sábado, 1 de outubro de 2016

Rússia e Síria intensificam o assalto a Alepo

A Força Aérea da Rússia bombardeou intensamente hoje pelo décimo dia seguido Alepo, a maior cidade da Síria, enquanto forças terrestres leais à ditadura de Bachar Assad tentavam penetrar na área dominada por rebeldes, onde vivem 250 mil pessoas.

Os ataques aéreos se concentraram nas rotas de suprimento dos rebeldes, como o distrito de Malá, enquanto a batalha em terra tornou-se mais encarniçada no bairro de Suleiman al-Halabi, na linha de frente entre o Leste da cidade, dominado pelos rebeldes, e a Zona Norte, sob controle do regime sírio.

Ontem, o secretário de Estado americano, John Kerry, conversou com o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, mas sua ameaça patética de romper o diálogo com Moscou não teve qualquer impacto no campo de batalha.

Lavrov se queixou de que durante o breve cessar-fogo os Estados Unidos não separaram grupos rebeldes moderados de extremistas muçulmanos. Pelo menos 550 foram mortas desde que a Rússia e a Síria decidiram suspender o cessar-fogo e retomar os ataques.

A Rússia intervém na guerra civil da Síria há um ano, desde 30 de setembro de 2015, a pretexto de combater o terrorismo, mas sua real intenção é sustentar a ditadura de Assad e voltar a ser um ator geopolítico no Oriente Médio.

Com o apoio de Moscou, o ditador sírio volta a apostar numa vitória militar, mas nada indica que a maioria sunita, principal alvo do regime, aceite o continuísmo. Apesar das atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, o maior terrorista na guerra civil da Síria é o regime de Assad, responsável pelo maior número de mortes de civis inocentes, por bombardear sistematicamente clínicas e hospitais.

A Arábia Saudita, o Catar e a Turquia, que apoiam grupos rebeldes, cogitam a possibilidade de equipá-los com mísseis antiaéreos capazes de neutralizar a superioridade aérea da Rússia. Moscou conseguiu salvar Assad, mas garantir sua vitória e a normalização da situação na Síria serão muito mais difíceis.

Mais de 300 mil pessoas, 500 mil segundo algumas estimativas, foram mortas desde o início da guerra civil na Síria, em março de 2011. Cerca da metade dos 22 milhões de habitantes fugiu de casa e 5 milhões saíram do país.

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