segunda-feira, 2 de maio de 2016

Deserções em massa ameaçam Estado Islâmico na Síria

Com relatos de luta interna pelo poder e derrotas no campo de batalha, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante está adotando medidas extremas para conter as deserções, extremas mesmo para o EI.

Centenas de milicianos foram executados, inclusive com métodos brutais como ser queimado vivo ou congelado até a morte, denunciam Mara Revkin & Ahmad Mhidi, pesquisadores da revista Foreign Affairs, em artigo publicado ontem.

O ensaio se baseia em entrevistas feitas com sírios que abandonaram a organização terrorista decepcionados com o fracasso do sonho de criar um Califado onde o islamismo seria aplicado de maneira rigorosa. Eles viram o Estado Islâmico executar amigos e amigos de infância morrerem no campo de batalha.

Alguns aderiram a outros grupos porque seu objetivo maior era lutar contra a ditadura de Bachar Assad.

Os autores investigam os motivos dos jovens para aderir ao Estado Islâmico:
1.     Verdadeiros fiéis que acreditam num califado ideologicamente puro
2.     Criminosos procurados e inimigos capturados não têm alternativa.
3.     Razões econômicas: com a guerra civil, o desemprego na Síria é o maior no mundo árabe. Os combatentes do EI ganham a partir de US$ 400/mês
4.     O grande inimigo é o regime de Assad e o EI a maior esperança de derrotá-lo.
5.     Oportunistas interessados em maximizar riqueza e poder.

Também levantam as razões para abandonar o Estado Islâmico:
1.     Sensação de que o Estado Islâmico está perdendo e fica mais fraco a cada dia.
2.     O EI é tão despótico quanto o regime de Assad e outras ditaduras do Oriente Médio: tortura, censura, execuções sumárias e total controle da sociedade civil.
3.     Para impor a verdadeira justiça, o EI prometia combater o favoritismo e a corrupção. Na prática, quem tem ligação com a cúpula recebe tratamento preferencial e não sofre punição por atos considerados de má conduta como fumar ou usar drogas ilegais. Os voluntários estrangeiros ganham mais e têm privilégios em relação a sírios e iraquianos, que cumprem as tarefas mais difíceis e arriscadas na linha de frente.
4.     Sírios estão desertando para não serem enviados para campos de batalha no Iraque e na Líbia, já que entraram na guerra civil para derrubar Bachar Assad.
5.     Alguns voluntários sírios se negaram a atacar o Exército da Síria Livre alegando que o inimigo é o regime sírio.

Em resposta à deserção dos combatentes, o Estado Islâmico estaria recrutando cada vez mais crianças e menores como soldados, os “filhotes do Califado”. Um desertor que fugiu de Deir el-Zur declarou que 60% de sua unidade eram menores de 18 anos.

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