quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Google entra na guerra contra o Estado Islâmico

Depois de criar um mecanismo de busca que virou uma empresa de meio trilhão de dólares, o Google tenta agora reorientar as mentes de jovens que procuram informações sobre a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, candidatos em potencial a voluntários do martírio, revelou na semana passada a revista de alta tecnologia americana Wired.

Há quase um ano, a empresa Jigsaw (Quebra-Cabeças), a encubadora de ideias e novas tecnologias do Google, a antiga Google Ideas, desenvolve um programa chamada Método de Redireção combinando os algoritmos do mecanismo de busca com a plataforma de vídeo YouTube para tentar entrar na mente dos jovens em processo de radicalização.

O programa oferece uma lista de vídeos em árabe e em inglês que atacam a propaganda do Estado Islâmico e denunciam seus crimes contra a humanidade, tentando evitar a lavagem cerebral de jovens aventureiros. Tem palestras de imãs criticando a interpretação jihadista do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos, depoimentos de ex-militantes que escaparam do grupo e cenas da vida cotidiano no Califado, como longas filas para comprar comida, falta de água e de energia.

"Há uma grande demanda na Internet de material sobre o Estado Islâmico, mas também há uma série de vozes com credibilidade desmontando suas narrativas", declarou Yasmin Green, diretora de pesquisa e desenvolvimento da Jigsaw.

"O Método de Redireção é no fundo uma campanha publicitária para um público específico: vamos pegar esses indivíduos vulneráveis às mensagens de recrutamento do EIIL e apresentar a eles informações que as refutam", acrescentou Yasmin.

Em oito semanas, o programa piloto usou 1,7 mil palavras-chave e coletou dados de 320 mil indivíduos que viram mais de 500 mil horas de vídeos contra o Estado Islâmico. A sutileza também é importante. Muitas vezes a mensagem é indireta. Em vez de produzir conteúdo, o projeto pesquisou na rede o material já existente produzido por críticos do extremismo muçulmano. Fica mais autêntico.

As grandes empresas americanas da Internet colaboram há anos no combate ao terrorismo. O Twitter já fechou centenas de milhares de contas para promover a "guerra santa" islâmica. O Facebook e o YouTube também removem material apresentando e exaltando execuções em massa, degolas e outras execuções de vítimas do Estado Islâmico. Os terroristas migraram para sítios que aceitam todo tipo de conteúdo.

Esta é a primeira tentativa de propor uma visão alternativa além das advertências oficiais de governos.

Neste mês, começa uma segunda fase do projeto. Os alvos serão extremistas americanos, tanto jihadistas em potencial quanto supremacistas brancos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parece que existe uma coerência nas atitudes do google e youtube em sua estratégia. em vez do choque frontal como a censura que a eles próprios relutam em utilizar; uma tática do ataque indireto com o uso de desvios calculados.