quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Carter aconselha Obama para reconhecer a Palestina

Ainda existe uma chance escassa para uma paz no Oriente Médio baseada na coexistência pacífica de dois estados no território histórico da Palestina. Diante das tentativas do governo linha-dura de Israel de anexar a Cisjordânia, o ex-presidente Jimmy Carter recomendou ao presidente Barack Obama que os Estados Unidos reconheçam a independência da Palestina antes da posse de Donald Trump, em 20 de janeiro de 2017.

Em artigo no jornal The New York Times, Carter aconselha Obama a seguir o exemplo de outros 137 países que reconheceram a independência da Palestina, entre eles o Brasil, para que o país passe a ser membro pleno das Nações Unidas.

"Lá em 1978, durante meu governo, o primeiro-ministro de Israel, Menachen Begin, e o presidente do Egito, Anuar Sadat, assinaram os acordos de paz de Camp David", lembrou Carter. "Os acordos foram baseados na Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967.

"As palavras-chaves foram 'a inadmissibilidade de conquista de território através da guerra e a necessidade de trabalhar por uma paz justa e duradoura no Oriente Médio na qual todo estado da região possa viver em segurança' e 'na retirada das Forças Armadas de Israel dos territórios ocupados no conflito recente'."

O processo de paz no Oriente Médio iniciado pela Conferência de Madri, em 1991, usaria nos acordos de Oslo a mesma fórmula de devolução dos territórios ocupados em troca de paz e segurança. Mas o processo foi interrompido pelo assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, em novembro de 1995, e a ascensão do primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu, no ano seguinte.

Carter elogia declaração de Obama em 2009 exigindo o congelamento total da colonização dos territórios árabes ocupados, sem mudar o comportamento do governo israelense. Em 2011, o atual presidente afirmou que os dois estados deveriam ter como base as fronteiras anteriores à guerra de 1967.

Hoje são 4,5 milhões de palestinos vivendo sob a ocupação militar de Israel, sem qualquer direito à cidadania, enquanto 600 mil colonos gozam de plenos direitos garantidos pela legislação israelense. O risco, adverte Carter, é que essa discriminação mine a democracia em Israel.

Com o reconhecimento da independência da Palestina pelos EUA, acrescenta o ex-presidente, o Conselho de Segurança da ONU estabeleceria os parâmetros para um acordo de paz definitivo, "reafirmando a ilegalidade de todos os assentamentos israelenses além das fronteiras de 1967

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