sábado, 4 de junho de 2016

Lenda do boxe Muhammad Ali morre aos 74 anos

Um dos maiores boxeadores de todos os tempos nasceu em Louisville, no Kentucky, nos Estados Unidos. Foi batizado como Cassius Marcelus Clay Jr. Aos 22 anos, surpreendeu o mundo ao vencer Sonny Liston e se tornar campeão mundial dos pesos pesados em 1964. Converteu-se ao Islã, mudou de nome para Muhammad Ali, negou-se a lutar no Vietnã, teve o título cassado e o recuperou em lutas memoráveis.

Aos 18 anos, ele ganhou a medalha de ouro na Olimpíada de Roma. Até hoje, foi o único peso-pesado a ser três vezes campeão, em 1964, 1974 e 1978.

Arrogante, pretensioso e cheio de si, Cassius Clay declarou ao bater Liston pela primeira vez, em 1964: "Sou o maior do mundo." Na revanche contra Liston, prometeu um nocaute em 90 segundos e cumpriu a promessa. Muita gente ainda estava entrando no ginásio quando a luta acabou. Nascia uma lenda do esporte.

Pouco depois, converteu-se ao islamismo mudou de nome para Muhammad Ali. Não aceitava o sobrenome herdado do senhor de escravos que era dono de sua família, como era o padrão nos EUA.

Ao descrever seu estilo, declarou: "Flutuo como uma borboleta e ferro como uma abelha."

Politicamente consciente, Ali lutou contra o racismo e se recusou a lutar no Vietnã: "Nenhum vietcongue me chamou de crioulo para eu atirar nele."

Como desertor, teve o título mundial cassado. Em 1971, a Suprema Corte aceitou seu recurso. Todas as acusações e punições foram anuladas. Era um caso clássico de objeção de consciência.

Ao tentar reconquistar seu título, Ali perdeu por pontos uma luta memorável com Joe Frazier em que chegou a cair na lona e deu vários socos curtos (jabs) na testa do adversário de menor estatura para mantê-lo à distância. Foi sua primeira derrota como profissional. Depois da luta, Frazier passou longo tempo hospitalizado. Mas Ali ficou sem o título.

Ali voltaria a ser o maior do mundo na Luta do Século contra George Foreman realizada em 30 de setembro de 1974 em Kinshasa, a capital do Zaire, na África, e imortalizada no livro A Luta, do escritor americano Norman Mailer.

Ele chegou com todo o seu espírito e sua ironia: "Se você pensa que [o presidente americano Richard] Nixon surpreendeu o mundo ao renunciar, espere até eu esmagar Foreman."

Mais jovem e mais forte, Foreman tinha 25 anos e Ali 32, o campeão submeteu o ex-campeão a um bombardeio desde o início da luta. Com toda sua técnica e talento, Ali se defendeu como pode até dar o bote fatal no fim do oitavo assalto. Naquele momento, Ali já liderava na contagem de todos os jurados.

Em declínio, ele perdeu por pontos para Leon Spinks com os jurados divididos em fevereiro de 1978 em Las Vegas. Na revanche, em Nova Orleans, Ali ganhou por decisão unânime dos jurados, tornando-se o único lutar até hoje a ser três vezes campeão mundial da categoria peso pesado.

Em 27 de julho de 1979, Ali anunciou sua aposentadoria. Ainda travou uma luta patética com Larry Holmes em outubro de 1980, que teria contribuído para o Mal de Parkinson, diagnosticado em 1984. A doença é atribuída às pancadas na cabeça que um boxer recebe, especialmente na categoria peso pesado.

Em 1996, Ali acendeu a pira da Olimpíada de Atlanta, nos EUA.

Aos 74 anos, Muhammad Ali foi internado anteontem num hospital de Phoenix, no Arizona, com problemas pulmonares. A causa da morte não foi revelada.

Um comentário:

antonio.alvarezgomes@gmail.com disse...

Por: Antônio JG Alvarez

LINGUA AFIADA

Mas ele era também famoso por suas atitudes fora do ringue. Após ter se recusado a entrar para o serviço militar, em 1967, Ali perdeu não só sua licença de boxeador como também foi condenado a cinco anos de prisão,. Só foi solto sob fiança. Com sua língua afiada, ele aproveitava as entrevistas – no auge de sua carreira - para protestar contra a Guerra do Vietnã.

São Paulo,06 de junho 2016