sábado, 17 de setembro de 2016

Bombardeio dos EUA mata 90 soldados sírios "por engano"

A coalizão aérea liderada pelos Estados Unidos matou hoje 90 soldados do Exército da Síria em quatro ataques perto da cidade de Deir el-Zur na Síria, anunciou em Moscou o Ministério da Defesa da Rússia, citado pela agência de notícias russa Interfax.

Em comunicado, o Comando Militar Central dos EUA alegou que o bombardeio era à milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante e não tinha a intenção de matar os soldados sírios: "O ataque aéreo da coalizão foi suspenso imediatamente quando oficiais da coalizão foram informados por oficiais russos de que é possível que os veículos e soldados alvejados fossem parte das Forças Armadas da Síria."

A Rússia afirmou que os soldados sírios estavam cercados pelo Estado Islâmico, assim, "os bombardeios abriram o caminho para o ataque dos terroristas" a uma colina próxima.

O Ministério da Defesa russo acusou os EUA de se recusarem a coordenar suas operações aéreas com a Rússia e declarou que os ataques são "provas conclusivas do apoio dos EUA e seus aliados ao Estado Islâmico e outras organizações terroristas".

Desde agosto de 2014, os EUA bombardeiam o Estado Islâmico no Iraque e na Síria à frente de uma coalizão que hoje tem mais de 60 países. Em 30 de setembro de 2015, a Força Aérea da Rússia entrou na guerra civil da Síria ao lado da ditadura de Bachar Assad.

Há uma frágil trégua em vigor desde segunda-feira depois de mais de 300 mil mortes na guerra civil síria. O cessar-fogo negociado pelos EUA e a Rússia autoriza o ataque a duas milícias terroristas: o Estado Islâmico e a Frente de Luta do Levante, a antiga Frente al-Nusra, braço da rede terrorista Al Caeda no conflito na Síria.

O problema é que o ditador Bachar Assad, o maior terrorista nesta guerra, chama de terroristas todos os grupos rebeldes numa tentativa de desqualificá-los. Ao se alinhar com o discurso do regime, a Rússia enquadra os rebeldes apoiados pelos EUA, a Europa e outros países muçulmanos como terroristas, o que autoriza a reiniciar os ataques.

Se a trégua se sustentar por uma semana, os EUA e a Rússia prometem retomar as negociações de paz, mas é evidente que Assad não está disposto a fazer qualquer concessão. Os EUA aceitaram que ele fique no poder durante um "período de transição" ao fim do qual haverá uma eleição presidencial em que Assad será candidato.

Em Moscou, o presidente Vladimir Putin disse que os grupos rebeldes aproveitaram o cessar-fogo para se reagrupar. O homem-forte do Kremlin acusou os EUA de estarem mais preocupados em manter a capacidade militar dos rebeldes do que em separar rebeldes moderados de extremistas, um dos objetivos da trégua.

Um objetivo central era permitir o acesso de ajuda humanitária a áreas rebeldes sitiadas por forças leais ao regime. Há um comboio de 20 caminhões parado há dias na fronteira com a Turquia à espera de garantias do governo sírio, que insiste em controlar a distribuição para usar a ajuda humanitária como arma de guerra.

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