domingo, 27 de novembro de 2016

Líder do PS quer Hollande, Valls e Macron na primária da esquerda

O presidente da Assembleia Nacional da França, o deputado socialista Claude Bartolone, defendeu no fim de semana a participação do presidente François Holande, do primeiro-ministro Manuel Valls, do ex-ministro da Economia Emmanuel Macron e do líder da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, na eleição primária da esquerda, marcada para 22 e 29 de janeiro. O objetivo é ter uma candidatura forte, capaz de chegar ao segundo turno.

Com a impopularidade de Hollande pouco acima de 10%, as pesquisas indicam que o Partido Socialista pode perder a eleição presidencial de 2017 no primeiro turno, marcado para 23 de abril. Marine Le Pen, da neofascista Frente Nacional, disputaria o Palácio Eliseu com o ex-primeiro-ministro François Fillon, consagrado ontem como o candidato de centro-direita.

Em condições normais, não haveria uma eleição primária do PS. O presidente seria candidato natural à reeleição, mas a expectativa de uma derrota esmagadora assusta o partido. Com um debate entre presidente e primeiro-ministro, argumentou Bortolone, haveria um "eletrochoque" numa esquerda que parece aceitar a derrota como inevitável.

"Eu não sei em que votar, mas sei uma coisa: não será uma pequena primária que pode nos salvar", declarou no sábado o presidente da Assembleia Nacional. "Gostaria que Macron participasse da primária, que Valls participasse da primária, que Hollande participasse da primária, que Mélenchon venha exprimir suas diferenças no seio da primária."

Hollande prometeu anunciar sua decisão até 15 de dezembro. Ele apostava numa queda do desemprego para turbinar sua candidatura. O anúncio do primeiro-ministro Valls de que vai participar da primária da esquerda é de certa forma uma traição ao chefe, mas dá um alívio ao partido, que pode assim ter um candidato mais competitivo.

Dificilmente Mélenchon vai se aproximar de um PS que usou um mecanismo excepcional para reformar a lei do trabalho sem votação na Assembleia Nacional, reduzindo direitos, algo inaceitável para a ultraesquerda. No fim de semana, 54% do Partido Comunista Francês (PCF) preferiram apoiar Mélenchon e sua Frente de Esquerda em vez de lançar seu próprio candidato ao Palácio do Eliseu.

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