sexta-feira, 20 de maio de 2016

Presidente de Taiwan pede à China que deixe "bagagem histórica"

Ao tomar posse hoje, a nova presidente da República da China em Taiwan, a ex-professora de direito e ex-negociadora comercial Tsai Ing-wen, pediu ao regime comunista chinês que "deixe de lado a bagagem histórica" para se concentrar no progresso das relações bilaterais.

Tsai, eleita em janeiro com pequena vantagem sobre o Kuomintang (KMG) não referendou o Consenso de 1992 afirmando que só existe uma China, como querem os autocratas da China continental.

Em Beijim, a repartição do governo chinês encarregada das relações com a ilha que o regime comunista considera uma província rebelde criticou a nova presidente taiwanesa por "não fazer nenhuma sugestão concreta para garantir o desenvolvimento estável dos laços através do estreito" de Taiwan.

O Partido Progressista Democrático (PPD) é favorável à independência de Taiwan. Não proclama isso publicamente para evitar uma intervenção militar de Beijim. Quando venceu sua primeira eleição presidencial, no ano 2000, a China ameaçou bombardear a ilha e os EUA enviaram navios de guerra ao Estreito de Taiwan. Com o desenvolvimento do poderio militar chinês, hoje isso seria inviável.

Em janeiro deste ano, o PPD elegeu 58 deputados, conquistando pela primeira vez a maioria no Parlamento, historicamente dominado pelo KMT, o partido de Chiang Kai-shek, que fugiu para a ilha com a vitória da revolução comunista liderada por Mao Tsé-tung em 1º de outubro de 1949.

O presidente anterior, Ma Ying-jeou, baseou as relações com a China na "política dos três nãos: não à independência, não há unificação e não à guerra".

Quando introduziu o conceito de "um país com dois sistemas" (capitalista e comunista) para negociar a devolução de Hong Kong pelo Reino Unido, em 1984, o então dirigente máximo chinês, Deng Xiaoping, pensou também em aplicar a fórmula à reintegração de Taiwan.

A vitoria de Tsai tem um significado especial. É a primeira de uma mulher na Ásia sem relações com um homem que tenha exercido o poder.

Ela pretende manter a atual situação nas relações com o continente. Deve concentrar sua energia no fortalecimento das relações com países democráticos como os Estados Unidos, o Japão, a Austrália e a Índia, capazes de contrabalançar o crescente poderio chinês.

Com seu extraordinário desenvolvimento econômico nas últimas décadas, cada vez mais traduzido em poderio militar, a China desafia cada vez mais a liderança dos EUA na Ásia, onde Beijim disputa águas territoriais com Brunei, Filipinas, Japão, Malásia, Taiwan e o Vietnã.

Nos últimos dias, aviões de caça chineses interceptaram um avião-espião dos EUA que sobrevoava recifes que a China está transformando em ilhas para fortalecer suas ambições territoriais. É um recado claro que os EUA não se envolverem nas disputas com os países vizinhos.

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