quinta-feira, 6 de outubro de 2016

ONU teme destruição total do Leste de Alepo até fim do ano

Com a política de terra arrasada do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e de seu protegido Bachar Assad, a zona leste de Alepo, dominada por rebeldes, pode ser totalmente destruída até o fim do ano, advertiu hoje o enviado especial das Nações Unidas para a guerra civil síria, Staffan de Mistura.

"Em dois meses, dois meses e meio no máximo, neste ritmo, parte de Alepo corre o risco de ser totalmente destruída. Falamos particularmente da cidade antiga e milhares de civis serão mortos", lamentou o enviado especial da ONU.

Depois de um breve cessar-fogo em que o regime de Assad impediu a entrega de ajuda humanitária na área dominada pelos rebeldes, com o apoio da Força Aérea da Rússia e da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá, a ditadura da Síria lançou em 22 de setembro uma grande ofensiva para tentar retomar o Leste de Alepo.

Desde então, o intenso bombardeio aéreo matou pelo menos 376 pessoas e deixou mais de 1,2 mil, acrescentou De Mistura. A Batalha de Alepo é a mais violenta da guerra no momento.

A cidade está dividida desde 2012, com os setores oeste, norte e sul sob o controle da ditadura e o leste em poder dos rebeldes, onde vivem cerca de 250 mil civis, sendo 100 mil crianças.

O embaixador ítalo-sueco apelou aos cerca de 900 guerrilheiros da Frente de Luta do Levante, a antiga Frente al-Nusra, braço da rede terrorista Al Caeda na guerra civil síria, para que deixem a cidade oferecendo-se para escoltá-los sob a proteção da ONU.

"Se vocês decidirem partir em dignidade e com suas armas, estou pronto a acompanhá-los pessoalmente", prometeu o enviado da ONU, sugerindo que talvez a presença dos rebeldes seja um "álibi fácil" para justificar a destruição total do Leste de Alepo pelas forças do regime.

De Mistura fez um apelo aos governos da Rússia e da Síria para que anunciem uma cessação dos bombardeios caso os rebeldes saiam da cidade.

Ele comparou a situação do Leste de Alepo com a cidade bósnia de Srebrenica, onde toda a população adulta masculina foi massacrada em junho de 1995, num total de 8.373 pessoas, e com o genocídio de Ruanda, na África, de abril a junho de 1994, quando 800 mil a 1 milhão de pessoas foram mortas.

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