domingo, 26 de junho de 2016

Partido Trabalhista britânico se rebela com derrota no plebiscito

O líder da "leal oposição ao governo de Sua Majestade", Jeremy Corbyn, enfrenta uma revolta do Partido Trabalhista depois do fracasso em mobilizar a esquerda para votar a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia no plebiscito da quinta-feira passada.

Corbyn foi criticado pelo více-líder, Tom Watson, depois de afastar na madrugada de hoje o ministro ou porta-voz de Exterior do governo paralelo da oposição, Hilary Benn, ao saber pelo jornal The Observer deste domingo de uma conspiração para derrubá-lo da liderança trabalhista.

"Ele é um homem bom e decente", afirmou hoje Benn em entrevista a Andrew Marr, na BBC, "mas não é um líder."

Em reação contrária ao afastamento de Benn, oito ministros do governo paralelo pediram demissão. Antes de sair, numa conversa áspera com Corbyn, Benn disse que a bancada não acredita que o atual líder seja capaz de vencer as próximas eleições, que podem ser antecipadas diante da queda do primeiro-ministro derrotado David Cameron e da luta pela liderança do Partido Conservador.

Na manhã deste domingo, o ministro da Justiça, Michael Dove, apoiou o ex-prefeito de Londres Boris Johnson na disputa pela sucessão de Cameron como líder conservador e futuro chefe de governo.

O atual líder trabalhista é um político da velha esquerda eleito com o apoio dos sindicatos, uma base importante do partido, em oposição ao neotrabalhismo dos ex-primeiros-ministros Tony Blair e Gordon Brown. Em 1975, votou contra a adesão à Comunidade Econômica Europeia, que via como um projeto capitalista.

Sob pressão, nos últimos dias, Corbyn alegou que dois terços dos eleitores trabalhistas votaram a favor de ficar na UE, mas o comparecimento às urnas foi baixo, enquanto a direita e a extrema direita se mobilizaram.

A Europa garante vários direitos sociais aos trabalhadores. Apesar das promessas dos defensores da Brexit (Britain exit, saída britânica, em inglês) para seduzir os deserdados da globalização, o inevitável declínio econômico do país vai erodir ainda mais as conquistas da social-democracia europeia.

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