quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Hollande desiste da reeleição à Presidência da França

Em uma decisão inesperada, o presidente François Hollande anunciou hoje que não será candidato à reeleição à Presidência da França na eleição de 23 de abril e 7 de maior de 2017. O primeiro-ministro Manuel Valls passa a ser o favorito para ser o candidato do Partido Socialista.

Com a queda da popularidade do presidente abaixo de 10%, até um mínimo de 4%, a esquerda francesa se inquieta com as pesquisas que apontam um segundo turno entre a ultradireita e a centro-direita no próximo ano.

Seria uma repetição do primeiro turno da eleição presidencial de 2002. Em 21 de abril daquele ano, o líder da neofascista Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, bateu o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, que adotara medidas econômicas impopulares para enquadrar a França na união monetária que criou o euro, por menos de 200 mil votos (16,86% a 16,18%).

A ultraesquerda negou apoio a Jospin e teve 11%, abrindo caminho Le Pen, que perderia no segundo turno para o presidente Jacques Chirac, que teve 82% dos votos.

Se esse quadro se repetir em 2017, com derrota da esquerda no primeiro turno e união de todas as forçcas democráticas contra o neofascismo no segundo turno, o ex-primeiro-ministro François Fillon, do partido Os Republicanos, herdeiro de Chirac, será o próximo presidente da França.

Para ter uma chance, o PS propôs a realização de uma eleição primária da esquerda. De início, seria apenas uma manobra para legitimar a candidatura de Hollande, quando o presidente seria candidato natural à reeleição.

No fim de semana, o presidente da Assembleia Nacional, o deputado socialista Claude Bortolone, defendeu a ampliação da primária da esquerda e convidou Hollande, Valls, o ex-ministro liberal Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon, líder da Frente de Esquerda, que reúne grupos à esquerda do PS.

A primária está marcada para 22 e 29 de janeiro. É a última esperança da centro-esquerda de ter um candidato forte e competitivo em 2017 na França. O ex-ministro da Economia Arnaud Montebourg manifestou a intenção de participar. Macron, por enquanto, mantém sua candidatura independente pelo movimento Em Marcha.

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