Fusion, Univisión, Mother Jones, The New Hampshire Union Leader, Des Moines Register, The Daily Beast e The Huffington Post.

The Washington Post se tornou um dos jornais mais famosos do mundo ao revelar o Escândalo de Watergate, uma operação da espionagem da oposição comandada de dentro da Casa Branca pelo presidente Richard Nixon durante a campanha eleitoral de 1972. Reeleito, Nixon renunciou em 1974.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Terror em Orlando foi o pior de 32 mil ataques a tiros num ano nos EUA

O ataque do americano de origem afegã Omar Mateen contra uma boate gay de Orlando, na Flórida, que deixou 49 mortos e 53 feridos, foi o pior massacre a tiros da história recente dos Estados Unidos. Mas foi apenas um entre 32 mil ataques a tiros ocorridos no país de 13 de junho de 2015 ao mesmo dia em 2016, informa a revista digital Slate.

A cada 12 meses, 130 mil pessoas são baleadas nos EUA. Em 2013, último ano sobre o qual há estatísticas oficiais consolidadas, menos de 2% das 33 mil mortes foram em ataques em massa. As armas de fogo mataram 3.428 pessoas a mais do que quedas, 4.635 a mais do que o álcool e 30.876 pessoas a mais do que incêndios.

Os dados mais recentes foram compilados pela organização não governamental Gun Violence Archive (Arquivo da Violência com Armas de Fogo). A expectativa é que em 2015 os assassinatos tenham ultrapassado os acidentes de trânsito como principal causa de morte violenta nos EUA.

Em outubro de 2015, em pesquisa do jornal The Washington Post e da rede de televisão ABC, 46% dos entrevistados citaram a redução da violência armada como prioridade.

No Brasil, mais de 56 mil pessoas foram assassinadas em 2013, mais de 150 por dia. A violência é muito pior do que nos EUA.

Terrorista de Orlando frequentava boate gay

O terrorista que matou 49 pessoas e feriu outras 53 na madrugada de domingo não só frequentava a boate gay que atacou em Orlando, na Flórida, como participava de redes sociais de homossexuais, revelaram reportagens da imprensa dos Estados Unidos.

Para não ser indiciada como cúmplice, a mulher de Omar Mateen, nascido em Nova York, declarou ao FBI (Federal Bureau Investigation), a polícia federal americana que tentou dissuadir o marido de atacar o Pulse Club.

Noor Salman contou ter levado o marido de carro à boate pelo menos uma vez e estava junto com ele quando Mateen comprou o fuzil de assalto AR-15 e a pistola usados no ataque. Ela pode ser acusada por não ter alertado as autoridades sobre o risco representado pelo marido.

O pai de Mateen o descreveu como mais homofóbico do que extremista muçulmano. Agora parece que ele tinha um problema com sua própria sexualidade.

Vários gays entregaram à polícia telefones celulares com mensagens trocadas com o terrorista em redes sociais. Testemunhas revelaram que ele não apenas ficava sentado num canto bebendo sozinho na boate. Tirava homens para dançar no meio do salão.

Hesbolá envia reforços à Síria

Depois de uma reunião em Teerã dos ministros da Defesa da Rússia, da Síria e do Irã em 9 de junho de 2016, a milícia extremista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) enviou centenas de combatentes para a Síria, noticiou hoje o jornal saudita Asharq Al-Awsat. O boletim de notícias Lebanon 24 fala em mais de mil.

O destino dos reforços ainda é incerto. Analistas estratégicos acreditam que possam ir para Deir el-Zur, no Leste da Síria, somar-se à ofensiva contra Rakka, a autodeclarada capital do Estado Islâmico do Iraque e do Levante ou entrar na Batalha de Alepo, que era o principal centro econômico do país antes da guerra civil na Síria.

Uma grande parte dos reforços faz parte da tropa de elite al-Rezwan, a força de intervenção rápida do Hesbolá, formada principalmente por milicianos dos bairros xiitas do Sul de Beirute e do Vale do Becá, no Líbano.

A reunião em Teerã visou a coordenar as forças que apoiam a ditadura de Bachar Assad, que não mostra disposição para fazer concessões na mesa de negociações e busca uma vitória militar no conflito.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Trump ganha com massacre em Orlando, diz ex-embaixador de Israel

O pior massacre com armas de fogo da história recente dos Estados Unidos pesa a favor do candidato do Partido Republicano à Presidência, o magnata imobiliário Donald Trump, previu o ex-embaixador israelense em Washington Michael Oren, hoje deputado da Knesset, o Parlamento de Israel.

"Se o motivo fosse o ódio contra a comunidade LGBT [lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros], Hillary Clinton seria beneficiada. Mas como parece que o motivo foi o jihadismo islâmico, favorece Donald Trump. Ele sai grandemente fortalecido", afirmou Oren, ao comentar o ataque a uma discoteca gay em Orlando, na Flórida, em que 50 pessoas morreram.

Oren acredita mesmo que o bilionário não está aproveitando a oportunidade: "Se eu fosse Trump, teria falado a partir do minuto em que o FBI indicou que se trata de um rapaz que estava operando com motivações islâmicas...

"Seu próprio nome, Mir Seddique, um nome muçulmano, filho de imigrantes afegãos que aparentemente mantinham ligações com algum tipo de organizações extremistas islâmicas, pode influenciar muito a corrida presidencial", previu.

O embaixador notou uma certa hesitação da candidata democrata, "sentada em cima do muro" e "muito cuidadosa", "condenando, mas hesitando quanto ao que condenar" e voltando a questão para o controle de armas.

Durante a campanha das eleições primárias, Trump chegou a defender a proibição da entrada de muçulmanos nos EUA "até entendermos por que eles nos odeiam". Como sempre, promete soluções simples, autoritárias e no caso ilegais. A Primeira Emenda à Constituição dos EUA garante a liberdade religiosa.

Trump acusa Hillary e o presidente Barack Obama de não usarem as expressões terrorismo ou extremismo muçulmano. Os líderes do Partido Democrata relutam em associar o terrorismo à religião, preferindo interpretá-los como uma distorção. O candidato republicano denuncia esse discurso como conivência com o extremismo e negação de qualquer vínculo com o Islã.

Outra previsão de Oren é que Orlando será afetada: "Orlando não é San Bernardino, um subúrbio que ninguém conhecia. Orlando é uma cidade famosa, sede do Disney World", a atração turística mais visitada do mundo. "Haverá cancelamentos de dezenas de milhares de americanos. Ao ouvir falar de Orlando, vão achar que é perigoso

Polícia francesa explode pacote suspeito perto do Estádio da França

Duas horas antes do jogo entre Irlanda e Suécia pela copa da Europa de seleções nacionais, as forças de segurança da França detonaram hoje um pacote suspeito perto do Estádio da França, informou a agência Reuters.

A Euro 2016 terá um total de 51 partidas realizadas em 10 estádios espalhados pela França. Nos atentados terroristas de 13 de novembro de 2015, pelo menos dois homens-bomba tentaram se infiltrar no meio da torcida no mesmo estádio, onde França e Alemanha disputavam um amistoso com a presença do presidente François Hollande.

Aquela onda de atentados, que deixou 130 mortos, revelou uma coordenação entre células terroristas ligadas à milícia Estado Islâmico do Iraque e do Levante na França e na Bélgica. Desde então, os serviços secretos dos Estados Unidos e do Reino Unido advertiram para o risco de ataques terroristas durante a Euro 2016.

domingo, 12 de junho de 2016

Estado Islâmico reivindica massacre na Flórida

A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a responsabilidade pelo massacre a tiros de 50 pessoas numa boate gay de Orlando, na Flórida, na madrugada de hoje. Em comunicado em sua agência de notícias, o Estado Islâmico apresentou Omar Mateen como um de seus combatentes.

Às duas da madrugada de hoje (3h em Brasília), Mateen entrou na mais famosa boate gay da Flórida, o Pulse Club, e disparou com um fuzil de assalto AR-15 e uma pistola automática. Centenas de pessoas conseguiram fugir. Outras foram tomadas como reféns pelo terrorista.

Em telefonema ao número de emergência da polícia, o terrorista declarou lealdade ao Estado Islâmico, antes de uma força de operações especiais invadir a boate por volta das 5h, noticiou a rede de televisão americana NBC.

Se for confirmado que Omar Mateen agiu sozinho, foi um ataque de um militante isolado, um lobo solitário inspirado pela propaganda de extremistas muçulmanos. Nestes casos, é muito difícil evitar a ação terrorista.

Líderes do Estado Islâmico apelaram a seus militantes para que lancem ataques contra a Europa e os Estados Unidos, especialmente durante o sagrado mês do Ramadã, que em 2016 vai de 6 de junho a 6 de julho.

O ataque à comunidade LGBT também não surpreende, observa a empresa da consultoria e análise estratégica Stratfor. Os vídeos de propaganda do Estado mostram com frequência execuções de gays.

Obama repudia "ato de terror e ódio" em Orlando

Em breve pronunciamento na Casa Branca, o presidente Barack Obama descreveu há pouco o massacre de 50 pessoas numa boate gay de Orlando, na Flórida, como um "ato de terror e ódio". Foi a maior matança a tiros da História dos Estados Unidos e o pior ataque desde os atentados de 11 de setembro de 2001.

"É mais uma lembrança de que é fácil conseguir uma arma para atacar uma escola, um local de oração, um cinema ou um clube noturno", lamentou o presidente dos EUA, referindo-se a tragédias anteriores. "Toda vez que um americano é atacado, seja qual for a religião, etnia ou orientação sexual, é um ataque contra todos nós."

Desde que chegou à Casa Branca, em 2009 Obama tenta impor novas leis de controle de armas, mas enfrentou a resistência da oposição conservadora e do lobby dos fabricantes de armas, a Associação Nacional do Rifle.

O atirador, morto pela polícia, foi identificado como Omar Mateen, um cidadão americano de origem afegã nascido em Nova York em 1986. Em ligação ao número de emergência da polícia, ele teria declarado lealdade à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Mateen trabalhava para uma empresa de segurança contratada pelo governo dos EUA para fazer a segurança de prédios públicos. Por seus colegas suspeitarem de sua radicalização, ele foi interrogado pela polícia federal americana (FBI) em 2013 e 2014, mas não foi considerado perigoso. Não estava na lista oficial de suspeitos.

Sua ex-mulher, que se divorciou depois de apenas quatro meses de casamento e de várias agressões, o descreveu como um desequilibrado. Na opinião do pai, ele era mais homofóbico do que extremista muçulmano. Teria ficado indignado ao ver dois homens se beijando diante de sua família.

Terrorista mata 50 pessoas em boate gay em Orlando

Com uma pistola e um fuzil de assalto, um terrorista solitário matou 50 pessoas e feriu outras 53 na madrugada de hoje numa boate gay de Orlando, na Flórida. Foi a maior matança a tiros da história dos Estados Unidos e o pior ataque desde os atentados de 11 de setembro de 2001, noticiou o jornal local Orlando Sentinel.

O terrorista foi identificado como Omar Mir Seddique Mateen, de 29 anos, um cidadão americano da cidade de Port Saint-Lucie. Ele invadiu o Pulse Club, a boate gay mais famosa da Flórida, onde havia cerca de 300 pessoas, e começou a atirar por volta de duas da madrugada (3h em Brasília), tomando vários frequentadores como reféns.

Centenas conseguiram fugir, inclusive alguns feridos, enquanto parte ficou presa dentro da boate. Um grupo se refugiou no banheiro e pediu ajuda pelos telefones celulares. Às 5h, um comando de operações especiais da polícia invadiu o prédio e matou Omar Mateen.

Com o grande número de feridos, os bancos de sangue de Orlando estão fazendo apelo a possíveis doadores.

Um agente da divisão da polícia federal americana (FBI) em Tampa, na Flórida, Ronald Hopper, revelou que a investigação parte da hipótese de que o terrorista fosse um extremista muçulmano, mas considerou cedo para descartar qualquer possibilidade.

O deputado Adam Schiff, da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, disse ter ouvido agentes comentando que Omar Mateen teria jurado lealdade ao Estado Islâmico. Até agora, não há indícios de ligações com uma organização terrorista.

Em dezembro do ano passado, um casal de origem paquistanesa matou 14 pessoas numa festa de fim de ano da empresa em São Bernardino, na Califórnia. Syed Farook nascera em Chicago. Sua mulher, Tashfeen Malik, no Paquistão.

Aparentemente eles não tinham ligação direta com nenhum grupo terrorista. Foram radicalizados pela propaganda de organizações como a rede Al Caeda e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Outros atentatos terroristas cometidos nos EUA depois de 11 de setembro de 2001 seguiram padrão semelhante. Em 5 de novembro de 2009, Nidal Hasan, major e médico do Exército dos EUA abriu fogo contra seus companheiros no Forte Hood, no Texas, matando 13 pessoas e ferindo outras 32.

Hasan tinha contato com o imã Anwar al-Awlaki, um americano que virou líder da rede terrorista Al Caeda na Península Arábica, mas o Departamento da Defesa e a Justiça preferiram tratar o caso como "violência no local de trabalho".

Em 15 de abril de 2013, os irmãos Tamerlan e Djokhar Tsarnaev, de origem chechena, explodiram duas bombas caseiras na chegada da Maratona de Boston. Três pessoas morreram e 264 saíram feridas.

O irmão mais velho, Tamerlan, morto em confronto com a polícia dias depois, teria se radicalizado numa visita às repúblicas muçulmanas da Federação Russa na região do Cáucaso. Djokhar, o sobrevivente, condenado à morte, confessou que viraram extremistas em reação às guerras dos EUA no Iraque e no Afeganistão.